Depois de encontra a sala de Diagnóstico com a ajuda de um gentil selador, não hesitei por nem um segundo antes de finalmente bater na terceira porta a direita e quando o fiz, esperava que sua voz autorizasse minha entrada, mas não aconteceu, então entrei de uma vez, convencida de que era ele quem havia se atrasado.
Meu peito expandia e comprimia freneticamente dada a minha corrida, para chegar antes que o ponteiro dos minutos saltasse para o próximo número, mas quando os olhos daquele no fundo da sala saltaram do tablet em suas mãos direto para mim, prendi o ar dentro dos pulmões até começar a queimar.
— Está tudo bem? — Müller indagou em tom sereno.
Assenti, vontade a respirar e me virando para fechar a porta, o que deixou a sala novamente à meia luz.
Foi automático, então quando me dei conta já havia feito, havia analisando o médico de cima a baixo lentamente enquanto andava em sua direção. Müller não usava um jaleco sobre o uniforme, o que deveria ser bem esporádico, já que era a primeira vez que o via assim. As outras ocasiões em que o vi sem jaleco, ou tinha um avental descartáveis, ou roupa de proteção cirúrgica sobre seu uniforme.
Tamanho foi o susto que levei, quando cheguei em seus rosto e constatei que ele havia assistindo tudo, que se fosse possível, meu coração teria parado naquele instante. Com uma agilidade incriminatória, desviei a atenção para uma fila de monitores, onde estavam presas algumas radiografias, enquanto esperava meu rosto e todo o resto parar de queimar, todavia já ficando mais aliviada pela pouca iluminação da sala não permitir que ele me visse corada.
Algo em um dos monitor me prendeu, algo sob o esterno, órgãos que não deveriam estar ali, pelo menos não dispostos daquela forma, pelo menos não daquele lado. Sim, o ápice cardíaco não estava virado para a esquerda como era de se esperar, fazendo com que os pulmões também ficassem invertidos.
Quando analisei a fileira composta por três monitores como um todo, descobri que se tratavam de peças embaralhadas do mesmo quebra-cabeça: tórax, crânio e cervical e no último havia abdômen e pelves. O monitor número três, estudei aquela imagem com mais atenção e não me assustou o fato dos órgãos do abdômen também parecerem invertidos, pelo contrário, me fascinou ainda mais, já que aquela era uma condição rara e a maioria dos médicos passava toda a carreira sem ter um paciente assim.
— São do seu paciente? Ele está aqui no hospital? Se sim, posso conhecê-lo? — Todo aquele entusiasmo chegava a ser constrangedor.
— De quem está falando exatamente?
— Do paciente com Situs Inversus Totalis. — Müller encarou a imagem no monitor, esperei que dissesse algo, mas permaneceu calado, logo continuei: — No começo da residência, conheci um destrocardiaco, mas nem se compara a isto.
— Como sabe que é um homem, e não uma mulher? — questionou ignorando todo o resto.— Você só pode está brincando — Deixei escalar uma risada baixa, mas o médico permaneceu sério. — Pela saliência no crânio, a fonte achatada e pela pelves ser menor.
— Vejo que prestou atenção nas aulas de anatomia óssea.
— Sorte a minha, porque nem todas as radiografias marcam tão bem o contorno da genitália do paciente como esta daqui. — Encarei novamente a radiografia e circulei com o dedo uma área específica da imagem. — Até alguém que não entende de anatomia conseguiria identificar os “traços” generosos dele.
Os lábios entreabertos indicava que a ousadia do meu comentário lhe surpreendera, deixando-lhe sem palavras estrategicamente pensadas ou carregadas de sarcasmo. Sorri com satisfação, por tê-lo deixado sem jeito de novo, e desta vez apenas falando dos órgãos sexuais de outro homem.
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Não perca o Controle
Romance[Obra Registrada] Medicina nunca foi o sonho de Melanie Thompson, mas desde a infância foi incumbida a acreditar que um dia seria. Depois da morte da mãe, a garota se viu obrigada a atender seu último pedido. No entanto, a neurocirurgia foi apr...