Sozinho!?
Lógico que... não!
Solto o ar bem devagar e continuo meu passeio em direção ao banheiro, porém, sem saber o porquê, paro de repente. O rapaz que vem logo atrás tropeça em mim e eu ganho uma careta de presente.
— Desculpa — falo sem graça enquanto ele contorna meu corpo murmurando algo que não entendo e nem tento entender, meus neurônios só interpretam a imagem próxima ao balcão.
Se o diabo é sexy eu não sei, mas aquele ser sentado na frente do balcão não deixa que eu mande em meu coração e caio em tentação.
— Oi! — libero o cumprimento atrás da nuca de Marcel.
— Oi — ele responde girando o tronco e não esconde a surpresa em me reconhecer.
— Cidade pequena essa, não?
— Muito! Surpreendente também. — Seu olhar muda ao encontrar o meu. — Suspeitei que você não gostasse de sair à noite — ele comenta pausando as palavras, sem qualquer rastro do timbre melodioso.
— O que o levou a pensar assim? — Entro no jogo dele, imprimindo um tom meloso a voz.
O conquistador está à espreita e eu o desafio tanto quanto sou desafiada. Se ele não desviar o olhar, não serei eu a primeira a piscar.
— Minha fonte disse nunca ter visto você nas baladas — ele quebra o breve silêncio, sem desviar os olhos de mim. Bebe um pequeno gole do drink e depois brinca, passeando o canudinho nos lábios, me fazendo engolir em seco.
— Ah! Sua fonte? — Minha sobrancelha esquerda se eleva. — Diz para ela que tenho gostos variados.
— Direi! E... Parabéns pelos gostos variados! — Seus olhos são descarados. Sem qualquer disfarce, partem do meu rosto, vão aos meus seios, cintura e quando chegam ao término do vestido, não vão a lugar nenhum. Os poucos centímetros de tecidos sobre meus quadris deixam minhas pernas totalmente amostra e pela primeira vez, não o amaldiçoo por ser tão curto. — Você vai da bota suja de barro ao salto em grande estilo.
Ele está se divertindo, seu característico sorriso não se esconde.
— Obrigada! Ter gostos variados é uma boa maneira de não deixar a vida entediante. — Copio seu sorriso.
— Você nunca me pareceu entediante.
Seu olhar de conquistador está em brasas, me queimando por inteira, e eu luto para não voar na boca que dá vontade de lamber e que não larga o sorrisinho de canto. Dou um passo à frente...
— Querido! Me desculpe, mas... Marcel!?
Reluto, mas desvio minha atenção da atraente boca para encontrar a dona da voz enjoativa parada ao lado dele.
Ela? De novo?
A mesma garota da Vesperata mantém a mão sobre o ombro dele em uma clara demonstração de "esse cara está comigo, não está vendo? ".
— Querida — respondo em tom sarcástico. Inspiro devagar, ganhando tempo para me recompor da súbita volta à realidade. — Não se desculpe, já estou de partida. — Encaro-o de relance e avanço um passo em direção a pista de dança. — Tchau!
Mas antes de avançar mais um passo, percebo o divertimento no canto da boca de Marcel.
Cínico.
— Ah! — Volto para perto da vozinha de taquara rachada e falo: — À propósito, você deveria guiar seu namorado pelas trilhas, ele se perde do caminho principal muito facilmente.
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Quatro Semanas ( Degustação. Disponível na Amazon)
RomanceStella Lopes Ernanes é uma jovem cansada de ser submissa aos desejos do namorado. Decidida a ser ela mesma e dona do próprio destino, diz sim ao novo emprego e sai da casa dos pais para morar sozinha em uma cidade desconhecida. Quatro Semanas depois...