thirty

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– Não se mete, Johnson. - Gilinsky me aperta contra o muro com uma das mãos, enquanto usa a outra para apontar o dedo para J.

– Deixa a mina em paz, cara. - O loiro diz. Quando olha para mim, vejo um leve desespero em seus olhos. Ele está claramente preocupado. Então olha para a dura expressão de G e ergue as mãos, simbolizando que vem em paz, tranquilo, sem querer brigar.

– Ah, você não tem nada a ver com isso. - Seus olhos negros me fitam e ele começa a rir. - Se você soubesse a vagabunda que essa aqui é. -

– Vagabunda? - Digo, indignada. - Olha lá como você fala comigo, você nem me conhece. - O empurro, conseguindo o soltar de mim, mas permaneço ali.

– Haha. - Ele ri, irônico, olhando para Jack e então para mim novamente. - Não é o que me mostrou ontem. -

– Ontem? - Johnson se pronuncia, erguendo as sobrancelhas e tentando entender o que aconteceu.

– É. - Diz G. - E além de vagabunda é filha da puta. -

Me desespero. Olho para Jack Johnson com os olhos arregalados, sabendo que Jack Gilinsky contaria a ele o que fizemos na noite passada. Com Johnson era diferente. Nada além de um beijo acontecera, mas eu me sinto diferente quando se trata dele. A ideia de ter ele me vendo do jeito que o moreno me vê me da pavor.

– Me implorou para que a chupasse e a fizesse gozar e depois saiu do quarto como se nada tivesse acontecido. - Ele riu, mas soava com raiva. - Isso não se faz, garota. -

Seus olhos estavam em mim novamente, enquanto o loiro só observava calado, acho que tentando digerir a história. Gilinsky me segurava novamente, querendo que eu retribuísse o que recebi, mas tudo o que se passava em minha cabeça era o que o Jack ao lado pensaria de mim.

– Vai me fazer te obrigar? - O moreno ergue as sobrancelhas, me desafiando, mas não respondo. Não queria pensar nas sujeiras com G, não estava mais com vontade dele, o desejo e o tesão tinham ido embora.

Desvio seu olhar, tentando fugir dele, mas isso claramente o irrita. Ele bufa, pegando em meus braços com força. Uma dor aguda ali se torna presente, me fazendo gritar.

– Me solta! - Berro em sua cara, mas ele me segura ainda mais forte. O pavor toma conta de mim. Não o conheço, mas ele com certeza é um cara agressivo. Pelo menos quando se trata de mim. Tudo que sinto é nojo, desgosto, não o quero me tocando, e de repente, impulsivamente, lágrimas transbordam meus olhos.

– Eu mandei soltar. -

Sou jogada para o lado, caindo sentada na grama. Demoro para entender o que acontece, até que finalmente entendo. Jack e Jack estão brigando, por mim.

J empurra os ombros de G, que enraivecido o empurra de volta. Ambos começam a xingar um ao outro, dizendo ofensas pesadas e horríveis. Sei que eles dois são melhores amigos, então nunca imaginei que pudesse ver essa cena.

Permaneço em meu lugar, parada, ainda chorando. Já tinha superado o quase estupro de meu pai, mas Jack conseguiu trazer tudo de volta a tona. Minha cabeça gira e meus pensamentos estão embaralhados e bagunçados, desorganizados. Nada faz sentido, e tudo que consigo fazer é chorar enquanto me encolho na grama gelada. Me sinto descoberta, vulnerável, desprotegida. Minha mente está em confusão, tremendo caos, e tudo que vejo são borrões até que a briga se intensifica e socos começam a ser distribuídos.

Johnson acerta em cheio a mandíbula de Gilinsky, que com pura raiva e descrença nos olhos parte para cima do menor, o empurrando ao chão e distribuindo socos por toda a sua face.

Me arrasto até os Jacks e, com a visão turva por conta do choro, tento separa-los, os empurrando e berrando para que parem. Por mais que J não seja fraco, seu porte não é tão grande quanto o de G. Me desespero, gritando o mais alto que posso e distribuindo tapas no braço do dono dos olhos negros.

Um sorriso irônico se forma em seus lábios quando suas mãos param de socar Jack para segurar meus braços, com tanta força que chegam a deixar hematomas. O sorriso logo se desfaz, dando lugar a seriedade que estava acostumada, porém repleta da fúria que eu estupidamente despertei. Imploro com os olhos para que não me machuque ainda mais, os fechando assim que percebo que não fui bem sucedida. Mas nada acontece.

Abro meus olhos quando sinto suas mãos largarem de mim e braços quentes me envolverem por trás. Vejo o moreno sendo detido pelos braços de Nash, que o seguram e o arrastam por trás, enquanto Nathan vai a frente, bloqueando sua passagem e o xingando de nomes que não consigo ouvir.

Sei que é Samuel que me abraça quando seu perfume invade minhas narinas, e me sinto grata por seu suporte. Me viro para olhar para ele, e sabia que ele entenderia quando me soltei dele e fui até o loiro ainda sentado na grama.

Tomo seu tronco em meus braços, apertando seu peito contra o meu. Seus braços, depois do susto, logo me envolvem também, sua cabeça encostando na curvatura de meu pescoço.

– Me desculpe. - Era tudo o que eu conseguia dizer. As palavras saíam tímidas, emboladas no choro.

Pego sua cabeça em minhas mãos, sem desaproxima-lo de mim, vendo todo o mau que ali foi feito, por minha culpa. Olho em seus olhos. Os meus, totalmente desesperados, fitam os seus, ironicamente tranquilos. Ele tenta passar tranquilidade para mim, me mostrar que está tudo bem e que não foi minha culpa, mas continuo em total caos. Estou assustada. Não sei o que estou sentindo.

Suas mãos estão em minha cintura quando tudo ao redor se apaga e o desespero presente em meu corpo transpassa para Jack, se transformando em um estranho sentimento bom no momento em que meus lábios tocam os dele.

do better + jack johnsonOnde histórias criam vida. Descubra agora