Capítulo 7

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 Edu sentiu falta de nossos encontros diários às vinte horas e trinta minutos, agora é uma questão de tempo até ele estar batendo na minha porta. Porque é isso que ele sempre faz, briga comigo, depois se acalma e arrependido, procura por mim quando descobre não conseguir ver seu futuro longe do meu. Contudo, dessa vez jogarei seu jogo, aguardarei pacientemente que seu gênio forte e sua imensa teimosia venham resolver nossa "importantíssima" questão pessoalmente. Sorrio faceira. Quero muito ver sua cara quando descobrir que quem manda em mim é meu coração e não ele.

Na manhã seguinte, diferente de todos os meus outros dias vividos aqui em Belo Horizonte, saber o que me aguarda no computador do escritório não é meu atrativo principal

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Na manhã seguinte, diferente de todos os meus outros dias vividos aqui em Belo Horizonte, saber o que me aguarda no computador do escritório não é meu atrativo principal. Paro a um passo de entrar na sala onde permaneço, em média, oito horas por dia, e saboreio a discreta e agradável euforia instalada em meu peito. Afasto as pernas e finco os pés no chão. Não estou delirando, a voz em minha mente calou, enfim, alguma endorfina conseguiu se misturar aos demais componentes de meu sangue.

Avanço alguns passos, desejo bom dia a Lucas e, enquanto sento na "minha" cadeira, ele boceja um bom dia de volta, alongando os braços a cima da cabeça. Ligo o computador. Apesar de ter sido, devidamente, apresentada a cada um dos seis funcionários do escritório, mantenho nossas relações no campo estritamente profissional. Sair com um deles, para um chope ou um simples almoço, fatalmente resultaria em comentários sobre nossas vidas pessoais e eu não ando com a mínima vontade de comentar sobre a minha.

— Bom dia! — diz Luiz.

— Bom dia! — retribuo o cumprimento, elevando os olhos.

Luiz, é o supervisor da Ecoviva-BH, tudo passa pelas mãos dele, inclusive meu café. Ele deposita sobre minha mesa, um copo do cheiroso café forte vendido na padaria próxima de sua casa, esboço um sorriso entre lábios agradecendo e ele o retribui. Luiz é a simpatia em pessoa, descobriu minha paixão pela bebida ao me pegar farejando seu copo. Foi gentil, me convidou para conhecer a padaria e sua esposa e, mesmo eu tendo recusado, passou a trazer o café de vez em quando. Ele entra em seu escritório e fecha a porta.

O plin do computador solicita minha senha de acesso e, antes de digitá-la, Lara chama minha atenção.

— Bom dia, Stella.

— Bom dia, Lara.

Um discreto sorriso aparece em meus lábios. Gosto do sorriso genuíno e do agradável tom de voz dela. Formada em Biologia, é apaixonada pelo idiota do setor financeiro, com quem não combina nem um pouco.

Digito minha senha, encaro os links e clico em um qualquer, só para não ver o idiota do setor financeiro, Hugo, vindo atrás dela. Ele é metido a ser "o bom" e não deixa nada de agradável sair de sua boca, faz questão de desfilar marcas caras de roupa, de mencionar qual perfume está usando e de qual parte do mundo ele veio enquanto nós, sempre indo e vindo de áreas na zona rural, elegemos o jeans, uma camisa qualquer e a bota de trilha como uniforme da empresa. Quando fui apresentada aos colegas, todos foram gentis, sem qualquer alvoroço, mas Hugo abandonou alguns papeis sobre a mesa e apressou-se em vir apertar minha mão, trazendo no rosto um radiante sorriso de prazer. Ele me deu um beijo, lento e babado de cada lado da face e se não bastasse essa nojeira toda, ainda me deu um forte abraço roçando seu corpo no meu.

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