Capítulo 17

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Liberto minha boca! Não paro de gritar e de desferir socos e pontapés enquanto estou presa contra um grande peito masculino, sua respiração roça em meu cabelo, enquanto seus braços tentam me manter imóvel. Meu coração ameaça sair pela boca, enquanto minhas unhas cravam no braço do homem, arranhando sua pele e meu joelho já está voando para cima e para frente, quando a melodiosa voz grave, firme e... e terna do Ô do Jipe Vermelho é reconhecida por meus neurônios. Relaxo os músculos.

- Já passou! Calma! - ele repete mais algumas vezes próximo de meu ouvido, afagando meu cabelo. - Passou!

Abaixo o joelho. Encaro, arfando, os olhos cor de mel fixos em mim e, enquanto suas mãos deslizam meu corpo para o cantinho seguro entre seu braço e seu peito, aperto algum botão, desligando o toque personalizado de Edu.

Hein!? Não há nada entre a vida do motorista do jipe vermelho e a minha. Franzo cenho. Por que desliguei a ligação de Edu?

Estremeço novamente, dessa vez, sob o toque de Alexia.

- Tudo bem? - ela pergunta em um misto de curiosidade e apreensão, os olhos atordoados fixo na cena carinhosa exibida no meio da rua.

- Agora está - Ô do Jipe Vermelho responde por mim, deslizando os dedos em meu cabelo e meu olhar muda para o modo irado enquanto tento colocar a coluna ereta. Não preciso de porta voz. - Ela quase foi assaltada andando pela parte mais escura e deserta da rua.

- Quase fui, é? - Livro-me de seus braços e pergunto exageradamente supressa. Não havia ninguém, mas ao acompanhar o olhar dele, observo dois sujeitos dobrando a esquina mais próxima em largas passadas.

- Então, se está tudo bem - Beto fala - , eu, as acompanho até em casa.

- Não se preocupe. Stella irá comigo. - Ô do Jipe Vermelho me avalia e ao perceber meu olhar recriminador, sorri. - Quer minha carona, não quer?

Pisco e, ainda muito atordoada, dou um passo para me afastar da cheirosa blusa branca. Depois de estender uma fantasiada, falsa, explicação sobre a inusitada corona e tentando absorver o impacto de estar ao lado do Ô do Jipe Vermelho, observo Alexia e Beto se afastarem do meu campo de visão.

Engulo o restante do impacto e sem querer saber o que este homem está fazendo aqui, sou rude.

- Agora não posso alegar que não entro em carro de desconhecido, mas posso alegar, querido, que não entro em carro de qualquer um.

Hoje ele desilude de mim de vez. Giro nos calcanhares. Afasto-me em largas passadas, sem conseguir ir muito longe.

Quem ele pensa que é?

Minha marcha é interrompida por sua mão, firmemente moldada sobre meu cotovelo. Encaro seus dedos irada e toda potência de seu timbre melodioso ecoa entre meus neurônios.

- Não seja precipitada em seu julgamento. A noite está quente e eu vim convidá-la para tomar um chope.

- Ô do Jipe Vermelho - exclamo e tiro meus olhos de seus dedos em meu braço, para o confrontar - , não estou sendo precipitada, as evidências são óbvias....

Não tenho tempo de inspirar. O ataque é preciso. Uma de suas mãos ata meus pulsos entre meus seios, a outra envolve minha cintura, esconde meu corpo em seu peito e seus lábios somem com os meus. Dessa vez sua boca não é nada gentil, sua língua exigente invade minha boca. Ela procura, provoca, instiga. Vai atrás da recíproca, que não vem.

- Folgado - esbravejo. Serro os punhos, o empurro no exato momento que seu braço afrouxa um pouco o laço a minha volta.

Inútil!

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