Capítulo 26

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  O sol avança quarto adentro pelas frestas da cortina. Estico o corpo preguiçosamente, alongando os músculos contraídos pela tensão da semana, tenho certeza que ela e a dança me derrubaram... o drink forte de Lucas ajudou... Boate... Marcel!?

— Putz! O cara lá na sala.

Pulo da cama, me enfio no roupão, destranco a porta e caminho na ponta dos pés.

Uau! Quem removeu todo o oxigênio desse cômodo?

Minha respiração suspensa forma um vácuo ao redor de mim e paralisa meus músculos, travando meu raciocínio. O visual no colchão é de deixar qualquer mulher tonta.

Ele tirou os sapatos, a camisa, o cinto e a calça está baixa em seu quadril.

Nossa!

Meus olhos recusam, mas, depois de algum esforço, acomodam-se na órbita enquanto tento recuperar o foco e... Ufa! O fôlego.

O corpo de um homem, no auge dos seus um metro e oitenta e tantos centímetros, está estendido no meu colchão, com a cabeça apoiada nas minhas almofadas e pendida na minha direção... Engulo em seco! Inspiro fundo, desacelerando minha análise galopante. Depois, continuo. O ventre está todinho exposto e ao alcance de minhas mãos, é só estender os dedos e tocar? Inspiro novamente. Claro que não! Recolho os dedos, mordo o lábio, fazendo careta para resistir a tamanha tentação. Suspiro. Ah! Mas eu não vou perder a oportunidade de apreciar essa bela paisagem natural trazida para dentro da minha sala. Não vou mesmo!

Sossego os instintos respirando pausada, repetidas e profundas vezes. Sento no chão, cruzo as pernas e libero meus olhos.

Marcel não é um garoto, seu corpo é muito bem formado. Os músculos do abdômen, assim como os do peito e dos braços são definidos, fortes e rígidos, mas não exageradamente malhados. Prendo as mãos nas costas para não tocar os pelos dourados do peito que sobem e descem acompanhando seu ressonar tranquilo. Pelos que se espalham brilhando dourado à luz do amanhecer em menor número na barriga e se escondem em maior proporção para dentro do elástico preto Calvin Klein da cuec... Arh! Deixa pra lá! Balanço a cabeça, pulo essa parte depois de umedecer os lábios ressecados com a língua. Miro nas pernas. Elas são longas, bem torneadas, moldam o brim da calça de um jeito tão... perfeito. Engulo em seco mais uma vez para concentrar em seu rosto sereno. Meço meus movimentos e, torcendo para não fazer barulho, deito no chão. Apoio a cabeça em uma das mãos enquanto meus dedos seguem meus olhos delineando o nariz reto, discretamente arrebitado, mas definitivamente másculo. Seus olhos são profundos e as grossas sobrancelhas, esculpidas em castanho claro, quase se unem na altura do nariz e, assim como o cabelo e os pelos do peito, possuem alguns fios claros brilhando dourado na claridade que vai ganhando maior proporção durante o avançar da manhã. Não seguro um terno sorriso ao criar sua expressão de menino na minha mente. Ele deve ter sido lindinho, branquinho, loirinho e de cachinhos bem ao estilo anjinho barroco das ilustrações dos livros de História. Meu olhar passeia pela barba que desponta cerrada e estaciona na boca. Deveria haver censura para isso, é uma indecência! Seus lábios são carnudos, rosados, perfeitamente esculpidos. Um abuso! E como podem estar assim tão convidativos entre abertos na minha frente?! Evito cair em tentação mordendo meu lábio inferior, engolindo o suspiro ao lembrar do gosto desses lábios colados aos meus... Humm... Que vontade de beijar! Ali no cantinho... Bem de mansinho e depois... Depois morder de levinho... deslizando a língua... Sugando...

Arregalo os olhos e coço a nuca.

Meu Deus!

Tudo isso!

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