Capítulo 15

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Christopher

A empresa está um caos hoje, meu pai deve estar uma fera com a quantidade de funcionários que vieram reclamar ou cobrar salários atrasados. As coisas estão bem difíceis e seu Richard vive me lembrando de que assim que pegarem a Kiara nós estaremos "salvos".

Eu não sei mais o que pensar quanto a isso, ela é tão doce e linda, estou tão acostumado com ela lá em casa, na cozinha com aquele som ligado dançando para lá e para cá. E ainda tem as cicatrizes. Meu coração aperta só em pensar nela chorando quando os pesadelos vêm. Tem diminuído, mas ainda tem alguns e toda vez eu faço o possível para conforta-la. Sorrio ao lembrar dela me abraçando enquanto dorme, porque quando está acordada ela é tão esquiva.

Não estou apaixonado por ela se é isso que está pensando, é só... Sei lá... Carinho. Isso, é carinho pelas dificuldades que ela deve ter passado, sozinha, e a força que foi abrigada a ter.

- Sr. Christopher? Seu pai está chamando o senhor. - A secretária do meu pai vem me chamar toda derretida, que estranho, não acho mais ela tão gostosa assim dessa vez.

- Claro, pode informar que já estou indo. Obrigada- Sorrio por educação e ela pisca pra mim. Garota um pouco oferecida né? Pera estou me estranhando, em qualquer outro dia eu teria aproveitado a oportunidade, mas hoje... Tem algo nela que... Sei lá, não me atraí.

Ainda pensativo vou até a sala do meu pai, mas logo meus pensamentos são substituídos por uma pequena moça de cabelos castanhos, olhos âmbar e sorriso perfeito. Sorrio quase que involuntariamente.

Chego ao escritório, bato na porta e entro. Meu pai está sentado em sua imponente mesa concentrado em alguns papéis.

- Mandou me chamar?- pergunto e ele levanta os olhos para mim enquanto vou até a cadeira a sua frente.

- Sim. - silêncio.

- Então, porque me chamou aqui?- pergunto impaciente.

- Sempre direto. - ironiza e respiro fundo. - Como está a garota?

- Bem.

- Hmm... Ligaram para mim ontem, pediram para ficar com ela um pouco mais, não deixar nada acontecer com ela, parece que ocorreu alguns imprevistos, mas logo eles virão busca-la.- Sinto uma sensação estranha ao ouvir isso, meu pai volta a atenção aos seus papéis.

- Hmm... Pai - Chamo e ele olha pra mim novamente- Você sabe quem são essas pessoas? Se não querem fazer mal a ela?- Meu pai levanta uma sobrancelha, me lançando um olhar reprovador.

- Por acaso você está envolvido com essa garota Christopher? - pergunta sério. Olho para ele atônito.

- Claro que não, que coisa ridícula. Só que ela está lá em casa ha dois meses e me preocupo com seu bem estar, não quero que nada de mal aconteça com ela. - ele olha diretamente nos meus olhos e solta um pesado suspiro.

- Eles são a família dela, não acho que irão machuca-la.

- Se são a família dela por que eles mesmos não foram atrás dela?

- Ela é uma garota problema Christopher. - Ele se irrita comigo, como sempre- Somente faça o que foi pedido para você está bem? O resto pode deixar comigo, eles são família dela e ela ficará bem com eles. - diz em seu tom autoritário demonstrando de sua forma que o assunto está encerrado.

- Claro. - Levanto e saio ainda com uma pulga atrás da orelha, sinceramente saber que são familiares não me deixa nem um pouco aliviado, pois pelo que ela falou quem fez aquilo com ela foi o próprio pai. Será que ela tem mais alguém ou é ele?

- Não faça isso Christopher, não se envolva demais com essa moça. - Meu pai fala antes que eu saia da sua sala, não me dou ao trabalho de olhar para ele e muito menos de responder, apenas fecho a porta atrás de mim e agradeço mentalmente por amanhã ser sábado.

Acho que preciso fazer algo diferente, estou precisando relaxar um pouco e esquecer toda essa história e o clima pesado que está na empresa por um momento.

Kiara

Estou na sala assistindo TV, já estou ficando sufocada só dentro desse apartamento. As coisas entre mim e o Christopher estão andando bem desde que ele falou sobre a mãe dele para mim, nós nos aproximamos mais e os dias tem sido bem divertidos, só que ele não me deixa sair sozinha, mal vou ao térreo do prédio pegar um pouco de ar.

Já fazem dois que estou aqui. O tempo passa rápido heim! E estou a alguns dias implorando para ele me deixar sair, ir além das paredes desse prédio, mas até agora nada.

- Querida, cheguei- Christopher chega chegando e parece que está de bom humor, está até fazendo referência a família dinossauro, um desenho muito antigo, e isso me faz rir ainda mais.

- Eu não sou sua querida- falo entrando na brincadeira e indo de encontro a ele, Chris sabe bem sobre esse livro por que, claro, contei tudo pra ele, até estamos criando um hábito de leitura juntos.

- Cheque-Mate - ele gargalha levantando as mãos em sinal de rendição. Seu sorriso é o mais lindo que já vi e quando está assim ele fica mais lindo ainda. Como isso é possível? Devia ser pecado ser tão bonito assim, ter uma pena ou sei lá, porque com um Deus grego como esse quem em sã consciente olha pra outro cara? Sorrio de volta, o que mais poderia fazer? Mas ele parece cansado.

Meus sorrisos têm ficado cada vez mais verdadeiros com ele e ao que parece ele faz de tudo para me ver sorrindo.

- Seu sorriso é lindo- Ele se aproxima, quando está a centímetros de mim dou um passo pra trás, sei que você deve estar pensando, cara você dorme nos braços dele quando os pesadelos acontecem, eu sei é ridículo não conseguir estar pertinho dele agora, mas ainda é uma luta, ainda tem dificuldades, consigo apenas em momentos de distração. Pelo visto minhas tentativas de me esquivar dele passam despercebidas ou são totalmente ignoradas.

- Estava pensando, estamos só dentro desse apartamento. Que tal irmos a um Museu amanhã?

- Ta falando sério?- Pergunto pulando de alegria como uma criancinha e me jogo em seus braços. Ele lê pensamentos agora? Chris me abraça de volta. Com toda certeza ele tira de mim sorrisos verdadeiros. Me afasto logo, um pouco envergonhada pela atitude e com o receio de sempre, mas ao encarar seus olhos azuis completamente lindos e penetrantes vejo um brilho diferente.

Um Novo Amanhecer ( Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora