34 | one number

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ANDY

Meu corpo todo se treme, minhas pernas ficam bambas, minhas mãos suam. Não sei se posso confiar no homem a minha frente, mas não consigo pensar tanto com os tiros ficando cada vez mais altos, o seu olhar em completo desespero, e sua mão estendida em insistência para que eu a pegue.

Meu coração dói com a dúvida. Dou um impulso para frente ao ouvir mais bombas, por puro desespero, mas paro quando lembro do par de mãos e olhos verdes em cima de mim. Owen nunca me deu motivos para desconfiar dele, mas Adam nunca tinha dado também. Minha cabeça gira, a qualquer momento posso ter um parada cardíaca de tão rápido que meu coração bate e Owen parece perceber.

— Você vai morrer se eu não te levar. Eu tenho que te tirar daqui, Andy. É o protocolo para todos. Vem comigo. — Percebo suor escorrer pela testa dele. Sua voz treme e o peito sobe e desce por baixo da blusa branca molhada. Não há sangue nele. Ele não matou ninguém para chegar até aqui.

Veio apenas me resgatar. É o protocolo.

— Nós vamos morrer se ficar, se não por eles, eu por Zach que vai me matar por ter o desobedecido e você vai morrer porque eles te mataram, Andy! Vamos! — Ele quase grita, está desesperado. Não penso, apenas pego em sua mão.

Ele me puxa com rapidez e me tira do quarto.

— Abaixe. — Com o braço me empurra para que eu fique atrás. O obedeço e não consigo evitar de levar as mãos a cabeça a protegendo.

Como se fossem o suficiente para aguentar um tiro.

O barulho vai ficando mais alto a cada degrau decido, e o número de corpos também. Os seguranças de Zach estão no chão, posas de sangue os rodeiam. Owen se agacha a um deles e pega uma arma, verifica se está carregada, seguimos caminho.

Para onde está me levando? O que está acontecendo?

— Shhh. — Ele para bruscamente me fazendo bater em suas costas. Sem me olhar avisa com a mão para que eu fique, então avança o corredor e vira a direita com a arma a altura de seu rosto. Está mirando em algo que não pode ver, mas em alguém que ouviu.
Um segundo é o suficiente, ele dispara duas vezes.

Dou um pulo e grudo mais na parede. Minha garganta está seca, ainda falta um andar para descer e não sei se vou conseguir.

Owen volta. Está nervoso apesar de ter tido sucesso em seu tiro.

Eu respondo tudo depois, a prioridade é te tirar daqui com segurança. Vem. — Assinto em desespero para sua prioridade ser cumprida.

Esbarramos em um segurança assim que descemos toda a escada. Owen me pega pela mão e faz o caminho contrário da saída principal.

— Estávamos a caminho. — Ele diz assim que me nota. — A leve para o esconderijo. Te encontro lá. — O homem também está suado, mas diferente de Owen, há sangue respingado em seu rosto. Owen apenas assente e me leva para o meu próximo destino.

Chegamos a uma área que nunca tinha pisado antes. Os tiros ficam cada vez mais baixos apesar da poeira ainda empestear o ar. Tusso algumas vezes e espremo os olhos com dificuldade de encarar o caminho a minha frente.

— Vamos passar por essa porta. — Owen está a minha frente mais pálido que o normal, olho através dele, vejo uma porta me permitindo apenas um pequeno vislumbre do lado de fora. Pareço estar num sonho. Névoa por todo lado, a saída a minha frente. — E eu quero que corra o mais rápido possível. O esconderijo é em um bunker, do outro lado do gramado. Me ouviu direito?

Sweet SyndromeOnde histórias criam vida. Descubra agora