Capítulo 31

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Para minha surpresa, não há cineminha após o trabalho. Sou levada ao mirante da cidade, no alto do bairro Mangabeiras para curtir uma maravilhosa visão panorâmica da cidade.

— A vista é linda e a pipoca, realmente, é muito gostosa. Esses pedacinhos de queijo são o máximo — comento e depois coloco um punhado de pipoca na boca.

— Não gostei. — Marcel franze a testa. — Cadê o olhar iluminado de fascinação?

— Hein...— Quase engasgo — Quer dizer... — engulo as pipocas mal mastigadas — ... que você está me levando para conhecer todos esses lugares só por causa do meu olhar?

— Claro que não! Estou cumprindo todas as etapas, você não pediu? — Seu olhar suaviza. — Gosto de sair com você, mas ver sua carinha intrigada é indescritível.

Ele usa cada adjetivo.

Sério!? Intrigada!?

Não retruco porque também gosto de sair com ele, mas não fico intrigada, fico em paz.

Posiciono-me entre seus braços para apreciarmos as luzes da cidade. Ouço, atentamente, onde estão nossas casas e pontos turísticos. É gostoso aprender a localização dos lugares e intrigante não entender de que lugar vem seu timbre e o porquê de ele me atingir dessa forma.

O que esse cara tem?

Quando a narrativa termina, me viro, retribuo o abraço, mordisco seu lábio inferior e esclareço.

— O olhar de fascinação é para a arquitetura divina. Para arquitetura humana, o olhar é de... interesse.

— Seu olhar de fascinação sobre mim? Me enquadro na arquitetura divina? — O sorriso divertido está no seu local habitual.

— Claro! — provoco-o, abusando de uma pausa prolongada. Copio o contorno alegre de seus lábios e completo lentamente: — Como... Homem... Você é uma criação divina.

— Como homem? — Seus olhos arregalam. — aí, gostei! Você está mais relaxada hoje.

— É! Nem percebi.

— Está carinhosa.

— Gostou?

— Oh! Muito.

— Resolvi um probleminha no escritório e tirei um peso enorme das minhas costas ao saber que você não é um playboy fútil.

— Só uma imaginação fértil como a sua para imaginar uma coisa dessa.

— Fértil!? Minha imaginação apenas interpretou os fatos.

— Por que não pergunta? Seria mais fácil se você fosse mais aberta. — Ele me encara.

— Se eu me abrir... — Copio seu sorriso divertido. Já tive minha cota de conversas sérias por hoje. —... não teremos mais nenhuma etapa. Não serei a chatinha irritante que o atrai e você desistirá de mim. — Marcel libera um sorriso enviesado e com ar de provocação fala.

— Então, você não quer que eu desista de você?

— Não enquanto eu fizer bem a você.

Enfio um punhado de pipocas na boca dele e outro na minha. Volto a nossa posição de apreciar as luzes da cidade, recosto em seu peito e aos poucos aprecio uma serenidade que não sentia desde que parei de me reconhecer. A paz em meu espírito me eleva ao estado de êxtase, tudo é tão lindo! Tenho um trabalho empolgante, parceiros maravilhosos, Marcel ao meu lado, o namoradinho...

"Calma! Ele não é namorado, nem o ideal."

Meu racional parabeniza a sensatez do irracional, o deixa envaidecido e a mim ainda mais satisfeita pelo rumo tomado pela minha vida. Esse é um bom caminho, um passo de cada vez, mantendo a mente lúcida, ou pelo menos quase.

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