Verso 10

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Me atormenta a previsão do nosso destino

Era uma sexta-feira, clássica tarde de encontro dos irmãos quando algum estava passando por um momento ruim e precisava se distrair. Aquela vez não era a Ana Júlia com suas mil dúvidas e precisando dos irmãos para a distraírem e a apoiarem. Também não era Bruno quem estava precisando, a única vez que ele precisou foi logo após o nascimento de Isabela, que ele passou por muitos momentos de terror e pânico porque achava que não seria um bom pai.

Aquela tarde era inteiramente para Luísa e o terror da gravidez, e os hormônios que não paravam de alterar fazendo com que ela ficasse um minuto nervosa e no outro completamente amorosa. Ana Júlia definitivamente não tinha nascido para ser mãe. Amava cuidar da sobrinha, vê-la crescer era uma das coisas mais maravilhosas desse mundo, mas não conseguia se imaginar ficando grávida, cuidando de uma vida e amando alguém com todo o amor mais puro e verdadeiro do mundo – ela só conseguia amar desse jeito seus irmãos.

Admirava ainda mais Monalisa por cuidar de Isabela de maneira tão aberta, tão verdadeira mesmo sabendo que elas não eram ligadas pelo sangue, mas sim por um amor inexplicável. As mulheres todas mereciam troféus simplesmente por serem mães. E enquanto Anajú ainda não era esse tipo de mulher, ela não teria filhos – e também por ser muito nova, mas acreditava que mesmo mais velha continuaria sem esse desejo.

Estavam os três irmãos junto com Monalisa e Isabela na casa de Bruno. Em frente ao sofá, na mesa de centro, tinham várias besteiras para comerem e Anajú escolhia um filme bom para os três assistirem. Ela tentava ignorar as mensagens que tinha recebido mais cedo no celular e procurava o filme certo para o momento: não podia ser nenhum drama para não fazer com que a irmã chorasse sem parar, nem algo muito romântico porque seu coração estava aos poucos se curando. Bruno queria ver ação, mas nenhuma das mulheres queriam e achava que se Isabela assistisse alguma coisa violenta não seria muito bom; então estava à procura de algum filme de ficção científica que não a fizesse dormir nos primeiros vinte minutos.

- Vocês já assistiram Truque de Mestre? – Ela perguntou, praticamente gritando, para os irmãos que conversavam com a voz extremamente elevada.

- Não, Ana – Monalisa respondeu, enquanto fazia careta para a filha e dava uma comida muito estranha: uma mistura de abóbora com abobrinha e frango desfiado que para todos não era nada apetitoso, mas Isabela parecia estar comendo a melhor comida do mundo.

- Ei, vocês assistiram? – Anajú perguntou, empurrando Bruno para que um deles prestassem atenção nela.

- Assistimos o que, pirralha? – Bruno a empurrou de volta, mas logo a puxou para de baixo do seu abraço lateral.

- O filme Truque de Mestre, garoto.

- Não assistimos, coloca ele aí – Luísa respondeu, mudando de humor de uma hora para outra.

O filme logo começou e cada um pegou algo para comer. Monalisa se ajeitou nos pés de Bruno, com a filha no colo e concentrada em um caderno de desenho a sua frente (que ela rabiscava sem nenhum talento artístico). Luísa esticou as pernas para a mesa de centro (porque, de acordo com ela, seus pés já estavam ficando inchados por conta da gravidez – o que era exagero, já que ela ainda estava no início da gravidez). Ana Júlia se ajeitou ao lado do sofá e começou a prestar atenção no filme.

Mal tinha começado quando Bruno falou com Monalisa.

- Esse ator parece o seu irmão – todos olharam, mas ninguém achou nenhum ator parecido.

- Quem dera se Mozart parecesse o Dave Franco. Não que ele seja feio, Monalisa, mas o Dave é um dos caras mais maravilhosos desse planeta Terra – Anajú brincou e se surpreendeu com a facilidade de falar aquilo. Já não era extremamente sofredor e a fazia se lembrar de uma boa fase.

- Meu irmão é maravilhoso, nem vem cuspir no prato que comeu, Ana Júlia!

- Só que ela não comeu nada, Monalisa, vai com calma – Bruno, o irmão ciumento, defendeu a irmã fazendo ligação com ela ainda ser virgem. Não que Ana Júlia contava esse tipo de coisa para Bruno, somente para Luísa, mas o irmão deduzia esse tipo de coisa.

- Acho que o Bruno está comparando com o Mozart esse cara que fez o filme do facebook, mas eles não têm nada a ver mesmo – Luísa interrompeu a história.

- Na verdade, têm poucas coisas parecidas no rosto. Mas o Mozart é mais bonito – Anajú assumiu.

- Eu me acho mais lindo – Bruno disse e recebeu um tapa de Monalisa e um empurrão lateral da irmã Luísa. – Ué, não estou mentindo.

- Nunca vou esquecer o dia em que cheguei em casa e encontrei meu irmão e a Anajú no maior amasso no sofá – Monalisa disse rindo.

- Eu não quero ouvir essa história de novo, pelo amor de Deus – Bruno tampou os ouvidos e de maneira infantil começou a falar vários "blá, blá, blá, blá, blá".

- Eu nunca suspeitava que vocês estavam ficando, de verdade. Quando abri a porta e vi uma confusão de pernas e braços fiquei completamente embasbacada. Mas depois que vi como vocês dois funcionavam pensei que fossem se casar.

- Eu também – Luísa concordou.

O filme agora era ainda mais ignorado. Ninguém, nem mesmo Isabela, estava olhando o truque de mágica feito com cartas no enorme auditório.

- Eu já discordo totalmente. Acho que a Ana Júlia é uma mulher maravilhosa demais para o Mozart – Bruno continuava implicando.

- Assim como você vai achar todos os caras ruins demais para Isabela? – Monalisa riu, e amaciou o cabelo da filha.

- Exatamente desse jeito – todos riram.

- Na verdade, foi realmente maravilhoso o tempo que passei com Mozart. E diferente do que Bruno pensa, ele é muito bom para mim – Anajú decidiu se pronunciar depois de ouvir a opinião de todos. – Mas agora acabou.

- E ela já está até seguindo em frente – Luísa falou, olhando para o irmão com as sobrancelhas erguidas, insinuando que a irmã mais nova não perdia tempo.

Ana Júlia quis enlouquecidamente corrigir a irmã, ainda não tinha respondido as mensagens de Gustavo, o garoto que pegou o número dela quando foi na loja de decoração infantil com a irmã alguns dias atrás.

- Eu acho maravilhoso, porque o Mozart também já está saindo com uma menina da faculdade dele. Mas olha, Anajú, sou muito mais você – a menina sentiu sua bochecha esquentar e um enorme ciúme nascendo no seu peito.

Era a menina do estacionamento? A tal ex-namorada daquele machista que Anajú pensou que era legal? Se fosse, Mozart estava realmente se dando bem porque aquela garota era linda. Um verdadeiro mulherão – muito mais do que Ana Júlia.

Ela decidiu responder a mensagem de Gustavo, que tinha perguntado praticamente noventa vezes se queria sair com ele para se conhecerem. Ele tinha a enchido de elogios, era aquilo que ela merecia. Estava feliz pela felicidade de Mozart, agora ia correr atrás da sua própria.

 Estava feliz pela felicidade de Mozart, agora ia correr atrás da sua própria

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Gentee! O próximo capítulo é muuitoo bom! Um dos meus preferidos!

Devo postar na quinta-feira. E aí irei demorar um pouco mais para postar porque irei viajar e só volto no dia 30!

Mas já estou ansiosa para o próximo capítulo!!!

Beijoss <3

So(fria)Onde histórias criam vida. Descubra agora