Capítulo 41

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    Ai. Meu. Deus!

A quantidade exorbitante de adrenalina liberada na minha corrente sanguínea interrompe meus batimentos cardíacos, suspende minha respiração. Não sei se pulo, se me contorço, se soco o ar ou se simplesmente caio de joelhos a seus pés. Em choque, consigo somente cobrir a boca exageradamente aberta com as mãos. Aprecio petrificada as mãozinhas de Isa baterem palmas sobre a enorme cesta de lanche espremida entre ela e os braços do sorridente Marcel.

Ai!

Definitivamente, é preciso respirar. O ar contido foge de meus pulmões, me tirando do vácuo formado ao redor de nós, pisco e ordeno aos músculos que funcionem. Retiro a cesta dos braços de Marcel, beijo seus lábios e a bochecha de Isa. Trêmula, engulo meu pesar e a raiva de Edu. Falo, sem engasgar, encarando de soslaio a imensa bolsa de Isa pendurada no ombro de Marcel:

— Essa bolsa cor de rosa caiu muito bem em você!

— Isso é bom! Meu sonho de consumo sempre foi ter uma dessas.

— Entre! — Abro caminho. Marcel solta Isa no chão e enlaça minha cintura. — Isa estava morrendo de saudades de mim e pediu uma carona? — pergunto, depois de colocar a cesta no chão e envolver seu pescoço.

— Todos os dias ela me liga perguntando por você. — Ganho um selinho. — Presumi que você não se importaria de um incremento na nossa brincadeira de casinha, então trouxe a boneca.

E que boneca!

Desisto de tentar descobrir se ela é movida a pilha ou bateria quando sua potência diminui depois da terceira rodada de reconhecer o território engatinhando veloz pela sala.

Estendo um edredom no chão e o piquenique improvisado se transforma em um verdadeiro sucesso. Apesar de diversos brinquedos estarem espalhados, Isa prefere participar ativamente de nossas atividades. Ela retira o pote de geleia sentada no meu colo, pula para o colo de Marcel para retirar as torradas, um pacote de biscoito não resiste ao seu "delicado" charme de um aninho de idade, esparrama-se pelo edredom ao perder parte de sua embalagem quando é retirado abruptamente da cesta. Enquanto comemos, ela belisca um pouco de tudo, engatinha passando entre nós, sobre nós, soltando gritinhos que variam dos graves aos agudos. Ela faz de tudo para chamar nossa atenção... E consegue! Ficamos feito bobos rindo para ela. Depois de esvaziar a mamadeira, ela sossega sentada no meio do edredom revirando uma casinha cheia de encaixes coloridos. Levo o restante do conteúdo da cesta para cozinha, me deito no colchão recostada em Marcel e ele me abraça, mas nossos olhos continuam fixos em Isa.

— Ela é muito boa em brincar de casinha — comento — e de comidinha também.

A barba por fazer, esfregada em meu ombro, consegue me arrepiar... todinha.

— Não vai demorar muito para ela dormir — Marcel diz, repete o movimento do queixo e se afasta. — Ela sempre dorme depois de encher a barriga.

— Como você sabe?

Contorço. Suas mãos sobem por minhas costas e ao descobrirem a falta do sutiã, deslizam livremente da nuca à base de minha coluna.

Quebro o galho da Lili de vez em quando. Hoje, fizemos um justo acordo: usando meu ingresso, ela foi ver o jogo de futebol do time do meu coração, acompanhada de Sérgio, e amanhã você vai ao baile comigo usando o convite que estava sobrando de uma de suas colegas. Troca justa, não acha?

— Lili quis ir para o futebol!? — Descrente, reviro e observo sua cabeça assentindo. — Se você está dizendo! Quem sou eu para interferir em negociação de família. Aííí... — A mordiscada no lóbulo da minha orelha traz seu peito de encontro aos meus seios. Sua boca encontra a minha, embaralhando meus sentidos de vez.

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