16 | mind of mine

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O céu escuro é o único que me faz companhia. Zach não veio ao quarto nenhuma vez durante a tarde, nem mesmo Steph ou Owen. Minha barriga ronca, estou no segundo livro e até agora a janta não tinha vindo ser entregue. Não poderia ter feito nada de errado, a menos que Z tivesse trocado de personalidade, como de costume, e decidido me dar um castigo atrasado. Mas, tiro a ideia da cabeça quando a porta é aberta por ele.

Z fica parado me olhando, como se tivesse errado o quarto, como se pensasse nas palavras certas a dizer, como se estivesse arrependido de estar aqui.

— Como você está? — Ele finalmente diz quando fecha a porta atrás de si e encosta as costas com as mãos escondidas dentro da calça.

— Bem.

— Vejo que já terminou o primeiro livro. — Ele nota minha segunda leitura jogada na cama, já quase pela metade. — Sempre achei fascinante como engole essas palavras tediosas. Você é tão diferente delas. Você tem uma mente brilhante, Angel.

— É. — Suspiro. — Teria tido um futuro assim também.

Ele desencosta da porta e anda até a cama.

— Não comece. — Diz calmo. — Posso e vou te mostrar o outro lado da vida.

— O lado perigoso? — Não era minha intenção que soasse com malícia, mas foi assim que Z entendeu. Ele sorriu de lado e meu coração acelerou com a covinha que se formou no canto.

— É isso o que quer? — Está parado a minha frente, me forçando a olhar para cima para que consiga alcançar seus olhos, como sempre, fazendo eu me sentir pequena e indefesa.

— Não tenho escolha, tenho? — Minha voz quase não sai.

— Um dia vai ter, e prometo que vai se surpreender. — Ele puxa o edredom com calma descobrindo minhas pernas aos poucos. O arrepio me toma, pelo frio que me atinge, por suas mãos estarem próximas demais. — Sente dor? — Me surpreendo quando ele não parte para cima de mim. Z se senta na cama e encara a ferida que causou.

— Não tanto, os remédios parecem ser muito bons. — Puxo os pés dobrando as pernas. — Mas, é melhor não me esforçar. — Já o adianto caso queira fazer algo.

— Relaxe, só vim ver você.

— Sem cookies hoje? — Pergunto na ironia e ele sorri.

Estranho como estamos conseguindo ter uma conversa o mínimo civilizada. O incomodo surge, mas um alívio junto de suas palavras, também.

"Obedeça, seja paciente, e tudo será mais fácil."

— É o que quer? — Ele pergunta com sua voz rouca e baixa, não consigo responder. — Se está com fome, saiba que sua janta já está sendo preparada.

— Ok. Obrigada.

Ficamos em silêncio, nos encarando. Noto que seu rosto está diferente, sua pele mais reluzente, olhos mais despertos, mais brilhantes, mas não consigo explicar sua expressão, parece estranho, de alguma forma retraído, não tão confiante e arrogante como em todas as outras vezes que nos vimos. Não sei o que pode ter acontecido, mas olhando em seus olhos agora, tento imagina-lo diferente, mais novo, antes de ser o que está sendo aqui. Mas, não consigo, é impossível ver Z sendo um garoto normal, mais jovem, indo a escola, bebendo e fumando com amigos adolescentes, namorando garotas normais, vivendo com os pais. Não consigo imaginar uma outra versão sua, uma melhor que essa, seria impossível conseguir vê-lo de verdade? e então, fico curiosa para saber o que aconteceu.

Ele sempre fora assim? Se não, como e porque virou isso?

Como conquistou essa mansão, como aprendeu a matar? Quando descobriu que amava essa vida? Quando começou a sequestrar meninas? Porque está aqui?

Sweet SyndromeOnde histórias criam vida. Descubra agora