Daryl POV:
Passo pelo não tão vasto saguão do hospital, e ouço o som de um pequeno rádio embutido em algum canto em que não o vejo, tocando algo parecido com Jazz em um som quase que inaudível, enquanto a recepcionista desocupada folheia uma revista de moda que apresenta peças que ela provavelmente nunca poderia comprar.
Não vou precisar me apresentar nessa porcaria onde as pessoas que deveriam exigir nossas documentações se preocupam com a nova coleção de verão da Gucci ou Dolce & Gabbana, mesmo sabendo que seu salário não paga nem mesmo a linha de costura usada na confecção dessas peças.
Aperto o botão do elevador, que logo abre as portas, e adentro, pressionando o penúltimo andar a ser subido, e encosto sobre a parede de aço do mesmo, que não comporta nem mesmo um espelho como o costumamos ver em elevadores.
Talvez o orçamento deste lugar não seja tão bom assim.
Uma outra música, também de Jazz, soa dentro do elevador, e eu fecho meus olhos por um momento, levantando minha cabeça para cima.
Não precisa vir, pode ficar tranquilo aí em sua casa! Ah não, ela quer que você venha, então vem!
Dou uma pequena risada sozinho, mesmo com a trágica situação.
O elevador para de forma brusca, como se fosse cair, e me faz cambalear dentro do mesmo.
Me recomponho facilmente, e agradeço por estar sozinho dentro deste cubículo.
Bufo, e saio, passando uma mão por meus cabelos.- Está tudo bem, meu amor? Você quer um café?
- Não, está tudo bem.
- Não fique nervosa, amiga... Vai dar tudo certo.
Matt e Angélica e mais uma voz feminina na qual não reconheço a autora soam no fim de um corredor em que estou perto de passar.
Enfio uma mão no bolso de minha calça, e vejo os três sentados em bancos ao lado da porta de um consultório.
Ninguém percebe minha ilustre presença até que o soar de meu passo desperta a atenção da mulher loura, virando sua cabeça para me olhar, enquanto está de mãos dadas com Angélica.- E aí, está tudo bem?
A loura desvia seu olhar, e Matt se levanta, se aproximando de mim, e deixando sua namorada cabisbaixa, sentada ao lado de sua amiga.
- Eu preciso falar com você.
Ele me sussurra, com seu rosto aproximado do meu, e olho para trás, encarando um pilar ao lado de um poster mal colocado com a imagem de um feto dentro do útero de uma mulher de forma explicativa e científica.
Me viro ao meu irmão, o acenando com minha cabeça para que me siga.
Paro atrás do pilar, já bem distanciado de Angélica e sua amiga que ouço sua voz consoladora de longe.
Matt está em seu estado de nervosismo, com o rosto vermelho, e mexendo na touca em sua cabeça a todo momento.- Pode me dizer o que está sentindo. Sou todo ouvidos. - ele me encara por um momento, com a respiração ofegante - Mas primeiro, tenta se acalmar.
- Me acalmar? Me acalmar, Daryl?! Eu só não estou pirando perto dela, porque se não, posso piorar seu estado! Mas eu não consigo mais comer, nem dormir direito! Ela tem um tumor crescente, irmão! Eu conversei à sós com o doutor, ele me disse que a doença pode voltar depois da cirurgia! Eu posso perder ela! Eu posso perder ela, Daryl!
Sua voz se mantém em gradação, e uma lágrima escorre por seu rosto.
Engulo seco, e percebo que o problema é bem maior do que eu poderia imaginar.
Matt não pode perder essa mulher, ou eu perderei meu irmão.
O pior de tudo, é que devo assistir a isso acontecer, sem poder fazer muita coisa.- Eu te entendo, Matt... Mas tentamos ser positivos. Ela é forte, cara.
Minhas palavras parecem não surtir efeito algum.
Aliás, eu não tenho muita ideia do que dizer exatamente.
Eu já me preocupei muito com Angélica, aliás, estou preocupado, ela faz parte de minha família agora, mas... Esses casos são diferentes.
Eu costumo ter auto-controle, coisa que meu irmão já deve ter tido, mas se perdeu com o tempo.
Ele está com as mãos na cintura, bufando a todo momento, e negando com a cabeça.
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Garotinha Do Papai ( Is It Love? Daryl Ortega ) VERSÃO EM PORTUGUÊS
FanficApós uma árdua desilusão amorosa com a namorada de seu próprio irmão gêmeo, Daryl Ortega tem um felizardo reencontro com uma antiga acompanhante de colegial em uma ocasião não muito plausível, mas que resultara em uma reaproximação, deixando o passa...