4 | chosen one

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Ele tinha demonstrado um outro lado dele quando veio até o quarto e se preocupou com com meu machucado, mas não posso esquecer que foi ele quem fez isso, se não quisesse, não teria feito, com isso só deixou bem claro nesse pouco tempo que estou aqui que é um homem descontrolado e impulsivo, era estranho e assustador estar aqui e terei de lidar com isso até o dia em que decida me soltar, ou até o dia em que decida me matar.

Ele não me tocou de novo, só disse pra jogar água gelada na cabeça que o sangramento pararia, afinal o corte foi pequeno, não precisaria de pontos e nem me preocupar com nada. Mas, caso sentisse dor, poderia bater na porta e avisar um dos seguranças.

— Tudo bem. — Eu respondi e comecei a pentear o cabelo devagar. Ele ficou alguns segundos me observando pelo reflexo do espelho, em silêncio, calmo até decidir ir embora.

— Vou trabalhar.

— Com o que trabalha? — Pergunto e ele volta sem me olhar, se encosta novamente no batente e pensa se responde ou não. Quero ver se sua resposta é a mesma de Steph, afinal, ela já demonstrou que não é confiável.

— Faço parte de um clã, nós lideramos o tráfico local e alguns roubos fora do país.

Não falou sobre mulheres.

— E onde eu entro nisso? — Ele suspira e coça a barba. — Serei sua ajudante em algum crime?

— Garotas são só diversão, nós compramos algumas.

Não tenho nada a ver com isso, nunca estive a venda.

— Eu não...

— Mas, você é só mais uma peça no meu jogo. —  Ele dá de ombros.

— Mas, disse que me escolheu e me seguiu por meses. Porque teve o trabalho se só serei uma garota pra te divertir, que tipo de jogo é esse?

— E você acha que eu escolheria qualquer uma? — Ele se aproxima. — Escuta, Angel. Tem coisas que não deve e nunca irá saber, mas tinha que ser você, escolhi você e agora está aqui. — Ele avalia todo meu rosto com calma. — Aproveite o quarto, nos vemos amanhã.

— O que? Vou ficar presa aqui? — Ele dá as costas e eu o sigo.

— Acha que vou te deixar andando pela minha mansão? — Responde sem olhar pra trás.

— E o que vou ficar fazendo por todo esse tempo?

— Em Londres você odiava sair de casa, pense nisso como uma dádiva. — Então abre a porta, sai e não a esquece de bate-la com força.

Pulo com o barulho alto que ela faz e fico sem reação.

Além de estar presa com ele terei de suportar ficar presa também num quarto quase totalmente branco, é só mais um detalhe, mas se eu enlouquecesse poderia considerar ele como aqueles quartos de isolamentos usados para pacientes desequilibrados. Seria perfeito e se ficar aqui por muito tempo, não vou demorar a chegar no mesmo estado que eles.

Me sento na cama e fico encarando a paisagem a fora, agora o céu está mais escuro e o frio volta a ficar gélido e insuportável. Me levanto e ando até a lareira elétrica, vejo alguns botões nela, clico mas nada muda, ela continua desligada.

— Que droga! — Reclamo apertando tudo descontroladamente num ato impaciente, só paro quando ouço a porta ser destrancada, depois aberta.

— Boa noite senhorita, sua janta. — Owen entra com uma com uma bandeja prata na mão. Ele deixa na escrivaninha perto da porta e se prepara pra sair.

Sweet SyndromeOnde histórias criam vida. Descubra agora