A outra manhã foi de sol. Percebi mesmo antes de abrir os olhos, os raios fortes invadindo o meu sono e perturbando minha mente, me forçando a acordar de vez. Coçar os olhos e me levantar foi a única parte fácil daquela até então agradável manhã. A parte difícil começa no segundo em que me viro para o lado e não há ninguém ali. Nem na direita, nem na esquerda, muito menos se escondendo atrás de mim. Sinal nenhum do garoto que me envolveu noite passada.
Sabia que isso tudo seria um erro. "Não quebre meu coração." Mas talvez eu não tenha mesmo uma escapatória.
Sentada naquele terraço, a mente voando nas inúmeras possibilidades, foi que percebi a ausência de vestimentas. Meu corpo completamente nu em contato com um lençol azul marinho estendido no chão do terraço. Olho em volta e não vejo nada, nenhuma roupa minha. Talvez seja porque não estava usando nenhuma ontem, além, é claro, do velho biquini que agora não me adiantava de nada. Nem mesmo o moletom ou a camiseta do loiro. Nada.
Forço-me a pensar na única escolha racional e me vejo enrolada no fino lençol. Meus cabelos, totalmente embaraçados e descompassados são agilmente presos num coque, e me obrigo a enfrentar as escadas, retornando, sem roupa alguma, para a casa de meu irmão. Quão constrangedor poderia ser isso? Muito, eu diria.
Talvez eu não encontre ninguém lá. Tomara.Dou graças quando entro na sala principal e não vejo nenhum deles, correndo sem perder tempo para o meu quarto (ou o quarto de Nate, que agora está cheio dos meus pertences). Um moletom estendido sobre a cama é a primeira coisa que vejo, e me parece perfeito. Uma fina calcinha e aquele grande blusão vão ter que servir.
Saindo do quarto passo acidentalmente pelo espelho disposto numa das paredes, sendo impossível evitar de me olhar. Realmente, meu cabelo não é dos melhores, mas o coque não ficou tão ruim. Um pouco incomodada, pego uma das bandanas de meu irmão, uma branca, a enrolo um pouco e a posiciono em minha cabeça, de modo que disfarce o quão desleixado era meu penteado. Passo as mãos por meu rosto, observando alguns cravinhos que ameaçavam aparecer, mas apesar de tudo ainda me sentia bem. Me sentia bonita.
Sorrio para mim mesma e saio do quarto, instigada a manter esse dia como um bom. E eu realmente iria, até chegar na sala. Um ombro nada suavemente se choca contra meu braço, me fazendo gemer em dor. Ele nem ao menos se importa em olhar para trás e pedir desculpas, nem se importa em dizer um bom dia. Desejo no fundo da mente que seja qualquer outro, mas o perfume não nega que a grosseria vem do meu Jack. Meu? Talvez não tanto. Não como eu queria que fosse, não como eu achei que seria.

VOCÊ ESTÁ LENDO
do better + jack johnson
Fanfiction[Onde J se apaixona pela inocência de T.] "Quando você vê tanto amor, quando já não me cabe no peito, não importa se estamos em outra galáxia. Você sempre está aqui." Iniciada em 24/02/17