Capítulo 23

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Sozinho!?   

Lógico que... não!

Solto o ar bem devagar e continuo meu passeio em direção ao banheiro, porém, sem saber o porquê, paro de repente. O rapaz que vem logo atrás tropeça em mim e eu ganho uma careta de presente.

— Desculpa — falo sem graça enquanto ele contorna meu corpo murmurando algo que não entendo e nem tento entender, meus neurônios só interpretam a imagem próxima ao balcão.

Se o diabo é sexy eu não sei, mas aquele ser sentado na frente do balcão não deixa que eu mande em meu coração e caio em tentação.

— Oi! — libero o cumprimento atrás da nuca de Marcel.

— Oi — ele responde girando o tronco e não esconde a surpresa em me reconhecer.

— Cidade pequena essa, não?

— Muito! Surpreendente também. — Seu olhar muda ao encontrar o meu. — Suspeitei que você não gostasse de sair à noite — ele comenta pausando as palavras, sem qualquer rastro do timbre melodioso.

— O que o levou a pensar assim? — Entro no jogo dele, imprimindo um tom meloso a voz.

O conquistador está à espreita e eu o desafio tanto quanto sou desafiada. Se ele não desviar o olhar, não serei eu a primeira a piscar.

— Minha fonte disse nunca ter visto você nas baladas — ele quebra o breve silêncio, sem desviar os olhos de mim. Bebe um pequeno gole do drink e depois brinca, passeando o canudinho nos lábios, me fazendo engolir em seco.

— Ah! Sua fonte? — Minha sobrancelha esquerda se eleva. — Diz para ela que tenho gostos variados.

— Direi! E... Parabéns pelos gostos variados! — Seus olhos são descarados. Sem qualquer disfarce, partem do meu rosto, vão aos meus seios, cintura e quando chegam ao término do vestido, não vão a lugar nenhum. Os poucos centímetros de tecidos sobre meus quadris deixam minhas pernas totalmente amostra e pela primeira vez, não o amaldiçoo por ser tão curto. — Você vai da bota suja de barro ao salto em grande estilo.

Ele está se divertindo, seu característico sorriso não se esconde.

— Obrigada! Ter gostos variados é uma boa maneira de não deixar a vida entediante. — Copio seu sorriso.

— Você nunca me pareceu entediante.

Seu olhar de conquistador está em brasas, me queimando por inteira, e eu luto para não voar na boca que dá vontade de lamber e que não larga o sorrisinho de canto. Dou um passo à frente...

— Querido! Me desculpe, mas... Marcel!?

Reluto, mas desvio minha atenção da atraente boca para encontrar a dona da voz enjoativa parada ao lado dele.

Ela? De novo?

A mesma garota da Vesperata mantém a mão sobre o ombro dele em uma clara demonstração de "esse cara está comigo, não está vendo? ".

— Querida — respondo em tom sarcástico. Inspiro devagar, ganhando tempo para me recompor da súbita volta à realidade. — Não se desculpe, já estou de partida. — Encaro-o de relance e avanço um passo em direção a pista de dança. — Tchau!

Mas antes de avançar mais um passo, percebo o divertimento no canto da boca de Marcel.

Cínico.

— Ah! — Volto para perto da vozinha de taquara rachada e falo: — À propósito, você deveria guiar seu namorado pelas trilhas, ele se perde do caminho principal muito facilmente.

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