3 | angel

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Fico ali deitada por um longo tempo, o quanto não consigo dizer, mas agora o céu estava começando a escurecer. Meus olhos estavam inchados, fiquei em posição fetal me lembrando de cada minuto que passei. Do dia em que deixei Megan ir a um Pub sem mim, há vinte quatro ou mais horas atrás, até agora. Presenciei mortes, fui sequestrada, machucada, ameaçada e largada num quarto dentro de uma mansão chique. Não sei onde estou, muito menos com quem.

Não consigo não pensar nos meus pais. Meu coração dói muito. Mesmo que não os veja há muito tempo, porque se mudaram pra bem longe, ainda sim os amo e sinto a falta deles. Quando eles foram, eu fiquei, não foi nada fácil, tinha dezesseis anos e tínhamos brigado porque ninguém apoiava minha mudança com Megan, os dois queriam que eu fosse pro interior com eles, mas eu sabia que a melhor faculdade pra mim ficava em Londres, não poderia ir embora. Mesmo prometendo que os visitaria todo mês não foi o suficiente, a despedida não foi bonita. Meu pai, de uns meses pra cá me envia dinheiro pra ajudar com tudo, como forma de querer se reaproximar. Estávamos com saudades um do outro, claro, somos família. E eu pretendia visita-los no fim desse mês, no aniversário da minha mãe.

Soluço de tanto pensar neles. Se tivesse ido com eles isso não teria acontecido. Seu eu tivesse convencido Megan a ficar em casa, talvez também nada disso teria acontecido. Quantos atos poderiam ter sidos evitados até aqui? O quanto minha vida poderia estar diferente? O quanto eu poderia estar livre de qualquer perigo?

O quarto está frio. O ar condicionado está desligado e vejo que a lareira elétrica prensada na parede que havia acabado de reparar, também está desligada. Não faço ideia de como mexer nisso, mas estou com frio, então decido enxugar as lágrimas, respirar fundo e ir tomar um banho quente.

Pego a mesma toalha e vou pro banheiro. Decido não esperar a banheira encher então vou direto pro chuveiro. Tiro minhas roupas e entro. O contato da água quente faz eu me arrepiar. Posso não saber onde estou, mas tenho certeza que o clima daqui também é frio como é em casa.

Molho todo meu corpo e uso um sabonete líquido que vi apoiado no porta shampoo. Tem cheiro de framboesa e morango, me esfrego com uma esponja de banho macia e fecho os olhos sentindo a água quase fervendo. Só os abro quando tomo um susto ao ouvir um coçar de garganta. Me viro e vejo o homem apoiado no batente da porta, esqueci ela aberta, mas pensando bem isso não faia muita diferença, ele está na casa dele e pelo o que entendi, sou sua. O que ele não poderia fazer?

Ele me encara com as duas mãos no bolso, sei que meu rosto não consegue ver, o vidro do box está bem embaçado nessa direção, mas o resto do corpo está praticamente livre pra ele. Só de pensar nisso sinto calafrios. Faz muito tempo desde a última vez em que fiquei nua na frente de alguém, foi embaraçoso mesmo sendo namorada, agora então, é bem pior.

 Ser tocada por um desconhecido, como alguém poderia estar preparado pra isso?

Ele caminha devagar até mim, me viro pra fechar o chuveiro e declarar que já finalizei, sei o que quer comigo e que também não posso fugir, mas posso tentar atrasar. Infelizmente paro assim que ele chupa o dente negativamente, deixando claro pra eu não fazer o que tanto queria. Então paro, mas não me viro pra ele, fico ali sentindo a água quente cair nas minhas costas enquanto encaro a parede de mármore branca a minha frente. Ela esquenta enquanto ele se aproxima, sei que agora posso estar vermelha, quase queimando quando seus passos se aproximam, fazendo minha respiração se desregular, tropeçar entre si, perder o ritmo, enquanto estou quase perdendo a pele debaixo dessa água fervente.

— Seu corpo... — Ele começa. — Nunca vi igual.

Engulo seco e tento respirar com calma.

— É tão delicado e... — Ele pensa por um tempo. — Sexy.

Sweet SyndromeOnde histórias criam vida. Descubra agora