Verso 23 - Mozart

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Oh, Ana Júlia

Mozart não demorou a dar falta da presença de Ana Júlia. Foi como se seu corpo tivesse sentido o exato momento em que ela passara pela porta da entrada do salão de festas e ido embora. No começo ele não entendeu o que era aquela falta, aquele vazio em seu corpo, mas assim que passou os olhos pelo salão e não encontrou ninguém entendeu que aquela sensação tinha nome – e um nome que ele conhecia muito bem: Ana Júlia. Seu corpo reagia a tudo que ligasse aquela garota desde o momento que a conhecera.

Quando eles ficaram pela primeira vez tinha sido algo completamente diferente para Mozart. Ele ficara com diversas garotas durante sua vida, de todos os tipos de aparência e gostos, mas aquela menina era diferente de tudo que já tinha conhecido antes. Ele no começo ficou com medo de não dar certo devido a diferença de idade, mas viu que ela era uma garota mais madura que qualquer outra que tinha entre quinze dezesseis anos.

O menino nunca foi um garoto que gostava de sair para a noite e ficar com vinte garotas diferentes, não, ele gostava do conforto de um abraço no final da tarde, de uma mensagem de bom dia, boa tarde e boa noite; Mozart gostava da rotina de casal e de sempre alguém para contar em todos os momentos. Mas logo que se apaixonou por Anajú percebeu que aquilo não era a "vibe" dela. Mesmo quando eles ficavam um com o outro somente, mas sem namoro, a garota gostava de ser livre, não dizia quase nunca que gostava dele, mais raro ainda era Anajú falar sobre o futuro deles. Enquanto Mozart criava um sonho inteiro em sua imaginação, um futuro longo para os dois, em um apartamento pequeno perto da praia com dois cachorros que eles adotariam de um abrigo, Ana Júlia não sabia nem se no dia seguinte iria querer vê-lo. O ruivo era completamente devoto a ela e se apegava a um amor escondido bem no fundo do coração dela, que por mais que Anajú dissesse que não existia, ele tinha fé que estava ali.

Mozart nunca reclamou da distância e frieza que recebia da sua namorada. Tinha a conhecido daquela forma e sabia que não cabia a ele mudá-la, mas era inevitável sentir falta de momentos que ainda não existiam mas que estavam constantemente presentes em seu pensamento.

Quando eles terminaram pela primeira vez Mozart achava que tinha sido estragado para todas as outras pessoas. Ele ficou mal durante dias, faltou a faculdade mesmo morando há 200 metros de distância dos prédios aonde tinha aula, não se alimentou bem e ainda pegou uma gripe forte – tudo por conta da dor física que seu corpo passava para o cérebro, que sentia falta de Ana Júlia.

Depois de quase dez dias de sofrimento ele achou melhor seguir com sua vida, ainda era jovem e tinha um mundo de possibilidades. O que mais doía era saber que Ana Júlia mal tinha terminado com ele e já tinha seguido em frente e ele estava sofrendo muito. Tentou a todo custo não encontra-la porque sabia que seu coração não estava preparado para encontrar com aquele sorriso, ouvir aquela voz e ver aquele corpo, ele ainda não estava preparado para agir normalmente com ela. Mas o destino nunca fazia algo que Mozart desejava. Só foi eles terminarem que os dois passaram a se ver em lugares improváveis, o que era o mesmo que enfiar mais fundo a estaca que estava presa em seu peito.

Mas então apareceu Carol.

Uma das pessoas mais improváveis para tirá-lo da fossa.

Desde sempre Mozart soube que ela tinha uma queda por ele, mas na época em que eram apenas amigos ambos namoravam. E, quando Mozart menos quis, o destino agiu a seu favor e fez com que ela terminasse o namoro com um babaca que namorava ao mesmo tempo em que Ana Júlia terminara com ele. As investidas da garota no começo eram intensas e sem intervalo, cabia a ele dizer se queria ou não.

E por muito tempo ele não quis mesmo, mas se sentia bem por perceber que não tinha sido destruído para qualquer outro relacionamento.

Ele só foi realmente corresponder as investidas da garota após quase dois meses de tentativas sem sucesso. Mozart percebeu que não tinha nada que o prendesse a ninguém e que agora ele podia ficar com ela, podia ficar com Joana, outra garota de sua turma que sempre dava em cima dele, ou podia ficar até com uma desconhecida. Ele estava livre.

So(fria)Onde histórias criam vida. Descubra agora