38 | tomb

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"Aquela noite, no terraço. Eu quis ser diferente. Lhe dei isso."

Minha mente repetia a frase até que fizesse sentido, até aceitar o que ele realmente quis dizer. Mas, mesmo mexida por suas palavras a verdade sempre esteve aqui. Ele é o que ele fez, mesmo que agora queira ser diferente, mesmo que tente.

Era só nisso que estava pensando. E não nego que estava mudando, até aquela noite, quando fui levada, até atirar em Alex na minha frente. Mas, agora tudo mudou, mais uma vez. Isso é viver ao lado do Zach, esperar o não esperado, ansiar pelo caótico, não saber de nada. Viver em meio a dúvida, medo e desconfiança. E se está disposto a trazer aquela noite no terraço de volta, terá que me provar que isso é o que quer.

Pode ter deixado Alex vivo, mas por orgulho, pela vontade em me mostrar que pode fazer o que quiser. Zach White tem que ser mais que isso.

E imagino que seja.

A forma como entrou no meu quarto, se sentou de costas para mim como se estivesse com medo de mostrar sua verdadeira face, não a estampada em seu rosto, mas a escondida no fundo de seu coração. A voz calma e baixa, ainda grossa repleta de medo e nervoso. Pude sentir as vibrações em cada palavra dita com verdade. Esse Z. Se minha condenação é ele, é este Zach White que quero aqui. É o mínimo que deve a mim.

Seu orgulho ou piedade fizeram minha raiva se dissipar uma única vez, como se suas mãos grandes e tatuadas tivessem invadido meu coração e arrancado ela de mim. Não só vivo com o inconstância de seus atos, mas também com a que ele causa dentro de mim. O ódio e medo são sempre fortes para me fazer chorar por toda noite, mas se dizimam assim que seus olhos encaram os meus, quando seu corpo cola ao meu, quando sua boca diz palavras que quero ouvir. Estou agarrada a isso, a sua instabilidade, a seu temperamento, a forma como pode ser um e depois outro, de forma incrivelmente frenética e catastrófica. Como se ele fosse uma força maior em ser, o maligno com seus modos divinos e feroz. Mesmo assim, deixando vestígio de algo sensível escondido em meio a toda essa mistura.

E hoje pude ver um pouco disso. Ele se mostrou para mim, por pouco tempo antes de se levantar ríspido e ir embora.

Mais de suas oscilações. Só torço para que não dure muito.

Agora, com Alex vivo, tudo parece se acalmar, entre as piores coisas, porque sei que o plano deve continuar. Sem saber o destino do meu amigo, posso respirar sabendo que pelo menos está acordado e bem.

Depois de um banho quente, me troco e deito na cama encarando a vista. Não consigo evitar de e lembrar de quando corri por essa grama, depressa e apavorada sem saber o que viria a seguir.

Perseguição, mentiras, caos, sangue, e morte.

Me recusar a ir teria sido uma boa ideia, mesmo que duvide muito de minha escolha ter tanto poder, principalmente por alguém que pretendia me vender.

Sei que o dinheiro rodeia tudo no mundo deles, só não desconfiei que de todos, Owen se convenceria de que os números valem mais que sua pena por uma garota sequestrada. Agora, nem sei se sua piedade era genuína. AJ também tinha. No fim, estive errada sobre os dois.

O que aconteceu deveria ter acontecido. Sei disso, mesmo com dor ao lembrar de Alex no chão, isso poderia ter sido evitado. Poderia ter pedido para Owen me deixar em qualquer lugar sozinha.

Mas, nada, nada, nada do que eu fizesse poderia impedir seu plano, ou Zach me encontrando.

Agora, estou de volta a onde não deveria ter sido tirada. E isso acaba.

Minha mente para de martelar e começa a doer de fome. O café da manhã não foi entregue, não do jeito que sempre fora. Foi melhor, em questões pessoais, mesmo assim, horas depois o almoço também não, me deixando incapaz de negar que um pão e café teriam feito a diferença também.

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⏰ Última atualização: 4 days ago ⏰

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