Capítulo 1

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                 Kiara

Estou muito atrasada, olho no relógio, são 18h20min, já era pra estar na lanchonete que trabalho, começo as 18h30min e normalmente chego mais cedo para me organizar com tempo. Não moro muito longe, então sou sempre pontual, mas meu vizinho não me deixou dormir essa manhã e como trabalho até madrugada, precisei tirar um cochilo perdendo a hora, por esse motivo estou correndo como uma louca no meio da rua onde fica o meu apartamento.

Trabalho no Queen a alguns meses, não recebo muito, mas da pra me virar com o salário. Joe, meu chefe, é legal e até me contratou sem nenhuma experiência, acredito que ele percebeu que estava precisando muito de ajuda, pois ele também me arranjou um lugar pra morar com um custo baixo.

O Queen é uma lanchonete pequena, mas bem movimentada, por ser acolhedora e de família, sendo assim respeitada pelas pessoas do bairro.

Courney, bairro de Los Angeles, cidade em que estou hoje, é um daqueles que as pessoas da alta sociedade fogem e o governo esquece. Apesar da taxa de criminalidade e dos problemas públicos, aqui as pessoas realmente se ajudam, quando necessário. O que me dá uma sensação de segurança e me dá uma ponta de esperança que ele não me encontre aqui.

Passo apressada nas ruas, esbarrando em algumas pessoas. Vou me desculpando sem desacelerar. Olho para o relógio do meu celular novamente, 18h35min. Aperto o passo, quando vou abrir a porta acabo trombando em alguém por culpa da pressa e caio de bunda no chão.

Ótimo Kiara, não basta estar atrasada, ainda precisa pagar um mico na frente de várias pessoas.

Repreendo-me mentalmente enquanto estou no chão. Claro que algo assim iria acontecer comigo, afinal, já viu o desastre em forma de gente mais a pressa se unirem e sair um bom resultado? Nunquinha.

- Me desculpe... - Digo sem jeito e olho o homem parado a minha frente, meu coração acelera, fico sem fala como se fosse impossível formar qualquer frase coerente. Por instinto me reprimo, pois nunca senti algo assim perto de ninguém. Ele é alto e bonito, seu corpo apesar do terno, da pra ver que é bem definido, não do tipo bombado que passa horas malhando, mas sim natural. Seus cabelos são pretos como a noite e olhos azuis bem clarinhos. Perfeito, agora sim devo estar vermelha de vergonha, eu aqui jogada no chão enquanto ele me olha avaliativo.

- Tudo bem? Se machucou?- Ele pergunta esticando a mão para me ajudar a levantar, recuo num pulo recusando sua ajuda e levanto sozinha. Não gosto que me toquem.

- Estou bem, perdão pelo que acabou de acontecer- digo envergonhada e forço um sorriso tentando não transparecer meus problemas pessoais e soar mais natural e fria possível.

- Sou Christopher, mas pode me chamar de Chris- diz ele, me estendendo a mão e sorrindo de lado, minhas pernas ficam bambas e sinto medo de cair novamente. Por mais lindo que ele seja, a sensação do primeiro impacto com seus olhos passa e aquele conhecido tremor transpassa pelo meu corpo e instintivamente dou um passo pra trás- Essa é a hora que você me diz seu nome.

Olho pra ele o avaliando, conheço seu tipo, seria fácil cair na lábia dele, está estampado na sua cara que ele é um galanteador nato e sua beleza o deixa em vantagem para conquistar qualquer pobre garota desesperada por romance. Porém não sou uma dessas meninas, mesmo com meus 18 anos recém adquiridos tenho experiência pra saber que isso é pura ilusão e os homens são todos iguais, todos nojentos como ele.

- Kiara - chama Alice, me tirando dos meus pensamentos. Ela trabalha no primeiro turno, uma mulher na casa dos 40, com aparência bem mais velha, seus cabelos são de um preto desbotado e possuí muitos fios brancos, seus olhos são cor de mel, trabalha aqui há anos e pode ser doce na mesma medida que pode ser rude.Alice já esta com suas coisas, pronta para finalizar seu turno- Está atrasada!

- Desculpa Alice, pode ir- Digo entrando na lanchonete e deixando aquele cara plantado enquanto ele tenta chamar minha atenção. Vou até meu armário, na parte de trás do local e coloco meu uniforme, prendo meu cabelo num coque, pondo uma toquinha. Em seguida, pego o bloco e a caneta. Estou pronta pra mais um dia de serviço, e volto para frente, onde devo servir as mesas.

Procuro aquele moço por um instante, mas ele não está aqui, sinto uma pontada de decepção, não entendo o porquê então ignoro e me concentro no trabalho.

Um Novo Amanhecer ( Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora