17 | a long, long night

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Um pequeno vislumbre dessa madrugada ainda rondava minha mente. Acordei incomodada, sentindo um pequeno ar bater contra meu rosto, era a respiração do meu sequestrador, tão próximo a mim, me observando dormir. Quando o senti se afastar abri os olhos. Ele não me tocou enquanto estava desacordada, não senti sua mão sobre mim. Estava indo embora sem fazer nada.

O que ele teria vindo fazer?

Provavelmente era muito tarde, não haveria razões para eu estar acordada, é ele quem costuma trocar o dia pela noite. Me espreguicei e ele se virou., metade de seu rosto estava coberto pela escuridão, a outra metade sendo iluminada por uma fresta da cortina que estava aberta. A olheira era nítida, junto de seu cansaço, olhos negros e a face caída. Parado ali, me olhando.

Como um anjo caído.

Zach tinha ido embora, a cama está quente e meu café da manhã me espera na escrivaninha. Preciso caminhar até lá para me lembrar de quem sempre o traz.

Owen sempre me vira dormir quando entra aqui?

Deitada e tão pequena, escondida no meio dessa
cama enorme. Ele me observa como Z fez noite passada? Ou deixa a bandeja e se retira sem ao menos levantar seu olhar?

Panquecas doces e frutas enchem os pratos, esse é meu café da manhã, junto da mesma xícara de ontem, contendo o mesmo liquido marrom claro. Chá de maça e canela.

Levo minha na mão a meu machucado por cima da calça sem saber o que sentir, sem saber o que pensar.

E se fora Zach quem o mandou fazer? Ele não iria querer sua garota com marcas ruins para sempre, não é? Eu teria que ser perfeita para ele.

Iniciei uma nova leitura depois do café. Agora, um livro de suspense me faz companhia, " O colecionador" esteve por muito tempo na minha whishlist, mas nunca tive coragem de comprar por parecer terrível demais, agora, nada do que eu lesse poderia me assustar. Miranda foi sequestrada por um maluco, eu também, Miranda vive presa, bom... Ainda estou no primeiro capitulo, coisas piores podem acontecer, ou não.

Steph me assusta quando abre a porta com raiva e entra deixando mais roupas, lingeries e alguns produtos para o ferimento em cima da escrivaninha. Ela não me olha, faz tudo muito rápido e de jeito desleixado, depois sai batendo a porta.

— Ok... — Falo sozinha e volto a ler.

Me levanto para tomar banho quando a tarde chega, o almoço ainda não foi entregue, a bandeja do café também não foi levado.

Demoro mais que o comum, porque decido lavar o cabelo e me depilar. O ferimento também, dessa vez teria que ser limpo por mim, faço isso sem pressa e com cuidado, por sorte, não sinto dor.

Estou saindo do banheiro quando a porta do quarto é aberta me dando um susto, tendo que segurar a toalha com força para que não caísse do corpo. Owen balança a bandeja derramando um pouco do suco sob a prata quando me vê o logo a larga em cima da escrivaninha, do lado das roupas e lingeries, que com certeza, estão bem a mostra.

Meu rosto se aquece na mesma hora de vergonha.

— Meu deus, me desculpa. — Ele pisca e desvia o olhar para o chão, só assim vê que derrubou suco ali também. — Vou limpar. — Fala alto o bastante para que o segurança ouça o que está fazendo. O garoto tira um pano do avental e começa a secar o chão. Me mantenho imóvel.

— Tudo bem, eu...

— Eu me atrasei. Era para ter entregue trinta minutos atrás. — Me interrompe ainda limpando o chão.

— Está tudo bem.

— Não. — Ele aperta o pano com força. Ten raiva na sua voz. Provavelmente ouvirá algo do seu tão paciente chefe, então entendo a fúria. — Com licença. — Ele se levanta rapidamente e se prepara para sair.

Sweet SyndromeOnde histórias criam vida. Descubra agora