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 O que é felicidade para você? O termo varia drasticamente de pessoa para pessoa, e cada um acaba por ter uma resposta própria e individual. Há humanos que sentem-se plenamente satisfeitos em ter uma Ferrari, ou uma casa avaliada em um milhão de dólares na beira da praia de Miami Beach. Para outros, ser feliz é ter um bom emprego e ser bem-sucedido. Mas para mim a água corria de maneira diferente.

Minha felicidade era sair de Memphis East High School às 16h da tarde com alguns de meus amigos mais próximos e ir até a sorveteria Columbus, localizada a duas quadras do edifício estudantil. Toda vez que entrávamos no local, um sino soava e indicava nossa chegada para Hans. Nós nos sentávamos na última mesa laminada próxima à porta dos fundos, onde o sofá tinha listras brancas e vermelhas e era retrô. Em todos os dias que íamos, eu me sentava na poltrona encostada à parede que me privilegiava com a vista ampla da sorveteria; havia algo acolhedor no ato de observar pessoas diferentes entrarem e saírem e poder sorrir para elas, ou ao menos ver quem eram e tentar adivinhar o dia que estavam tendo ao analisar suas expressões. O piso da sorveteria era tão espirituoso quanto o resto do local, equiparava-se à um tabuleiro xadrez, só que vermelho, e o chão reluzia por conta da cera e das luzes distribuídas. As palavras "All American" estavam fixas à parede em um letreiro e emanavam luz vermelha.

O dono era Hans Columbus, um senhor de setenta anos que refugiou-se no Tennessee após fugir da Polônia durante a Segunda Guerra Mundial.

Por horas nós apenas tomávamos sorvetes de menta com chocolate e ouvíamos Hans falar sobre o caos que era viver no período de uma guerra e dos campos de concentração. Era uma matéria lecionada nas aulas de História, mas ouvir de alguém que vivenciou tudo aquilo era totalmente diferente de ler qualquer texto num livro.

Hans contou-nos que ficou em Auschwitz-Birkenau, localizado na Polônia, e que era um campo de concentração específico para o trabalho e extermínio de judeus. Ele era alemão, de raça pura, muito branco e de olhos azuis claros e experientes, mas na época havia machucado seu joelho e fora mandado nos vagões junto aos outros. Contou-nos sobre o desespero e a sujeira do meio em que viveu e como o cheiro da carne humana queimando é repugnante. Mas, segundo ele, nem tudo foi desagradável. Foi lá que Hans conheceu Adelia Ateret, uma judaica, e sua esposa há trinta e sete anos.

William Shakespeare disse que você faz suas escolhas e suas escolhas fazem você. Hans Columbus escolheu fugir da Polônia com o amor de sua vida, assim como eu escolhi mudar-me com meus pais para Seattle, Washington. Escolhi deixar a sorveteria Columbus e o melhor sorvete de menta com chocolate para trás. Assim como escolhi deixar Hans e suas histórias, e as melhores pessoas que pude encontrar naquela cidade para chamar de amigos.

As famílias Maddox e Dawson eram amigas há várias gerações. A empresa Maddox era líder em fabricação ecológica e soluções agrícolas de próxima geração. Theodore Maddox é o presidente da empresa, e Charles Dawson é seu mais novo vice-presidente.

Meu nome é Alexandra Dawson.

A Teoria do Caos.Onde histórias criam vida. Descubra agora