Verso 1

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Quem te vê passar assim por mim não sabe o que é sofrer

Existiam sensações que somente Mozart sabia causar em Ana Júlia. Quando ele encostava em seu pescoço, sussurrava coisas em seu ouvido e se encaixava entre ela, Anajú não sabia o que fazer. Por alguns momentos ela perdia todo o controle do seu corpo, dos seus pensamentos e de suas ações porque um garoto mexia com sua cabeça. Se existia uma coisa que Ana Júlia odiava e morria de medo essa coisa era a falta de controle com o que faria.

Cada passo para conquistar aquela frieza que cobria seu coração tinham sido muito bem pensados e calculados para que Anajú não fosse como uma adolescente qualquer que iria cair em amores por todos os garotos que mostravam sentimentos por ela. Ana Júlia fora essa garotinha que acreditava que tudo podia ser curado com um namoro, com a pessoa certa, mas ela não tem uma única lembrança boa desse momento. O tempo mostrou para aquela garota de dezessete anos que nunca é tarde para se esconder dos sentimentos mais próximos ao amor.

Enquanto Mozart subia aquelas mãos geladas entre o tronco de Anajú e se perdia naquelas sensações, a garota não conseguia parar de pensar no que o namorado tinha dito há menos de dez minutos. Ou melhor: o que o namorado tinha tentado dizer, mas que não tinha conseguido devido a interrupção desesperada de Ana Júlia.

"Anajú, eu acho que eu te" interrupção. Se ele completasse aquela frase tudo teria acabado ali. Ana Júlia teria se prendido dentro de seu mundinho congelante e pedido para Mozart ir embora para sempre. Estava tudo indo tão bem, tão fácil, mas alguém sempre precisava destruir aquela bolha de felicidade com aquelas três palavras desnecessárias. As três palavras que destruíram o mundo de Anajú uma vez e que repetiria isso a cada vez que fosse dita por alguém que não fazia parte da sua família.

Há um ano atrás a garota já tinha aberto mão da independência que ela tanto gostava ao aceitar o pedido de namoro de Mozart. Estava tudo tão maravilhoso até o momento em que aquele ruivo falou que se ela quisesse continuar tendo algo com ele seria dentro de um namoro. Foi difícil para ela, mas Ana Júlia decidiu aceitar somente por conta das milhares de sensações diferentes que ela sentia com ele. Abriu mão de todos os garotos que ela conversava, das saídas com sua melhor amiga. Ela tinha ultrapassado todo o seu limite por conta de um menino.

Mas agora ele a amava e isso estragava tudo. As coisas eram totalmente diferentes a partir do momento em que o amor entrava em uma relação: tudo se perdia, nada mais faria sentido para ela. Por mais que Mozart fosse a única pessoa do mundo capaz de levar Ana Júlia para o céu somente com um beijo, ela não conseguia mais relaxar com ele. Não depois daquele momento das três palavras.

O ruivo cobria o corpo da namorada e passava a mão pela barriga daquela – agora já descoberta. Ana Júlia queria muito se entregar para aquele momento, mas não conseguia parar de pensar que ele a amava. Ana Júlia, já estava arrependida, mas sabia que precisava fazer aquilo justamente porque não queria magoar ainda mais.

- Mozart – ela disse, afastando ele aos poucos. Mozart achou estranho, mas se afastou. Sentou de maneira reta e correta, encostando suas costas na parede.

Ana Júlia pegou a blusa que estava toda revirada no chão e vestiu, escondendo seu corpo magro. Ela estava nervosa, odiava aquele momento. As poucas vezes que precisou fazer aquilo com garotos que nem gostava de verdade ela se sentiu mal, mas agora, fazer aquilo com uma pessoa que passou um ano inteiro ao seu lado doía muito, mas era necessário.

- Acho que isso não está dando certo – ela disse rápido, como se tirasse um curativo de um machucado. Rápido para não sentir tanta dor.

- Desculpa se fui rápido demais – o ruivo pareceu preocupado. – Eu não sabia que você não queria isso. De verdade – Mozart tinha uma expressão de arrependido por ter avançado as coisas. Mas esse não era o motivo, longe disso.

So(fria)Onde histórias criam vida. Descubra agora