1 | kidnapped

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ANDY

São seis horas da tarde quando deixo a faculdade. A maioria dos meus colegas vão pro estágio agora, mas eu ainda não achei o meu. Estar na faculdade de Literatura é mais complicado do que achei que seria. Sempre foi meu sonho, desde meus nove anos já tinha a certeza disso e minha sorte foi ter focado tanto nos estudos que pulei um ano na escola, e hoje com apenas dezessete anos estou no primeiro semestre. Infelizmente, não é nada parecido com a escola, o esforço de antes agora é dobrado e mesmo que eu me empenhe, não sou aceita em nenhum estágio.

— Não se cobre tanto, ok? — Olive me dá um empurrão ao perceber que estou quieta e pensando demais, sou leve então acabo sendo jogada pro lado. Nós duas rimos. — Desculpa, ai. Não quero matar a nossa futura melhor escritora do mundo.

— Como vou ser isso se nem ao menos um trabalho eu consigo? — Rolo os olhos e bufo.

— Calma, você está no primeiro semestre, logo logo alguma coisa aparece pra você.

— É, pode ter razão.

Olive está no terceiro semestre em Letras, arranjou um emprego tem um mês, faz sentido eles esperarem um tempo pra começar a contratar, afinal, um recém universitário não é tão confiável quanto um universitário com três semestres no currículo, tenho que levar em conta também que minha idade não ajuda muito. O que posso fazer é focar no estudo, manter minhas notas boas e esperar, mesmo que não seja a pessoa mais paciente do mundo.

— Bom, eu vou por aqui, a gente se vê no clube do estudo amanhã, né? —Ela arruma a mochila e se afasta um pouco de mim.

— Com certeza.

— Boa sexta pra você, vê se não bebe muito e não some. — Ela é irônica e eu rio.

Olive vira a direita enquanto eu viro a esquerda. Por sorte a faculdade não é longe do meu apartamento, então consigo ir e voltar andando tranquilamente, somente nos dias em que acordo atrasada - e não por minha culpa -  pego ônibus pra chegar.

Quando vou atravessar a rua vejo um carro preto acelerar, no mesmo instante devolvo meu pé de volta a calçada e o espero passar, mas ele não o faz, desacelera e parece querer estacionar, franzo a sobrancelha e estreito os olhos a fim de encontrar qualquer sinal do motorista pra que eu possa atravessar, mas o vidro é completamente escuro e não enxergo nada, percebendo assim que já vi esse carro antes, meses atrás, sei que é ele, reconheço a placa diferente, somente com números. Ele não é como os que estão por aqui, é chique e grande, muito diferente do que os moradores dessa região costumam dirigir.
Espero mais alguns segundos, o carro não se mexe, continua parado, mesmo sem ter semáforo vermelho, ou de que vá estacionar, continua parado no meio da rua, então atravesso e sigo meu caminho tentando ignorar o quanto isso é estranho.

Oito minutos andando é o suficiente pra chegar a minha rua. Quando entro nela ouço um motor um pouco distante dali. Olho pra trás e vejo o mesmo carro preto, com certeza é o mesmo de antes, o que dirigia devagar quando eu ia atravessar. Meu coração dá um acelerada e eu começo a andar rapidamente ajeitando a mochila em meu ombro. Dou uma pequena olhada para trás e vejo que ele não anda, fica parado no final da rua, os faróis estão ligados e ainda continuo sem conseguir enxergar quem está dentro.

Bizarro.

Entro no prédio rapidamente e fecho a porta encarando o automóvel parado.

— Boa noite. — Falo com o guarda, mas ele não responde. está focado em seus fones ligados enquanto lê alguma coisa no celular. — Sabe, tem um carro incomum rondando o bairro... — Tento chamar sua atenção.

Sweet SyndromeOnde histórias criam vida. Descubra agora