31. Anúncios e Paixonites

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O dia amanheceu hoje, com um clima quente e com o céu praticamente sem nuvens, diferente do fim de semana, onde o tempo alternou entre períodos de chuva e sol. Apesar das sucessivas mudanças de clima, eu e James fomos para um passeio em Cambridgeshire e aproveitamos bastante, já que todos os lugares que fomos eram de ambientes fechados. Na volta pra casa passamos por um parque aquático, mas não tínhamos mais tempo pra aproveitar, pois lembramos que no dia seguinte (no caso hoje), temos aula.

Entrei na escola e me deparei com a Mary segurando um papel e falando com alguém no celular. Fiquei intrigada por ela estar saindo do colégio, já que a primeira aula iria começar. Percebendo a minha presença, James veio ao meu encontro e me explicou o que acabara de me intrigar.

— Amor, você deu de cara com a Mary?

— Sim James. Ela teve que sair mais cedo?

— Sim e essa é provavelmente a última vez que ela pisa aqui nos próximos dias, pois a senhora Jenkins suspendeu ela por tentar interferir no resultado da eleição de sexta-feira. A Joana acabou conseguindo comprovar que ela realmente armou um plano de boicote e ainda tentou conversar e entender o que se passou na cabeça dela pra ter uma atitude tão infantil, mas a Mary disse que não tinha que dar satisfação de nada pra Joana, aí já viu né amor?! A senhora Jenkins entregou o papel da suspensão pra Mary e pediu que ela ligasse pra mãe e explicasse a situação.

— A Mary perdeu a chance de ficar na dela, pois sinceramente tentar boicotar algo tão simples como escolher um tema de baile é dar literalmente um tiro no pé e um modo de tentar se aparecer. — falei tentando entender o porque dela ter tentado uma coisa daquelas.

— Espero que ela aprenda a lição dessa vez e pra piorar ainda mais amor, a situação dela no time de líderes de torcida se complicou também. A Alicia chegou pra Mary e falou que ela nem parece a líder principal do time, principalmente depois de tentar ser traiçoeira e estar sendo tão rude com a Emily e que por isso, o time pode antecipar a escolha da nova líder do time e retirar ela do grupo.

— Infelizmente ela não pensa antes de agir e agora ela vai arcar com as consequências. — falei indo pro meu armário.

— Mudando de assunto, olha só quem estão agarradinhos ali no canto Chloe. — disse James me fazendo notar a Tay e o Derek encostado em um dos armários do fim do corredor.

Enquanto víamos os dois se acariciando, Ally surgiu em nossa frente quase explodindo de alegria.

— Já estão sabendo das novidades? — disse ela quase deixando o livro que carregava, cair no chão.

— Sim, estamos olhando pra ela. — falei sorrindo e sem esconder a minha felicidade por ver os dois juntos.

— Ontem o Derek fez uma declaração pra Taylor na varanda da casa dela. A Tay diz que ficou tão mexida que resolveu retribuir com um beijo. Logo depois ele foi numa loja perto da casa dela e voltou segurando um buque de flores na mão, pra então pedi-la em namoro. Ela não pestanejou e aceitou o pedido.

— Foi mais rápido do que imaginávamos. — disse James fechando o armário dele.

— Eu tô tão feliz de ver os dois assim e olha que não foi fácil aproximar esse dois. A Tay foi a única que botou dificuldades pra esse relacionamento acontecer, agora vejo que valeu a pena ficarmos buzinando no ouvido dela. — disse Ally nos fazendo assentir com o que ela disse.

***

— É impressão minha ou todo mundo está infectado com paixonite aguda. — disse Ashley nos fazendo olhar em volta e perceber quantos casaizinhos estão começando a se formar.

— Pra mim isso é o efeito Mary. Vocês repararam no quanto as coisas estão mais leves sem a presença dela aqui? — indagou Ally sem perceber que eu e James havíamos começado a nos beijar.

— Alô? Terra chamando Chloe e James Carter.

— Ah desculpe Ally, você disse alguma coisa? — perguntei me afastando dos lábios do James pra dar atenção a ela.

— Disse, mas pode voltar pro que você estava fazendo. É Ashley você está certa, estamos cercados por essa tal de paixonite aguda.

— Falando em paixonite, cadê o Jason hein?

— Ashley ele está doente. Liguei pra ele antes de vir pra escola e só de ouvir a voz dele, eu já percebi que ele estava gripado. E o Scott?

— Ele está envolvido com essas coisas do baile e a gente costuma se encontrar com mais calma, depois da aula.

— Ah meu deus, vamos ficar segurando vela hoje. — disse Ally revirando os olhos.

Nesse momento o sinal tocou, dando fim ao nosso intervalo.

— Nunca pensei que fosse dizer isso, mas graças a Deus que vamos pra aula. — disse Ally de forma dramática.

Eu percebi que a grande maioria dos "casais" a nossa volta, acabou se separando, pois alguns eram formados por pessoas de salas diferentes.

Entramos na sala e a professora Jones começou a aula dizendo que hoje ela seria uma aula interativa, onde os alunos iriam recitar partes de textos do período do romantismo no mundo. Ela disse que não iria sortear os alunos e sim começar a partir do primeiro nome do livro de chamadas, o que pra infelicidade da Ally, era ela.

— Ally Johnson, você será a nossa primeira recitadora de hoje. Vamos começar por Machado de Assis, que é considerado como um dos maiores nomes da literatura do Brasil. Ally você vai ler Livros e Flores pra turma. — disse a senhora Jones passando uma cópia do texto pra ela.

Ally não me parecia muito feliz, mas respirou fundo e começou a recitar.

— Teus olhos são meus livros. Que livro há aí melhor, em que melhor se leia a página do amor? Flores me são teus lábios. Onde há mais bela flor, em que melhor se beba o bálsamo do amor?

— Muito bem Ally pode se sentar, vou ver quem é a próxima. Ashley Parker, você é a nossa segunda felizarda de hoje. Leia a cópia que a sua colega Ally vai dar pra você.

— Vamos lá então. Não sublimei o seu amor, apenas renuciei. Pois você disse uma vez: foi muito bom o que aconteceu; sendo assim houve descaso, você conformou, não lutou e foi-se consolando. Aprendi também a me consolar.

Ashley se sentou e percebi o quanto a Ally estava desconfortável com o ambiente romântico que se instalou na escola hoje e por ele estar presente também na nossa sala de aula.

***

Caminhei junto com o James pelo corredor e percebi o quanto a escola estava com o ambiente mais leve, depois de tanto estresse na sexta-feira, por causa da escolha do tema do baile da escola.

— Ainda bem que está todo mundo paz e amor hoje James. Até a senhora Jones me pareceu mais descontraída que o de costume.

— Seria bom se sempre fosse assim amor. Vamos ver quanto tempo isso vai durar. — disse James ponderando.

Chegamos ao fim do corredor e nos despedimos da Ally e da Ashley. Acabamos passando pela Tay e o Derek, mas resolvemos não incomodar os dois e deixar eles se beijarem em paz.

James e eu fomos em direção a saída da escola, saímos e seguimos caminhando pelo lado esquerdo da rua, conversando e de mãos dadas. No meio do caminho para minha casa, acabamos passando por uma garota de cabeça baixa, que acabou me fitando com os olhos, assim que passei na frente dela. Era a Mary e pelo semblante dela, parecia que estava decepcionada com alguma coisa. Decidi não continuar a observando e tentei disfarçar pra que o James não a visse ou comentasse nada sobre ela. Quanto menos problemas com a Mary, melhor.

James me deixou em frente de casa, me deu um beijo e seguiu o caminho de volta pra residência dele. Observei ele ir embora, entrei em casa e vi os meus pais abraçadinhos, assistindo Titanic. Antes de subir e deixá-los a sós, flagrei um beijo dos dois e sorri ao lembrar do que as meninas haviam dito mais cedo, sobre a escola estar infectada pela paixonite aguda, pois até aqui em casa ela se fez presente hoje.

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O Amor & Seus Obstáculos (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora