🔴Capítulo 14/3

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      Encontrei uma Emergência tão caótica quanto meus pensamentos e as reações ainda acontecendo no meu corpo. Meu olhar se chocou com o de Lisa, que conduzia uma maca com uma paciente com múltiplas fraturas sobre ela.

      — Pega uma uniforme da Emergência e me encontra na Trauma cinco.

    Assenti, indo em direção ao vestiário do primeiro andar, para pegar um uniforme verde-água, já que a situação não permitia ir até o vestiário das especialidades e pegar outra cor. Peguei dois pacotes de plástico no armário de madeira, de um tirei apenas a camiseta de tamanho médio; do outro selecionei a calça extra grande. Por sorte, um All Star branco acompanhava o vestido, assim não precisaria trocá-los também.

     Lisa perguntou de seu irmão, mas antes que eu tivesse tempo de responder, Isaac adentrou a baia no meu encalço, provavelmente, para realizar o Risco cirúrgico da paciente que iríamos levar para a sala de operatório, e respondeu a ortopedista por mim. Durante sua avaliação pré-cirúrgica, o anestesista me lançou um olhar estreitado, como o de alguém que me ouviu gemer o nome de seu melhor amigo. Voltei a focar na paciente, não estava em posição de ser afrontosa ou debochada. Pelo menos, não na frente de Elisabeth.

      O resultado da cirurgia fora melhor que o esperado, depois voltei ao uniforme azul-claro que me foi imposto e segui para uma cirurgia eletiva do departamento de cardiologia como primeiro-auxiliar da Zoe.

      Era certo de que minha cabeça estava em outro lugar que não naquela cirurgia, mas eu sabia de cór o procedimento, e minhas mãos faziam tudo no automático. Com os afastadores apostos, encarei a loira do outro lado da mesa, cujas mãos enluvadas me fizeram sinal para prosseguir.

      Cerca de meia hora depois que minhas mãos adentraram o tórax para fixar o enxerto, o som estridente dos monitores sobressaiu à música clássica que Zoe colocou, acusando uma alteração.

     — Pressão craniana aumentando — informou a anestesista de descendência indiana.

      — O que isso significa? — Zoe me perguntou. Dei de ombros em resposta. — Você não estava na neurocirurgia?

     — Há vários fatores que causam hipertensão intracraniana. Mas uma eu tenho certeza: não foi este procedimento. — Desviei os olhos para a linha piscando em vermelho na tela. — Chamem John Sullivan, ela está tendo AVE hemorrágico nesse exato momento.

      Continuei com minha ponte de safena, enquanto a cirurgiã mais experiente se livrou das roupas de proteção e andou de um lado para o outro fazendo exigência para a radiologia ao telefone, certamente depois que John lhe disse que não podiam abrir a cabeça de alguém apenas sob a suspeita de algo. Uma tomografia não serviria apenas para comprovar o que eu dizia, como também para mostrar o local afetado.

       Uma equipe composta por três pessoas empurrou o equipamento portátil até o centro da sala de operação e pediram para o que todos aguardassem no lavatório por conta da radiação, exceto eu, que recebi um avental de chumbo, para poder continuar com meu trabalho.

      — O resultado foi direto para nossos computadores no segundo andar, e quando saímos seu amigo já estava lá aguardando por eles — informou Jane tirando meu avental.

      Agradeci, e ela se retirou junto dos colegas e da máquina. Quando a porta se fechou atrás deles e abriu menos de um minuto depois, o tom de vermelho do uniforme evidenciava que não era um residente. Se tratava de alguém que ainda deveria estar bêbado, mas segurava o exame próximo à luz com firmeza, e com o dedo indicador apontava áreas específicas na imagem, explicando algo à cardiologista.

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