33 | chaos

384 42 125
                                    



De frente para o espelho aliso o cetim verde escuro ainda sem acreditar em como essa cor caiu bem em mim. Já havia usado outras tonalidades em casacos e moletons, mais claros, mas dessa vez, o verde não é tão chamativo, quase chegando a ser muito escuro, como uma relva em dias chuvosos e nebulosos. Ele cai até minha canela e uma fenda se abre na lateral da minha coxa deixando evidente sua elegância e minha cicatriz ali, nada sensual. O salto não é tão alto, mas extremamente fino, tanto que não sei como vou caminhar com ele para onde quer que eu vá essa noite. Tiro os olhos da roupa e me encaro. A pele pálida, como sempre, faz constraste com o batom escuro que passei, nos olhos, apenas um pouco glitter e um fino delineado, nada exagerado, o vestido já parece poder chamar atenção suficiente.

Burrifo o perfume pelo corpo quando a porta se abre. Não consigo evitar o sorriso quando noto a calça de alfaiataria no mesmo tom do meu vestido. Em cima, ele veste uma blusa social preta com alguns botões, os braços estão despidos, livres para mostrar suas tatuagens. Meus olhos sobem para o seu rosto, o cabelo recém cortado, a barba feita, os olhos escuros. Eles não olham diretamente nos meus, fitam meu vestido, começando debaixo e subindo lentamente, até parar em meu pescoço.

— Falta algo. — Ele parece decepcionado, seu tom é seco, não diz o que eu esperava, o que me chateia instantaneamente, até que ele se aproxima e tira as mãos do bolso. Em uma delas tira um fio prateado brilhante. O colar de asas.

Automaticamente penso para onde vão minhas coisas depois que as uso. São para mim, minhas, segundo ele, mas apenas visto uma vez, e depois tudo é levado. O colar não fora diferente. Retirei para o banho e deixe na estante, no dia seguinte, tudo havia sumido, inclusive ele.

Agora, a minha frente parece brilhar mais ainda.

Zach não precisa mandar, me viro devagar ficando de costas para ele. Sua mão me toca fazendo meus pelos se arrepiarem, meu cabelo é jogado para o lado e a joia me envolve. Quando finalmente o gelado pousa no meu pescoço acaricio a joia e me viro.

— Agora sim, perfeita. — Ele sussurra e eu tremo com o elogio.

Zach já despertou outros sentimentos em mim que nunca, jamais, havia conhecido. Desde que cheguei, sinto algo novo e diferente com ele, graças a ele. Mesmo assim, ao ouvir uma única palavra, meu coração age de forma diferente, não reconheço o que é, mas uma imensidão me toma, afundando meu corpo e coração, me fazendo pairar. Há muito nos segundos que se passam, eu procuro, mas uma palavra não seria capaz de expressar o que acabou de acontecer dentro de mim.

— Vamos? — O tempo volta a passar. Me lembro de ter olhado o relógio pouco tempo atrás. Cinco minutos se passaram e são pouco mais de dez horas agora, mesmo que pareça ter ficado horas o encarando.

Ele me guia para o andar da garagem. Dessa vez, andamos pelo pátio em meio a muitos carros, enquanto ele escolhe o que vai usar hoje, como alguém que escolhe qual roupa intima vai usar no dia. São seis carros estacionados, exibindo luxúria e riqueza em seus designs.

Mal poderia arriscar seu valores.

Mas, no final há um carro coberto por um pano preto. Z me encara antes de avançar e puxar tecido o jogando no chão revelando o que estava escondido ali embaixo. O automóvel brilha me deixando incapaz de se quer piscar, meu coração acelera e minha boca se abre sem acreditar no que estou vendo a minha frente.

Ele não fez isso.

— Comprei esse hoje. — Fico imóvel com o carro a minha frente, verde escuro e brilhante, exatamente como o vestido que estou usando. O vestido que ele acabou de me dar.

— Z... — O chamo, não consigo pensar em mais nada além disso.

Já notei seu fascínio com os looks combinando, mas isso, não há palavras.

Sweet SyndromeOnde histórias criam vida. Descubra agora