33. Vivendo Um Sonho e Perdas do Passado

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Hoje acordei de madrugada de tanta ansiedade, por saber que em poucas horas eu estaria em Londres, a cidade que eu mais desejo conhecer no país. Na minha infância, eu vivia fantasiando sobre como seria a minha primeira ida até lá e cá estou eu, aguardando o James chegar aqui em casa e me buscar pra pegarmos o nosso voo.

James chegou perto das seis da manhã e não estava com uma cara lá muito boa, mas a explicação dele me deixou um pouco mais aliviada.

— Amor hoje nem consegui dormir direito de tanta ansiedade por essa viagem, isso explica o porquê da minha cara estar assim. — disse ele pegando a minha mala e levando em direção ao carro do pai dele.

— Oi Chloe, e aí está animada com o seu fim de semana em Londres com o James? — perguntou senhor Carter, abrindo a porta do carro pra mim, enquanto o James abria o porta-malas e colocava minha mala dentro.

— Estou sim senhor Carter, principalmente por nunca ter estado lá e por sonhar conhecer Londres desde pequena.

— Tá certo, então é melhor irmos, pois um voo nos aguarda.

***

Chegamos no aeroporto as seis e quarenta e o pequeno avião da empresa de viagens, já nos aguardava na pista.

— Boa viagem filho e aproveite muito Chloe. — disse senhor Carter se despedindo de nós dois e voltando ao carro.

E assim, entramos no avião e seguimos em direção a Londres, onde pousamos as onze horas da manhã. Saímos do aeroporto Heatrow, pegamos um táxi nas proximidades e seguimos pro hotel onde que ficaríamos. Chegando no hotel, guardamos nossas coisas e resolvemos almoçar num local próximo e depois pegar o ônibus turístico, que sairia as doze e meia numa rua próxima de onde estávamos.

Após o termino do almoço, caminhamos em direção ao local onde o ônibus já nos esperava. Durante o passeio vimos vários pontos turísticos da cidade, como a London Eye, o Big Ben, a Tower Bridge e entre outros pontos. Resolvemos ficar próximos a Tower Bridge e apreciar o rio Tâmisa e a paisagem que nos cercava.

— James eu ainda não estou acreditando que estamos aqui. Está sendo legal conhecer a cidade, que mesmo que não dê pra conhecermos tudo, fico feliz só de ter visto o Big Ben de perto com você. — falei olhando em volta.

— Amor pode ter certeza que ainda vamos poder conhecer o restante da cidade e os arredores, assim que tivermos nas férias, pois o meu pai vai passar alguns dias aqui na cidade, na antiga casa dos pais dele e como eu virei com ele, vou aproveitar e te trazer também.

— James eu vou adorar passar um pouco das férias aqui, mas eu não sabia que você tinha parentes na cidade. — falei voltando a minha atenção a ele.

— É eu tive Chloe. A gente pode se sentar ali naquele banco, pois tem algo que quero te contar sobre a minha história aqui. — disse ele passando o braço em volta de mim e me acompanhando ao banco de rua vazio.

— James, a história é triste, pois se for, eu não quero te forçar a contar nada que...

— Só o fim é triste e não vejo nada demais em te contar amor. Tudo começou há uns 12 anos atrás, quando meu pai me trouxe aqui pela primeira vez. Eu lembro como se fosse hoje, ele me levando por essas ruas e me explicando que estávamos vindo ver os meus avós. Meu pai disse que eles estavam sentindo muito a minha falta e mandaram que ele me trouxesse pra revê-los. Assim que chegamos na casa dos pais dele, fomos recebidos pelo vovô, que vinha andando amparado por uma muleta e pela vovó, que estava numa cadeira de rodas. Por curiosidade, eu perguntei ao meu pai o porquê deles precisarem daquelas coisas para andar e ele me disse que o vovô e a vovó não conseguiam mais andar sem a ajuda de alguma coisa ou de alguém.

Enquanto o James falava, percebi o quanto ele estava ficando emocionado com a lembrança de infância e resolvi recostar a cabeça dele no meu ombro, enquanto ele terminava de contar o restante da história.

— Depois de passarmos alguns dias por lá, chegou o dia em que tínhamos que ir embora, mas um imprevisto aconteceu. A vovó acabou passando mal e tivemos que levar ela num hospital. O médico que a atendeu disse que ela estava com um princípio de AVC e que ele nos traria notícias em alguns minutos. Quando o doutor retornou, ele disse que o AVC da minha vó acabou a deixando muito fraca e provavelmente ela ficaria por algum tempo internada. Ao ouvir aquela notícia, o meu pai foi falar com ele a sós e quando voltou, percebi o quanto ele estava triste por aquilo tudo. Ele acabou me dizendo que tudo ia ficar bem e que a vovó voltaria pra casa em poucos dias, mas isso não aconteceu. Algumas horas se passaram e o meu pai resolveu dar um telefonema pro vovô, explicando a situação e o estado da vovó e quando retornou da ligação, o médico, que o aguardava em pé ao meu lado, o levou pro canto e disse que a vovó havia perdido os sentidos e que estava em estado crítico.

— James que história triste. O que houve depois disso?

— Meu pai e eu dormimos num hotel próximo e voltamos cedinho pro hospital. Fomos pro corredor, próximo onde a vovó estava e nos deparamos com o vovô de cabeça de baixa e com as mãos no rosto. Eu não precisei perguntar ao meu pai o que estava havendo com ele, pois eu sabia que o vovô estava chorando e triste pela situação da vovó. Chegamos perto dele e ele me deu um abraço bem apertado, tentando segurar as lágrimas. O vovô me soltou, ergueu os olhos e disse pra mim e pro meu pai que a vovó não estava mais entre nós e que o doutor deu a notícia a ele, há uns 10 minutos atrás. Ouvir aquilo foi um baque pro meu pai, pois ele havia acabado de perder a mãe dele. Chloe eu nunca vi o papai chorar tanto quanto naquele dia. Eu não fiquei indiferente a situação e comecei a chorar ao perceber que não veria mais a vovó e por ver o quanto o meu pai estava triste. Não foi fácil nos despedirmos da vovó no dia seguinte. Até a minha mãe, que estava em outro ponto do pais, pegou um voo e veio dar apoio a mim, ao vovô e ao meu pai, naquele momento difícil. — disse James com a voz embargada e olhando em direção ao horizonte.

— Nossa James, eu sinto muito pela sua avó. Eu sei bem como é perder um ente querido, pois há uns 5 anos atrás, eu perdi o meu único avô, em um acidente de carro. A minha mãe ficou arrasada e eu também, pois eu convivi muito com ele e demorei um bom tempo pra aceitar que o vovô havia partido.

— Sinto muito por ele amor. Sabe Chloe, eu nunca havia contado a história da perda da minha avó pra ninguém de fora da minha família. Pra você ver, que eu me sinto tão bem ao seu lado, que fico muito á vontade pra dividir tudo que já se passou comigo, desde de histórias tristes a momentos felizes da minha vida.

— Amor, pode contar sempre comigo. — falei dando um selinho e um abraço apertado nele, sem deixar de me sentir comovida com as lembranças dele e por lembrar da perda do meu avô.

***

No dia seguinte, continuamos nosso passeio por Londres e ao final dele, decidimos dar uma volta na London Eye e observar a cidade de outros ângulos.

Foi muito divertido ver a cidade sob um novo ponto de vista, mas começamos a ficar tristes pelo nosso fim de semana estar chegando ao fim. Descemos da London Eye e seguimos pro hotel, onde pegamos nossas coisas, chamamos um táxi e seguimos de volta ao aeroporto, onde iriamos pegar o voo de volta a Cambridge.

Saímos de Londres as seis da tarde e chegamos em Cambridge, ás dez e quarenta da noite. Agradecemos ao pessoal da agencia de viagens e ao piloto que nos levara e seguimos para a saída do aeroporto, pra pegar uma carona com o meu pai, que estava nos aguardando há alguns minutos.

Durante o trajeto de volta pra casa, eu e James contamos sobre a viagem pro Peter nos mínimos detalhes e não deixamos de demonstrar o quanto estávamos satisfeitos de ter estado em Londres e no quanto foi difícil e emotivo lembrar dos nossos entes queridos que se foram, e que assim como a nossa viagem, nos deixaram com muita saudade.

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O Amor & Seus Obstáculos (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora