Cap. 2 - " Loser. I'm a Loser. A Big Loser... "

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- Minnie. - Chamo assim que entro em casa. A cadela  que cuidava nos tempos livres para ganhar mais algum dinheiro extra, vem a correr até mim e salta-me para cima. - Daqui a uns dias já estás maior que eu. - Digo-lhe e ela salta para cima do sofá. Agarro no saco de comida dela e deito-lhe um pouco na taça dela. 

Subo para o meu quarto, tiro toda a roupa jogando-a para cima da cama, não me preocupando se está arrumada ou não. Ligo o chuveiro e espero que a banheira fique toda cheia. Assim que ela enche entro lá para dentro e fico lá.

Olho para os meus braços com cortes feitos por mim, afundo-os debaixo de água para tentar não me lembrar de memórias, mas já é tarde. Todas as memórias estão na minha cabeça, e muito vivas.

" -Justin! Não! Ajuda-me! - Ela gritava aflita por mim, mas eu não podia.

-Não posso! Nós não podemos ficar juntos! - Lágrimas queriam sair, mas eu não ia dar parte fraca.

-Podemos sim, tu a que não queres! - A face dela estava completamente molhada em lágrimas.

-Eu quero, eu amo-te! 

-Se me amasses não me deixavas na ruína! Morre no Inferno Justin! "

E foi a última vez que falámos. Nunca na vida tinha dito um amo-te tão sincero. Estás são apenas algumas das pequenas memórias que me atormentam a vida. Cada corte nos meus pulsos têm uma história, por mais pequena que seja deixou marca. Não só no corpo, como na alma.

Procuro pela lâmina que estava no ármario ao lado da banheira e tiro-a. Sorrio de lado para ela. Amigos para sempre.

- Tiveste saudades minhas bebé? - Ela pelo menos esteve lá para mim quando mais precisava. Eu sei que sou um fraco por me cortar, mas ninguém me ajudou. Ela foi a única. 

Estico o braço esquerdo e procuro por um ponto onde não tenha algum corte. Pouso a lâmina mesmo ali no local certo. Respiro fundo, e faço força com a lâmina fazendo um pequeno fio de sangue escorrer caindo na água, mudando um pouco a cor da água.

Encosto a cabeça na parte detrás da banheira e as lágrimas começam a cair. Eu não devia afzer isto, eu devia ser forte, devia lutar por aquilo que gosto. Não chegar a casa e começar a chorar como um menina.

Os meus pais iriam ficar tão, mas tão desiludidos por estar a fazer isto a mim próprio. Mas eu não sou ninguém nesta vida, se eu desaparecer ninguém vai sentir a minha falta. 

- Tu não fazes mesmo falta a ninguém! 

Tento pensar em todas as coisas boas que tenho na vida, mas não resulta. A lista das coisas más que tenho na vida é muita mais extensa. Não me lembro de nada que tenha feito que me fizesse ficar orgulhoso de mim, ou mesmo que fizesse alguém ficar orgulhoso de mim. 

Lembro-me do dia que recebi a guitarra. Fiquei feliz, foi quando fiz 19 anos, mas depois acabei por perdê-la e a alegria foi-se embora. Eu amava-a tanto e perdi-a, deixei-a fugir como areia na minha mão. E quando chegou à noite o que é que fiz? Sim, cortei-me. Devia estar feliz, mas não. Cortei-me, mais uma vez. 

Já vou nesta brincadeira perto de uns 2 anos. Experimentei no dia que soube que os meus pais morreram, e a partir daí nunca parei. Ao príncipio era só para aliviar a dor, mas depois tornou-se sério. Passei a cortar-me quase todos os dias, inventava desculpas a mim mesmo só para me achar fraco. Mas depois deixei-me dessa ideia, não ia dar justificações a mim próprio.

Escondo os cortes do mundo. Não quero que ninguém tenha pena de mim, não preciso de ninguém. Eu sobrevivo sozinho. Sobrevives mesmo? Sim, vivi estes 2 anos assim porque não ia continuar a viver assim? É a minha vida, eu tenho de gostar dela. Podes sempre mudar. Isso é cliché, o disco está a ficar riscado subconsciente irritante.

- Tu não prestas, és mesmo um falhado!

Faço mais outro corte. Mas desta vez o corte é muito mais profundo, mais sangue volta a cair dentro da água, tornando a água mais avermelhada. Continuo a fazer pressão no sítio com a lâmina. Talvez se eu morrer acabe tudo. Não sejas parvo! Sabem aquela voz irritante que parece que vocês têm na vossa cabeça? Sim, essa mesmo que não existe. Odeio-a. Ela dá a sua opinião quando ninguém quer saber.

O som da campainha é ouvido pela casa, mas limito-me a afundar-me dentro de água. Fico debaixo de água sem respirar, só eu. Nada de mundo irritante, de pessoas falsas. Só um falhado. Quando estou já sem ar, volto a superfície abanando a cabeça mandando água pela casa de banho toda. A água estava a ficar cada vez mais avermelhada e a lâmina ainda estava na minha mão. Só mais um corte, mais nada. Por hoje chega.

Assim que acabo de realizar o corte as lágrimas caiem outra vez com mais intensidade. Que estúpido que sou, a estragar a minha vida, só porque não sei viver com os meus problemas. Todos têm vergonha de mim, sou um falhado.

- Foi por isso que os teus pais se suicidaram!

Num impulso agarro na lâmina e faço mais um corte, e este é mais profundo que todos os outros. Porque a única coisa que me lembro é de ouvir alguém a chamar por mim, e o preto estar a rodear-me por completo.

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Está aqui um novo capítulo :3 Princesas se acharem que o capítulo ficou confuso ou intenso desculpem. Mas comecei a escrever a fic hoje  e pronto :3

Obrigada a todas as princesas que me estão a apoiar a escrever a fic «3

Sofy_Styles

confident; justin bieberOnde histórias criam vida. Descubra agora