Um Novo Amanhecer ( Concluído)

Capítulo 21

           Christopher

Depois que a Kiara me agradeceu hoje cedo por ser "tão bom pra ela sem a conhecer" eu fiquei mal porque isso é mentira, tem uma intenção, eu vou devolvê-la para sei lá quem quando eles decidirem a hora. Por dinheiro. Para salvar a empresa falida do meu pai. Estou usando ela como moeda de troca. Morro por dentro com esse pensamento. Não quero mais isso, Kiara é a pessoa mais doce que já conheci.

Meu dia é péssimo, meu humor nem se fala. Somando todo o estresse que se passa na empresa. Finalmente é hora do almoço e decido ir a uma lanchonete ao lado da empresa. Meu pai odeia isso, pois o prédio tem um restaurante e comida apropriada, como ele gosta de dizer. Mas logicamente não ligo, ele já decidiu minha carreira não vou o deixar decidir os lugares que frequento.

Já lá o meu estresse passa um pouco ao ver pessoas simples almoçando e conversando alegremente. Ao meu lado tem um casal apaixonado, eles trocam olhares constantemente e se tocam sempre que possível. Sorrio com a cena e imagino certa pessoa comigo fazendo o mesmo. Sou tirado do meu devaneio com uma voz conhecida.

-Christopher? Que bom te ver por aqui cara. - Um homem da minha idade, baixinho aparece ao meu lado.

- Evan. - o cumprimento calorosamente. - Estou bem cara e você?- Pergunto já o convidando para sentar com a mão, ele aceita e se senta a minha frente.

- Como estão as coisas lá na advocacia? Você continua lá?- Evan iniciou sua carreira conosco. Ele se formou logo depois de mim como o melhor da turma e naquela época a advocacia Sullivan era a melhor e mais bem conceituada, que só pegava os melhores para trabalhar. Ele conseguiu emprego lá facilmente e logo nos tornamos amigos, pois éramos os únicos de idade similar. Então as coisas foram despencando, os salários atrasando e ele decidiu abrir sua própria advocacia. Desde então nunca mais o vi.

- Estou né!- Ele me olha e acena negativamente com a cabeça, sei sua opinião, mas como já falei, meu pai é uma pessoa muito difícil de lidar. Para evitar mais um sermão respondo sua outra pergunta. - Olha cara as coisas estão feias viu. Perdemos quase todos nossos advogados e muitos dos nossos melhores clientes foram juntos com eles.

- Você não acha estranho a empresa mais poderosa de advocacia ter decaído assim tão rápido?- Ele me pergunta e sinto algo diferente em sua voz.

- O que você quer dizer com isso?- Pergunto sem rodeios.

- Cara você sabe que te conheço há tanto tempo e estar na empresa do seu pai foi a melhor coisa que aconteceu na minha carreira. Aprendi tanto lá e tenho um grande carinho por todos. Só saí de lá por conta dos salários atrasados.

- Sim sei. - digo lamentando por termos perdido ele, mas fico curioso por tantos rodeios. - Vá direto ao ponto. - Ele suspira antes de responder.

- Eu dei uma olhada antes de sair da empresa, nos papeis onde estão registradas as economias e percebi umas anomalias, houve uma queda grande, mas sem perca de nenhum cliente, com a mesma taxa de sucessos nos nossos casos.

- O que você está tentando dizer?- Pergunto com medo da resposta.

- Acho que alguém está desviando dinheiro, roubando a empresa!- Ele fala com uma convicção e um frio passa por minha espinha.

- Quem?- Pergunto meio desesperado. Quem faria alguma coisa assim? E porque fariam? Varias duvidas passam por minha mente.

- Não sei meu amigo, mas acredito que você possa descobrir. - Ele diz me passando certa confiança, mas é como se um caminhão tivesse me atropelado. Estou confuso e extremamente preocupado.

- Por que você nunca falou nada sobre isso? – A pergunta sai em tom acusatório.

- Eu tentei falar com seu pai, não consegui e acabei falando das minhas suspeitas para Enrico, mas ele pareceu extremamente ofendido, disse que todos eram confiáveis e que parecia coisa de alguém que estava querendo rebaixar a empresa para que pudesse se dar bem, já que eu estava querendo abrir a minha própria advocacia. Então acabei ficando com medo e me calei, afinal se trataram apenas de suspeitas, eu não tinha certeza nenhuma. Mas isso tem me atormentando, por isso criei coragem para falar com você.