22 | mercy

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Abri meu olhos. Minha cabeça lateja e leva um tempo para que eu entenda tudo a minha
volta, exceto pelo irreconhecível Zach White. Sua silhueta está a minha frente, ele está de costas para mim, sentado na ponta da cama, encarando o nada a sua frente.
As batidas do meu coração estão em desordem, nunca senti tanto medo como agora.

A sensação de perda corrói todo meu corpo, sei que perdi tudo, eu não estou livre, a partir de agora posso até mesmo ser considerada morta. Estou de volta a essa casa, a terrível mansão, de volta para esse homem.

Mas, eu não voltei pra cama,  na verdade estou presa, num quarto escuro, Zach não está de costas para mim, na verdade, me encara pendurada e semi nua como da última vez em que ele me trouxe aqui. Não me recordo de chegar, mas meu corpo arde, sei que ele já me machucou, sinto o sangue escorrer pela minha barriga.

— Eu realmente achei que tivesse aprendido. — Sua voz está cheia de ódio. Já senti minhas lágrimas descerem quente pelo meu rosto quando reconheci o chicote em suas mãos. É dai que vem as ardências em meu corpo.

— Por favor. — Sussurrei e ele permaneceu calado enquanto se aproxima de mim. — Eu não vou aguentar.

— Eu não queria te machucar, Angel, mas você fez isso, você fugiu de mim, porra! De novo. —  Ele nega com a cabeça. — ...e isso a trouxe de volta para cá. — Acaricia minha bochecha e eu tento afastar o máximo para que ele não encoste. — Eu avisei tantas vezes, você estava indo tão bem. — Ele pega meu rosto pelo queixo e me faz encara-lo— Eu avisei você.

— Você não entende. — Falo e ele sorri.

— Sabe, Angel... você temeu meu inferno, duvidou dele, é justo não ter o paraíso vindo de mim. —  Ele volta a acariciar meu rosto. — Mostrei pra você assim como mostrei para todo mundo nessa casa como tudo pode ser fácil se me obedecer, se me respeitar, mas você é difícil. — Ele estala os dentes e balança a cabeça mais uma vez.  —Porra, você é muito difícil.

— Por favor, Zach.— Peço aos prantos.

— Não fala a droga do meu nome. — Ele soca a parede atrás de mim e eu estremeço. — Eu nunca tive tanto problema com uma garota só, e olha que já tive tantas. —  Sua risada é sarcástica. —  Elas .não me deram a metade do trabalho que você tem me dado.— Se afasta enquanto brinca com o chicote em suas mãos. —  Isso me deixa louco. — Quase grita de ódio. — E ao mesmo tempo me deixa...— Ele olha para mim, me analisa com calma e pensa antes de falar com a voz baixa e serena. —  ...louco.

Sem que pudesse esperar ele me dá uma chicotada, sinto aquela dor horrível crescer em minha barriga, arde pouco até começar a queimar toda minha pele. Mordo a boca e prendo os olhos para segurar o grito.

— Você acaba sendo especial demais e eu não gosto disso. — Me bate de novo, dessa vez mais forte me fazendo soltar um grito alto. Ele não espera e da outra, depois mais uma.

Minhas lágrimas escorrem e não consigo enxergar nada a minha frente, já estou tonta, desejando desmaiar mais uma vez. Mentalmente peço para ser livrada disso tudo, de forma definitiva. Torço para que ele perca toda a paciência e desista de me ter, torço para usar toda sua força aqui e agora. Não aguento mais essa tortura, não aguento mais ouvir a voz desse homem e sentir medo e desconfiança a cada vez que ele entra no quarto. Não aguento mais ser sua submissa e ter de obedece-lo, não aguento mais viver aqui correndo riscos. Não aguento mais estar envolvida em seus planos, estar envolvida com ele.

Ele deposita mais uma chicotada. Minha garganta dói de tanto soluços que saem entre o choro desesperado. Meus gritos não o incomoda. Peço diversas vezes para que pare, mas ele continua, e quando sinto que estou indo minha cabeça caí, não consigo mantê-la erguida mais.

Sweet SyndromeOnde histórias criam vida. Descubra agora