🟢Capítulo 17/1 Müller

6.9K 574 112
                                    

        O elevador panorâmico da torre principal do Complexo levava cerca de quatorze segundos para percorrer do térreo até a cobertura sem intercorrências, a terceira porta do lado esquerda comportava uma placa dourada, onde a fonte modesta indicava o nome e cargo de quem obrigatoriamente começava o dia submerso nas burocracias da cirurgia, que ia além das salas de operatório.

Um trajeto que conhecia muito bem, apesar de obrigar-me a fazê-lo apenas em circunstâncias inadiáveis, com era minha licença alto promovida de dez dias. Precisava voltar as minhas atividades, mas não era só por isso que caminhava com rapidamente, acentuando ainda mais a forma copiosa de mancar.

Bati à porta e recostei junto a vidraça do lado oposto a ela, entrar de uma vez na sala de Cortez se tornara traumatizante para quem dispunha de uma memória fotográfica. Não esquecer dos corpos seminus chocando-se indecorosamente sobre a mesa de madeira, não estava no topo da minha listas de coisas que adoraria apagar do drive mental, mas certamente estava entre as dez primeiras.

Sarah Cortez era o tipo de esposa troféu, que ele exibia em publico enquanto se colocava entre as coxas de Elena Rivera a qualquer oportunidade.

— Entre — pediu ele ao abrir a porta.

— Minha visita será breve, tenho que convencer uma certa psiquiatra da minha sanidade mental, se ainda tiver um emprego.

— Acha que estou preocupado com sua semana sabática perto de cinco anos de férias acumuladas? — O cirurgião abriu espaço e indicou o interior da sala. — Sobre o outro assunto, sinto te informar que, por motivos de relação pessoal, Elena não pode mais te acompanhar.

— Ela é mais amiga da Lis do que qualquer outra coisa.

— Sabe muito bem, Nathan, que não estou falando disso. — Os lábios vedados com força e a sutil contração de seu queixo deram fim a minha suspeita, ele definitivamente acreditava em uma mentira descabida.
— Considerando sua indigesta relação com o chefe da psiquiatria, nomeado na ausência da Dra. Rivera, o Plec me pareceu a escolha mais sensata.

— Por que quer punir o pobre R4? O que teria feito ele de tão errado para me merecer? — Permiti que um dos cantos na minha boca se curvasse de forma pretensiosa.

— Vocês dois precisam sair da zona de conforto. Tenho certeza, que ele seguirá meticulosamente o protocolo sem distrações.

Cortez estava mesmo insinuando que eu era uma distração para Rivera? Contive a repentina vontade de gargalhar e apenas revirei os olhos.

Desconsiderando o evento desastroso que levou ao afastamento temporário da psiquiatra e a uma incômoda relação entre Cortez e eu, Rivera era muito ética com seus pacientes.

— O Plec não vai conseguir dormir por umas três noites seguidas depois que estudar meu histórico. 

Seu olhar, que se apresentava firme e imponente, vacilou, desviando do meu a medida que a expressão em seu rosto suavizou, tornou-se um misto de incômodo e pesar. Mesmo com toda a confusão no dia de Ações de graças do ano anterior, ele não podia desatar o laço que nenhum de nós escolheu ter. Não era tão fácil como limitar nossa relação ao profissional e considerar apenas o tempo em que trabalhávamos juntos, quinze anos. 

— Ele precisa disso como profissional. — Cortez encarou-me com uma ruga de dúvida entre as sobrancelhas. — Você conhece o protocolo, então devo deduzir que veio aqui por outro motivo.

— Preciso do número da Violett.

— Como é que é? Perdeu o juízo? Teve uma contusão ou algo do tipo? — Seus gestos ditavam o tom de revolta que certamente carregava-lhe a voz. — Por que quer falar com ela? E porque eu teria o número daquela desgraçada?

Não perca o Controle Onde histórias criam vida. Descubra agora