TRILHA DA LUA

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Eu estava deitada na cama pensando em como minha vida chegou naquele nível, minha mente não parava se quer um minuto e aquilo já estava me agoniando, me levantei e fui tomar um banho quente quando Miguel me ligou

- Alô -- atendi esticando a mãos e trazendo o celular para dentro do box
- Oi Lola, será que a Ariela pode viajar comigo esse final de semana? -- ele pediu
- Pode Miguel -- respirei fundo
- Pode mesmo? Eu não senti muita firmeza nesse pode -- ele riu do outro lado da linha
- Pode mesmo é só que eu cheguei de viajem e parece que todo mundo quer um pedaço dela -- bufei -- Hoje mesmo a Lívia vai pegar ela na escola e vai levar a minha filha pra passear -- reclamei
- Poxa Lola eu sinto muito -- falou -- Eu tenho que desligar, tá tudo bem por aí? -- perguntou
- Sim, está tudo bem -- respondi já desligando

Deixei aquela água morna cair sobre meu corpo e lavei meu cabelo, embora minha vó viva falando que cabelos lavados com água gelada ou natural fiquem mais bonitos eu sempre fazia o contrário, me sequei e vesti uma calcinha e apenas uma blusa, verifiquei a hora de resolvi ir na casa da minha vó, coloquei um short e calcei meu chinelo pegando a minha carteira e meu celular, desci as escadas do prédio e peguei um ônibus que estava parado no ponto, claro que eu tive que correr até lá mas dessa vez o motorista esperou e não me fez passar a famosa vergonha, meia hora depois eu estava no pé do morro encarando o mesmo ofegante

- Fala aí Lola -- Vinícius gritou e buzinou da moto
- Oi -- sorri e acenei
- Vai subir? -- perguntou e eu assenti -- Vem, eu te levo -- sorriu me chamando com a cabeça e colocando o capacete
- Olha se não é a Maria Fujona -- Letícia gritou assim que me viu
- Me economiza querida -- falei indo em direção a moto que me esperava
- Vai fugir mais uma vez -- ela disse alto chamando atenção e eu respirei fundo
- Será que você não tem mais o que fazer não? Tô fugindo não amor, eu tenho uma filha e preciso cuidar dela e não sou mulher de ficar me rebaixando pra puta na rua -- devolvi no mesmo tom e algumas pessoas já olhavam -- Você deveria fazer o mesmo querida teu filho está ali com meleca no nariz e sem educação -- completei e antes que ela pudesse responder
- Dá moral não-- Vinícius riu e balançou a cabeça negativamente assim que eu subi na moto
- Essas piranhas me irritam -- falei antes dele arrancar com aquela moto -- Vai com calma Vinícius -- eu gritei contra o vento e me prendendo nele o máximo possível
- Fica tranquila gatinha -- ele gritou rindo e eu revirei os olhos mesmo sabendo que ele não poderia ver

Vinicius me deixou em frente ao bar e eu lhe entreguei o capacete agradecendo e mandando colocar na conta do meu pai, verifiquei o bar e atravessei indo em direção a casa da minha vó, já na porta eu sentia cheiro de sopa de ervilha