Thea Maloley
Meu pai nunca foi um homem difícil. Nossa família era muito unida, estávamos sempre juntos. Até que um dia, minha mãe estava fora da cidade a trabalho, meu pai apareceu com uma moça em casa. Ela era jovem, deveria ter a idade que Nate tem hoje, e muito bonita, vestida em roupas vulgares. Papai não sabia que eu estava em casa, achava que tinha ido junto a Nathan para uma festa, mas eu estava lá. Eu o ouvi chegar e o vi adentrar o quarto com a moça.
Fui dormir quieta naquele dia, deixando meu pai acreditar que não havia ninguém em casa para ouvir os barulhos que tanto fizeram. Não conseguia mais o olhar nos olhos, e quando minha mãe voltou para casa soube que não conseguiria sustentar uma mentira desse tamanho.
Contei para minha mãe dois dias depois de seu retorno, enquanto meu pai saia para "jogar bola com os amigos do trabalho." Sentei com ela e a abracei enquanto a mesma chorava em meu colo. Nunca a vi mais frágil, e isso me destruiu completa e totalmente. Como pode um homem, após 15 anos de casamento, trair e mentir para uma mulher que supostamente ama com tanta facilidade?
Minha mãe disse que precisava de tempo, e me pediu licença ao sair de casa, me dando um beijo na testa e um forte abraço, dizendo que me amava mais que tudo e que jamais poderia me esquecer disso. Me disse também que amava Nate tanto quanto a mim, e me pediu que o pedisse desculpas por ela. Eu disse que ela não tinha que se desculpar, que meu pai fora quem estragou tudo, e que nós também a amávamos. Pedi para que aguentasse firme. Ela assentiu e saiu pela porta. Depois disso nunca mais voltou.
Depois de dois dias me sentia um lixo, joguei tudo em cima de Nate e ele me confortou. Mais dois dias e contei a meu pai. Ele não me entendeu.
Ali nascia o ódio entre nós. Não contei a Nate sobre as palavras horríveis que me disse naquele dia, não queria que ficasse preocupado. Ele já tinha seus 18 anos e estava dando início a sua carreira musical. Mudou-se para um apartamento maior, que dividia com 5 ou 6 amigos. O ano seguinte foi tortura.
Cada dia meu pai aparecia com uma mulher diferente. Aquilo mexia comigo, era demais para aguentar. Um dia sai de casa, decidida a nunca mais voltar. Me meti com um garoto mais velho que conheci numa festa e fiquei em sua casa por algumas semanas. Entreguei a ele minha história, minha confiança, minha virgindade. Fazia tudo que me pedia, acreditava estar apaixonada. Foram semanas intensas que passei ao seu lado, rompidas por uma filmagem que destruiu minha vida. Um vídeo de sexo, gravado e compartilhado por ele.
Fugi de sua casa imediatamente, em prantos, arrependida de tudo e na intenção de nunca mais voltar. Não tinha para onde ir, não podia contar isso a meu irmão. Voltei para casa.
Meu pai viu o vídeo antes que este fosse apagado.
Desde então minha vida se transformou num completo inferno. Meu pai era um homem mudado, sempre afundado em raiva e álcool. Perdi a conta de quantas vezes apanhei, tanto fisica quando psicologicamente. Depois de dois meses, não aguentava mais. Contei tudo a Nate, que já havia visto o vídeo. Ele me apoiou, me protegeu, esteve lá para mim. Mas não era justo com ele. Meu irmão jogaria fora sua vida para defender a minha, e eu não podia deixar que fizesse isso, não quando sua carreira e seu futuro tinham tanto a lhe oferecer.
Eu comecei a mentir, dizer a ele que as coisas estavam melhorando e que nosso pai estava mais lúcido e mais bondoso comigo. Me aceitando novamente. Dia após dia, mentira após mentira, até que acreditasse o suficiente para que voltasse com seus planos. Não era culpa dele. Mas tudo só piorava, cada vez mais.
Um ano havia se passado desde que minha mãe nos abandonou. Dez meses desde o vídeo. Dez meses de tapas, socos, insultos e humilhações diárias. Dez meses de medo. Dez meses em que fugia pelas janelas para ter momentos de paz sozinha na praia. Dez meses em que meu pai saia de casa e retornava de madrugada, com um desejo incurável de me ferir. Dez meses em que eu me isolei, me escondi. Não comia, não saia, afastei todos os meus amigos. A única coisa que ainda me mantinha de pé era meu irmão, meu porto seguro.
Não contei tudo a Jack. Não queria que soubesse do vídeo, não queria que pensasse mal de mim como meu pai pensa. Então pulei essa parte e lhe disse que "tenho problemas com meu pai". Contei a ele sobre o mal que me fazia, e ele leu tudo pacientemente e me consolou. Disse que estaria ali se eu precisasse.
Nossa conversa foi longa, e J conseguiu tirar minha mente de tudo isso por um tempo. Me fez rir, me contou sobre sua música. Me distraiu. Mas não foi o suficiente.

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do better + jack johnson
Fanfiction[Onde J se apaixona pela inocência de T.] "Quando você vê tanto amor, quando já não me cabe no peito, não importa se estamos em outra galáxia. Você sempre está aqui." Iniciada em 24/02/17