prologue

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Perdoa a falta de sentido desse prólogo e não desiste de mim! Boa leitura.
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Pai! - A garota gritava, em meio a soluços. - Eu não fiz nada! Por quê me odeia tanto? - Ver as lágrimas caindo de seus olhos me era devastador.

– Eu não te criei para ser vagabunda! - O homem dos cabelos grisalhos meteu-lhe um tapa estalado no rosto. Suas mãos imediatamente acobertaram o local. Mas o senhor a sua frente logo a puxou por seus punhos e a impulsionou para o chão, dando-lhe outro tapa e proferindo mais palavras horrendas. Ver aquilo e não poder fazer nada era tortura, então apenas sai de perto.

Nunca a tinha visto antes. Estava caminhando de volta para casa, um cigarro na mão e os pensamentos em outro mundo, quando escutei seus gritos. A janela de vidro estava escancarada e não pude evitar parar para ver o que acontecia.
Era uma menina aparentemente normal, embora fosse tão pequena. Magra, dos braços finos, cabelos compridos e escuros. Não pude ver seu rosto.

Continuei caminhando para longe, desistindo da ideia de ir para casa. Sem perceber, acabei me encontrando na praia, o lugar que eu mais frequentava. Gostava de ir ali para pensar, era calmo e nada me atrapalhava. Me sentei na areia e fiquei a observar as ondas do mar, enquanto puxava outro cigarro do maço em meu bolso e o acendia. Meus pensamentos sumiram e me concentrei apenas na fumaça que saia de minha boca. Era meu ambiente preferido no mundo todo.

[...]

– Ah meu Deus! - Uma voz feminina. - Desculpa, não sabia que mais gente frequentava esse lado da praia. - Me virei para observar a dona da voz rouca e fanha, como se estivesse chorando. Era ela. A garota que antes apanhava. Ela estava parada e me encarava, esperando minha reação.

Não disse nada. Apenas sorri. Ela me olhou confusa e então sorriu novamente.

– Me desculpe. - Disse enquanto se aproximava. - Eu não queria lhe interromper, mas realmente não tenho para onde ir. - Ela olhou para baixo, envergonhada, e então me olhou novamente.

O mesmo sorriso continuava em meus lábios, mas nenhuma palavra foi dita. Movi minha cabeça para o lado como num convite, e ela não hesitou antes de se sentar ao meu lado. 

O clima era leve, a brisa soava levemente. A garota parecia incomodada com a fumaça, mas não disse nada.

– O que te trouxe aqui? - Ela quebrou o silencio que eu tanto apreciava. Não a respondi com palavras. Não acreditava que elas eram necessárias naquele momento. A olhei de relance e movi meu olhar para o mar, indicando o motivo de estar aqui. Traguei novamente meu cigarro.

– Este lugar é tão calmo, huh? - Pude ver seus olhos me encarando, mas não desviei minha visão do mar. - Gosto de vir aqui quando sinto que meu mundo está pra desabar. As vezes parece que tudo é demais pra mim. É como meu refúgio, entende?  - Ela continua me olhando, esperando.

Viro minha cabeça para a dela e finalmente, eu a vejo. Consigo enxergar no fundo de seus olhos tudo aquilo que está engasgado em sua garganta. Seus olhos entregam tudo. E que olhos. São de um tom acinzentado, com alguns traços de preto. São hipnotizantes. Observo seus traços: Sua boca levemente rosada, bem desenhada e carnuda. Seu nariz pequeno e empinado, em contraste de seus olhos grandes, cobertos de longos cílios e envoltos de leves olheiras. Na maçã de seu rosto estão distribuídas pequenas sardas, como uma constelação só dela. Ela era linda. Tão linda que sentia que precisava toca-la.

Minha mão repousa levemente sobre seu maxilar, e meus olhos não são capazes de desviar dos seus. Ela leva sua pequena e frágil mão até a minha, levemente a apertando e deixando o peso de sua cabeça cair sobre meus dedos. Sua boca está entre-aberta e seus olhos se fecham lentamente. Consigo sentir sua respiração enquanto observo cada centímetro de sua estrutura. Seus ossos magros e marcados, sua cintura tão fina que poderia envolve-la com as mãos. Não era "gostosa". Ela era pequena e delicada.

Retirei minha mão de seu rosto e retornei a meu cigarro, observando o exato ponto em que o céu e o mar se encontram. Pude ouvir sua confusão, quando abria os olhos e suspirava brevemente. A garota então esperou pacientemente por palavras que jamais seriam ditas. Ela se levantou e deu-me as costas, me deixando mais uma vez sozinho.

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Me deixem saber o que vocês acharam, se gostaram comentem bastante, se não gostaram me digam como melhorar e pá

Se você leu até aqui, muito obrigada! Você já ta no meu core sz
- Luiza

do better + jack johnsonOnde histórias criam vida. Descubra agora