Enfim chegou a terça feira e antes de ir ao médico eu me despedi da minha filha que iria viajar com o pai por uma semana, arrumei as coisas dela e eu e Fabrício a deixamos no prédio do Miguel, chorei horrores vendo ela ir embora porque as lembranças dele tirando ela de mim me invadiram de uma forma desesperadora, eu sei que não era o caso mas eu morria de medo de alguém tirar ela de mim como já fizeram.
- Você está pronta? -- perguntou enquanto esperávamos nossa vez sentados na sala de espera de uma clínica particular - Me promete uma coisa? -- perguntei e o encarei - Pode falar -- ele apertou minha mão e sorriu - Assim que a gente conseguir gerar nosso filho você sai dessa vida -- o encarei com esperanças nos olhos e com o coração apertado -- Eu te amo tanto e eu nunca vou dormir em paz sabendo a vida que você leva, eu não quero criar os meus filhos no meio disso -- justifiquei - Seu pai te criou no meio disso e nem por isso você se tornou uma má pessoa -- disse - Isso é um não? -- perguntei meio triste - Você sabe que na vida que eu levo você tem que ter fé porra -- falou - Fabrício pelo amor de Deus, é a sua família você precisa entender que nós precisamos de você em casa e não em invasões e tiroteios -- disse perplexa - Lola você sabe que não é bem assim que se sai dessa vida -- ele disse - Você entrou e pode sair quando bem entender, o gerente geral é meu pai e eu sou a melhor amiga do dono -- eu quase suplicava -- O que falta pra você sair dessa? -- perguntei - A gente pode conversar sobre isso depois? -- perguntou e eu assenti - Pensa com carinha na gente -- eu sorri e coloquei a sobre minha barriga
Depois da consulta e de fazer alguns exames fomos pro morro e ele me deixou na loja e foi trabalhar, o tratamento iria começar hoje mesmo com algumas injeções que seriam aplicadas pela noite e toda manhã eu teria que recolher sangue
- Bom tarde amiga -- Mari falou - Boa tarde -- falei colocando minha bolsa no balcão - Como foi lá? -- peguntou e eu expliquei -- E quanto ficou isso? -- perguntou - 10 mil -- torci a boca - E como vocês vão fazer isso? -- perguntou assustada pelo valor - Fabrício fez questão de fazer -- respirei fundo -- Mas eu não vou deixar ele pagar sozinho, eu vou me matar de trabalhar e fazer essa loja dar certo mas eu vou ajudar -- disse - Deixa ele pagar Lola, ele pode e você sabe disso -- disse - Ele poderia investir os outros 5 mil em uma casa -- disse pensando alto - Como assim em uma casa? -- peguntou sem entender - Nada, deixa isso pra lá -- encarei ela meio perdida -- Vai trabalhar -- dei brinda vendo clientes entrar e ela saiu rindo
Fiquei mexendo no celular e postei uma foto da minha filha que havia tirado mais cedo
"Foi embora hoje é a mamãe há tá morrendo de saudades #babomesmo ❤"
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