twenty-six

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Pisco meus olhos algumas vezes, após um longo período já acordada tentando criar coragem para abri-los. A claridade vinda da janela só acentua ainda mais a dor de cabeça infernal que toma conta de mim. Levo minhas mãos aos meu rosto, pressionando-as contra a minha cabeça numa tentativa falha de fazer a dor sumir.

As paredes cinzentas e o quarto bagunçado indicam que estou no quarto de Samuel. Olho para meu lado, encontrando na cama nada além de lençóis pretos, que cobrem meu corpo semi-nu. Olho por debaixo das cobertas, encontrando meu corpo pálido e magro coberto apenas por uma calcinha branca rendada. Teria eu feito sexo com Sammy?

Balanço a cabeça e me sento na cama, tentando me lembrar do que aconteceu ontem. Não, não seria possível. Eu me lembro de ter estado com Sam, mas nada nunca passara de amizade. Correto? Sei que bebi bastante, mas não consigo me lembrar de muito mais que isso.

Uma camiseta preta, com alguma frase e alguns desenhos, larga e de um tecido muito confortável, se encontra ao meu lado na cama. Logo a pego e visto. Cheira ao perfume de Samuel, maravilhoso como todo perfume masculino. Coloco meus pés no chão e com muito esforço me levanto da cama. Nem me preocupo em olhar para o meu reflexo no espelho. Sei que estou péssima, e ter uma confirmação disso não fará em nada o meu dia melhor. Ao invés disso apenas abro a porta do quarto e, com os pés descalços mesmo, saio de lá, mancando devido ao que me parece um ferimento.

O corredor está nojento. Copos por todo o lado, comida, algumas até mastigadas, vômito, bebidas, garrafas quebradas ou apenas jogadas. Está um belo dum caos. Minha expressão é de nojo, talvez um pouco de medo de ser a escolhida para limpar.
Desvio das sujeiras e finalmente vou para a sala.

Me encosto no batente da porta, tendo a visão dos meninos.

– Bom dia, raio de sol. - Sam sorri para mim, se levantando do sofá.

Ao seu lado estavam Nate e Nash, jogando uma partida de algum jogo de videogame. Ambos sorriem para mim. No balcão que liga a sala com a cozinha, onde ontem fora o bar, estão os Jacks, conversando e comendo alguma coisa. J me mostra um sorriso adorável, enquanto G apenas me olha de forma penetrante e um tanto intrigante. Estranho.

– Dormiu bem, princesa? - Samuel me envolve em seus braços, me apertando levemente.

– Argh, sai daqui Samuel. - O empurro, emburrada. Não sei o que aconteceu noite passada, mas me irrita o fato de eu ter acordado desnuda em sua cama.

– Ui. - Ele me solta, erguendo as mãos em rendição. - Alguém está mau humorada hoje. A ressaca bateu forte, em? - Ele brinca.

– Não estou para brincadeiras. - Reviro os olhos e passo por todos na sala, indo para a cozinha em busca de remédios.

Assim que passo pela porta, o clima pesa. Consigo sentir uma certa tensão entre mim e cada um dos Jacks. Com certeza fiz merda. Os dois me olham, mas ninguém diz uma palavra sequer. Vou até a despensa.

– Ahn, onde vocês guardam remédio pra dor de cabeça? - Pergunto, um tanto sem jeito.

Um silêncio constrangedor toma conta do ambiente por alguns segundos, até que G se levanta. Ele passa por mim, parada na porta que divide a cozinha e a despensa, batendo contra meu ombro e me impulsionando para dentro. Quanto mau humor, credo.

Ele não diz nada, para variar. Vai até um armário, o abre e, depois de alguns poucos segundos, encontra facilmente o remédio. Indo até mim, puxando minha mão e o colocando ali. Aperto o remédio com meus dedos, lendo o nome escrito na embalagem.

– Veleu, Gilinsky. - Digo, ainda com a cara meio fechada por conta da ressaca.

Ele não responde, apenas assente com a cabeça. Seus olhos novamente penetram os meus, logo percorrendo o meu corpo por inteiro, coberto de forma sedutora, mesmo que sem querer, por uma fina camiseta larga de malha. Sua mão larga a minha e desce para a minha bunda, depositando um forte apertão, e arrancando de mim um olhar assustado. Ele, vendo minha reação, revira os olhos e balança negativamente a cabeça, se virando e saindo do aposento.

Meu cenho se franze e uma dúvida toma conta de minha cabeça. Me esforço o máximo que posso, querendo mais que nunca saber o que acontecera noite passada. Até que, finalmente, uma memória me vem.

Eu não acredito que fodi com Jack Gilinsky, o garoto babaca dos olhos negros.

do better + jack johnsonOnde histórias criam vida. Descubra agora