Verso 9

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Nunca acreditei na ilusão de ter você para mim

Desde o anúncio da gravidez de Luísa a família de Ana Júlia estava completamente eufórica , fazendo festa. Seria uma nova criança para fazer companhia à Isabela, para alegrar a vida de todos dali – não que eles não fossem felizes, mas crianças sempre trazem um ar de amor para o lar e completam o que eles nem sabiam que faltava.

Ana Júlia era sortuda por fazer parte daquilo; ela já tinha chorado o suficiente pelo passado, mas agora queria viver o futuro, cada momento que estava para acontecer. Não adiantava mais chorar pelo leite derramado – ou então pelo namoro terminado. Aquilo tinha acabado, era passado e ela precisava seguir em frente e viver sua vida.

Ela tinha planejado vários planos para esquecer Mozart, mas nenhum tinha tido futuro. Planejava e não colocava em prática. Então, com muita calma, Ana Júlia iria viver um dia de cada vez e esperar o tempo fazer meu melhor trabalho para ela esquecer o ruivo que infernizada seus pensamentos até quando ela não queria (principalmente nesses momentos).

Com esse pensamento, a garota tentava ocupar o máximo do seu tempo com coisas que gostava de fazer, atividades que a fariam não pensar em Mozart e se divertir. Também estava querendo passar mais tempo com sua família, que eram as pessoas que mais se importavam com ela.

O Enem também estava quase chegando. Faltavam menos de dois meses para a prova chegar e definir o futuro de Ana Júlia: ou um longo semestre de cursinho para se preparar para o vestibular do meio do ano ou o primeiro semestre do curso de ciência política – que era o que ela realmente desejava. Estava se dedicando ao máximo aos estudos para não se decepcionar consigo mesmo em seu desempenho no Enem – mas tentava não pensar tanto na prova para não criar uma ansiedade e porque queria viver o presente.

Ansiedade era algo que estava presente na vida de Luísa, que mal tinha completado dois meses de gravidez (ela e Bernardo descobriram bem no começo devido ao exame de sangue de rotina, não porque pensava que estava grávida; foi apenas uma coincidência muito bem-vinda) e já estava montando aos poucos o quarto do bebê. Ela ainda não sabia o sexo, não tinha nem feito um ultrassom ainda, mas queria enlouquecidamente um menino para ficar diferente de Isabela – já imaginava os dois primos brigando por todos os lados, mas sendo amigos ao mesmo tempo.

Nesse clima de comemoração e ansiedade, Luísa implorara para a irmã ir com ela em uma loja de decoração infantil, louca para montar o quarto do bebê que nascia em sua barriga. Implorou por horas para Ana Júlia ir com ela e ajuda-la, mas só conseguiu subornar a irmã quando ofereceu um almoço maravilhoso no Outback.

Antes de irem para a loja elas passaram no restaurante e almoçaram uma comida de Rei e Rainha. E somente quando estavam satisfeitas, passaram a procurar os móveis perfeitos para montar um quarto de uma criança que ainda não sabiam quem era, mas que já amavam.

- Não podemos escolher nada azul e rosa, é extremamente clichê – Anajú disse assim que entrou na loja.

- Não mesmo, porque não sabemos o sexo.

- E também porque pode ser menina e ela gostar de azul, tanto quanto o menino pode gostar de rosa – Anajú tinha a necessidade de descontruir a todo o momento.

- Já que você está nesse clima de politicamente correta e contra a generalização dos gêneros, me conte o que diabos está acontecendo entre você o Mozart. O que ele disse naquele dia do almoço foi completamente cruel e grosseiro.

Mesmo querendo fugir daqueles pensamentos, eles voltavam para Ana Júlia como uma força do destino que a obrigavam a pensar naquilo. Parecia que aqueles pensamentos a prendiam e a obrigavam a lidar com coisas que não queria.

- Eu não sei direito, Lu. Mas ele estava certo: eu realmente fui escrota. Terminei o namoro quando ele disse que me amava. Na verdade, quando ele tentou, porque eu na hora o impedi de continuar porque não saberia como reagir naquela época.

- Eu diria que ele não tem o direito de ser grosso contigo, mas ele só está completamente chateado com você. O que é, realmente, muito compreensível.

- Eu sei. O pior é que eu sei que se ele não quiser nunca mais manter um contato comigo, ele tem todo o direito do mundo, mas isso é tão horrível – Anajú falava enquanto procurava um lençol bonitinho, mas não estava reparando de verdade nas colchas de cama.

- Ana Júlia, de verdade, porque você não volta com ele? Não consigo entender como você fica sofrendo por conta do término de um lado da vida e do outro lado está Mozart sofrendo pelos cantos. Não faz sentido: se ambos se gostam, porque não ficam juntos de uma vez?

Sem querer assumir para si mesmo, Ana Júlia pensava muito nisso. Mas mesmo que tivesse mudado e passado a confiar mais nas pessoas ao seu redor, não sabia se já conseguia confiar seu coração para uma pessoa.

- Eu não sei se quero passar toda a minha adolescência com uma única pessoa, Luísa. Eu gosto muito do Mozart, gosto de verdade. Mas será que eu quero perder minha juventude inteira para ficar com uma pessoa só?

Luísa abraçou a irmã de lado e foi andando com ela até a sessão de berços. Quando chegaram ali foram atendidas por um jovem rapaz, não muito mais velho que Ana Júlia. Ele imediatamente passou a prestar atenção em Ana Júlia, que não reparou na atenção extra que estava recebendo, mas Luísa estava de olho.

O assunto não voltou, o nome de Mozart não foi dito de novo e ambas pensaram que aquele tema tinha acabado. Escolheram uma cadeira de balanço com um estilo parecido aos anos 60, com muitas curvas e uma aparência de "casa do campo".

Luísa também se apaixonou por uma pequena sequência de quadros que tinham desenhos de ursos de pelúcia, que não representavam nenhum sexo exato, então não tinha problema.

As duas foram para o caixa e pagaram o que compraram. Tinham criado expectativas de sair com o quarto inteiro já montado, mas não se encantaram com tanta coisa. Porém, só de estarem em um ambiente com coisas de bebês já era encantador.

Quando elas saíram pelas portas automáticas da loja, Ana Júlia sentiu uma mão calejada em seu ombro, que a assustou.

- Antes de ir, você pode me passar o seu número? – O cara que as atendeu perguntou para Anajú, com um sorriso enorme parecido com o do Gato de Alice no país das maravilhosas.

A garota decidiu seguir com a vida e achou que aquilo seria um ótimo passo para esquecer o passado e viver o presente. Ela pegou o celular do garoto e anotou seu número, salvando seu número com seu nome é um emoji de coração – porque se tinha uma característica que não pertencia a Ana Júlia era a de "calma".

Saiu da loja com um sorriso enorme no rosto e pensando que sim, a vida realmente segue e continua. Ela não percebeu o olhar reprovador e as palavras não ditas de Luísa, e foi completamente feliz para o carro achando que seu futuro ia seguir um caminho diferente do de Mozart.

 Ela não percebeu o olhar reprovador e as palavras não ditas de Luísa, e foi completamente feliz para o carro achando que seu futuro ia seguir um caminho diferente do de Mozart

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Gente, decidi que vou postar um dia sim e o outro não porque preciso de um tempinho para ler as mil histórias da minha biblioteca aqui no Wattpad!

Espero que continuem gostando! Estamos chegando na parte mais importante da história!

Beijosss e queijos!

So(fria)Onde histórias criam vida. Descubra agora