CAPÍTULO SETE: Reached My Limit.

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Matt POV:

Angélica evita me olhar em meus olhos, encarando o riacho, e minha mão se afrouxa, deixando a caixinha preta cair sobre o chão novamente.

- Mas...

- Matt... - ela seca uma lágrima, e sua feição se torna decidida - Eu... Descobri que... Ah, eu não posso aceitar. Me perdoa.

Ela fala tudo tão rápido, tornando ainda mais difícil para mim acreditar.
Me mantenho boquiaberto, de olhos arregalados, esperando que ela diga que é uma brincadeira, ou alguma coisa que rasure oque ela está dizendo agora.

- Eu... - ela fecha sua blusa, e se levanta da pedra - Eu preciso ir, até mais.

Enrubesço ao vê-la sair correndo pelo autódromo, subindo as escadas rapidamente, e desviando de algumas pessoas surpresas com sua pressa ao redor.

- Angélica!

Eu grito por seu nome, mas já vejo que ela já deve estar na saída do autódromo.
Alguma coisa está errada.
Pego a caixinha com o anel no chão, a fechando, e corro utilizando o máximo de velocidade que consigo alcançar, subindo as escadas, e pedindo licença de uma forma mal educada aos demais.
Chego ao estacionamento, e olho ao redor, transpirando.
Vejo várias famílias e casais estacionando seus carros e carregando seus adereços adentro ao autódromo, mas não vejo mais Angélica.
Pego em meu celular, e disco seu número em um toque.
Minha respiração está ofegante, mesmo que eu não tenha corrido tanto.
Eu não sei o que está acontecendo, isso está buzinando em minha cabeça.
Os toques soam, e não ouço nenhuma resposta, sendo diretamente encaminhado à caixa postal.
Encaro a tela de meu celular, no contato de minha mulher.

- Droga, Angélica...

Disco novamente, rodando pelo estacionamento com meu celular em meu ouvido.
Eu preciso de respostas suas, não é possível que tenha sido ela quem me deu esse fora.

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Angélica POV:

Me encolho no sofá, em um desespero  explodindo de forma agonizante em meu peito, e disco o número de Lisa, com minha mão trêmula.
Eu corri de táxi até em casa, quero que minha amiga me ajude, porque eu acabei de ser burra e de piorar tudo o que já estava acontecendo, antes que Matt chegue!

- Oi, querida!

- Lisa! Lisa, eu estraguei tudo!

Começo a chorar, e minha amiga demora a me responder, apertando ainda mais meu peito.

- Espera aí, como assim?

- Eu... Terminei tudo com Matt, eu não tive coragem de conta-lo sobre nada, ele pediu minha mão em casamento, Lisa, eu não estava esperando por isso!

Desembucho todo o acontecido de uma vez sem forma respectiva, frenética.

- Calma, calma! Não se mexa, eu estou indo pra aí! Onde é que você está?

- Em casa...

- Tudo bem! Fique calma!

Lisa desliga, e meu celular desliza de minha mão, caindo sobre o sofá.
Escondo meu rosto entre minhas pernas, chorando em remorso, e tendo em mente que já não posso mais reverter a grande besteira que fiz!
Eu não posso fazer isso com Matt, não posso... Eu não sirvo pra ele... Ele... Merece alguém bem melhor...
Sinto minhas dores internas me atingirem com bem mais intensidade do que já estava me acostumando no dia a dia.
Solto um gemido de dor, e me deito sobre o sofá, com meu rosto molhado.
Eu sou horrível! Horrível!
Eu... Eu sou uma decepção na vida do homem que eu amo, e de todos ao meu redor!
Agarro uma almofada, e a aperto contra mim.
Você quer ir para Nova Iorque? Então vá, sua menina tola! Deixe seu pai e seu irmão sozinhos nesse fim de mundo, e continue sendo uma ninguém inútil, só que em um local diferente! Você não vai ser nada além do que você é nessa casa, estúpida! Você nasceu para cozinhar e limpar, assim como a vadia de sua mãe!
A voz de meu velho pai volta a ecoar em minha mente, como uma memória dolorosa e indesejada que carreguei comigo durante toda a minha trajetória para Nova Iorque e que se instalou em minha mente durante um bom tempo em que passei pensando em coisas que não deveria mais pensar.
A mórbida cena do parasita genético selando a vida de minha mãe em um leito frio de hospital volta à minha mente em relance.
O câncer é hereditário, mas o de minha mãe a obrigou a retirar suas mamas e não a deu tempo de se prevenir antes que o pior acontecesse como aconteceu comigo, o que despertou uma fúria ainda maior em meu pai alcoólatra.
Desde quando uma mulher não tem seios?! Você um dia agradecerá por esse monstro ter sido eliminado de nossa família! E também reze para ser uma menina intacta, e não uma vagabunda deformada!
A imagem de meu pai gritando comigo enquanto segurava uma garrafa de bebida alcoólica já vazia em uma mão lateja em minha mente, e as imagens não se afastam, por mais que eu lute contra isso.
São uma corda de pesadelos que chegam uns atrás do outros em minha mente simultâneamente.
Ouço a porta de entrada ranger, e bater.
Os passos pesados até mim aumentam em gradação, e minha mente ainda é assombrada por minhas antigas memórias.

Garotinha Do Papai ( Is It Love? Daryl Ortega ) VERSÃO EM PORTUGUÊSOnde histórias criam vida. Descubra agora