Capítulo 28

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   O trânsito tranquilo deste sábado, a música de excelente qualidade e a conversa descontraída dentro do jipe faz nosso destino chegar rápido. Marcel estaciona próximo a orla da Lagoa da Pampulha, desce do carro, o contorna e abre a porta do meu lado.

— A partir daqui seguiremos a pé — ele informa estendendo a mão.

Hesito. Aquele que está longe foi o único homem a ser visto em público ao meu lado. Apoio meus dedos entre os deles, titubeando. Empalideço, vendo-os serem entrelaçados e não mais separados em um toque firme, macio e quente com que já estou ficando acostumada. Caminhamos lado a lado e eu elevo o rosto com um certo orgulho.

Não é para menos que a região da Pampulha seja conhecida como cartão postal da cidade de BH e tenha obtido da Unesco o título de patrimônio cultural da humanidade, a beleza do local faz jus aos títulos recebidos.

— Essa é a Igreja de São Francisco de Assis mais popularmente conhecida como Igrejinha da Pampulha. Meus pais se casaram aqui. — A narrativa empolgada de Marcel não é tão romântica quanto a de Raul, mas é tão envolvente quanto. — Foi projeta por Oscar Niemeyer e no seu interior, venha ver de perto, está a via-sacra, de Cândido Portinari.

A Igrejinha é maravilhosa, por dentro e por fora. A lagoa, o Mineirão e meu acompanhante também. Ele me apresentada ao museu de arte moderna, a casa de baile e ao clube, resumindo suas histórias. Vez por outra, não contentando somente em curtir sua mão suave e quente encobrindo a minha, as observo, incrédula. Incrível o encaixe perfeito entre elas! E entre nós. Nossa conversa flui amigável, Marcel não desvia sua atenção para o celular momento algum, compra água de coco antes que eu manifeste minha cede e me leva para almoçar antes do ronco de meu estômago ser ouvido.

Ocupamos uma mesa do restaurante que é virada para a área de equitação e, enquanto observo algumas crianças galopando nos pacatos cavalos ao ar livre, comento:

— Este lugar mais parece uma fazenda.

— O restaurante é conhecido em todo Brasil pela qualidade da comida do fogão à lenha.

O garçom se aproxima, permito a Marcel escolher nossa refeição e não me arrependo. No final, concordo que o frango ensopado com creme e rodelas de milho verde realmente é espetacular. Depois de esgotarmos o assunto comida e lugares interessantes de BH, não me aguento de curiosidade e acabo perguntando:

— Marcel, você conhece Gisele Bündchen, pessoalmente?

Ela e Marina fizeram vários trabalhos juntas, sei porque as revistas são ótimas informantes.

— Aham! Inclusive, já almoçamos neste restaurante.

Metido! Estreito o olhar. Ele fala displicentemente como se almoçar na companhia de Gisele Bündchen fosse a coisa mais natural do mundo.

— Nossa! Vocês dois...

— Não solte a imaginação! Gisele é amiga da minha irmã. — Reconheço de imediato seu semblante de advertência. Sorrio. Não vou imaginar vocês dois juntos. Ele percebe que recebi seu recado e suaviza. — Você também daria uma modelo de sucesso.

— Eu? Não levo o menor jeito.

De onde ele tirou essa ideia?

— Leva! Você é muito bonita e tem porte. Qual sua altura? — Seu bom humor é puro brilho no olhar.

Ele está me zoando.

— Um metro e setenta.

— Peso?

— Nem sob tortura. — Fecho a cara.

— Vai, responde. — Seu sorriso expande.

— De jeito nenhum. — Estou falhando em não imitar seu sorriso.

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