Capitulo 12

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Christopher

Está sendo muito bom ter Kiara aqui esses dias, quase esqueci porque ela está na minha casa. Já faz uma semana que ela está comigo e me sinto encantado com ela, está forte, mas parece que tem algo que a prende ainda, ela não consegue se soltar perto de mim e também não falou uma palavra sobre as cicatrizes. Eu que não vou pressionar. Quando ela confiar em mim, espero que ela me conte.

Hoje volto a trabalhar, meu pai até me deixou ficar com ela, por puro interesse claro, mas não gosto de deixar ela só, vai que ela foge, mas sabe como é meu pai né, não me deixa ficar muito tempo longe daquele maldito escritório. Quase discutimos por causa disso, como sempre cedi e volto hoje.

-Vou indo ok ki! Se precisar de algo me liga- Grito pra ela que está no quarto.

- Não se preocupa Chris, você já se incomodou demais comigo. Bom serviço- Ela diz aparecendo na sala.

- Já falei que não é incômodo... Tchau- digo dando um beijo na testa dela, que por sinal está linda com um macacão curto, azul.

Saio com e vou direto para o escritório do meu pai trabalhar um pouco.


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Kiara

Assim que Chris sai começo a limpar a casa pra fazer alguma coisa, já estou ficando entediada só aqui dentro, apesar de toda a bondade dele me sinto incomodando e sei lá, é estranho tudo que ele fez por mim sem nem me conhecer direito.

Ligo o som no último, espero que os vizinhos não se importem. Enquanto vou limpando e cantarolando entro no quarto do Chris. Fico impressionada com a imponência desse cômodo. É enorme com uma linda cama de casal no centro, um grande espelho no canto esquerdo, um pequeno bidê e alguns quadros. Do lado do espelho tem várias fotos, me aproximo e vejo fotos de Chris em outros países, tocando alguns instrumentos. Uma foto chama minha atenção, tem uma linda mulher loira com um enorme sorriso e um pequeno e fofo menino ao seu lado a abraçando, parece com o Chris.

Ao lado vejo uma porta que da para o closet todo bagunçado, mas percebo mais uma porta fechada e acabo sendo vencida pela curiosidade. Entro ali e vejo vários instrumentos, violão, guitarra, um saxofone, um lindo violino entre outros e vários equipamentos, caixas de som e fios pra todos os lados. As paredes parecem ser a prova de som, provavelmente isoladas.

Não resisto e passo a mão por cada um deles me sentindo encantada com a beleza desses instrumentos, já tinha amado o piano, gente ele vai ter que tocar pra mim, mais claro que não quero que ele saiba que estive aqui, ele tá sendo bom comigo, não quero que pense que sou mal agradecida, uma garota qualquer que fica bisbilhotando suas coisas.

Fico algum tempo naquele lugar, perdida nos encantos que encontrei ali. A contragosto volto para a faxina.

Algumas horas depois resolvo fazer algo pra comer, está quase na hora dele chegar e quero fazer algo pra ele. Resolvo fazer um strogonoff de frango com batata frita, arroz e salada.

Ele chega quando estou finalizando a batata. Ele entra no meu campo de visão e parece cansado, no entanto, assim que me vê abre um radiante sorrido, daquele sexy, de lado que ele costuma dar, sem perder a veracidade. Automaticamente os meus lábios de abrem em um genuíno sorriso, para ele e somente para ele. É incrível como confio nesse quase estranho e mais surpreendente é como minhas pernas amolecem ao vê-lo, principalmente quando sorri assim. É lindo.

Para com esses pensamentos agora Kiara!

- Humm que cheiro bom.

- Espera para sentir o gosto- sorrio e ele me ajuda a colocar a mesa, nos sentamos e começamos a comer.

- Gostou?- Pergunto curiosa.

- Isso está uma delícia- Ele diz de boca cheia e sorrio da cena- Onde aprendeu a cozinhar tão bem?

- Eu que cozinhava em casa, minha mãe morreu quando eu era pequena, pelo menos foi o que aquele homem falou, e sobrou para mim- sorrio meio triste ao me lembrar do meu passado.

- Meus pêsames. Ei.... Olha pra mim- ele levanta meu rosto- Desculpa, não quero que fique triste assim.

- Tudo bem, cozinhar era a melhor coisa naquele lugar, além dos livros e da música- Falo abaixando a cabeça novamente. Um silêncio desconfortável se instala.

- Minha mãe também morreu- ele quebra o silêncio me deixando surpresa pela revelação- Eu tinha 14 anos quando descobrimos o câncer e logo ela se foi, foi repentino e doloroso porque éramos muito próximos- Vejo o sofrimento em seus olhos- Eu e meu pai nunca nos demos muito bem, somos muito diferentes, já com ela, era bem diferente- Ele da um pequeno sorriso.

- Como ela era?- Pergunto, amando ouvi-lo falar de si, confiando em mim pra compartilhar sua dor. Queria ter essa coragem.

- Simplesmente incrível e linda- Ele sorri e responde- Ela possuía a voz mais linda que conheci. Em nossos momentos livres, minha mãe cantava e eu tocava, ela me ensinou a amar a música. Ainda não sei como ela foi se casar com meu pai, eles eram muito diferentes.

Percebo que ele fica tenso, seus olhos escurecem pela dor da perda e das lembranças compartilhadas. Ele amava muito a mãe, isso é visível.

- Então você toca? O que? Toca pra mim? - Me animo um pouco e tento mudar de assunto.

- Sim, alguns instrumentos- Ele sorri e vejo em seus olhos ele agradecido pela mudança de assunto- Outro dia quem sabe- Assinto, terminamos o jantar e lavamos a louça juntos.

- E seu pai? Como ele era?- Ele pergunta do nada e paraliso, olho em seus olhos e ele percebe, como se lesse meus pensamentos, murmura um desculpa e diz que posso contar quando me sentir confortável, da um beijo na minha mão e se afasta. Sinto-me mal com o distanciamento, mas ignoro essa sensação me arrependendo por ser tão covarde, a verdade é que não estou pronta.

- Isso é para você- Levo um susto com sua volta, achei que ele iria ficar chateado, mas aparece com alguns livros na mão. Olho para os livros e vejo a coleção de A seleção de Kiara kess, fico maravilhada- Não sei qual era seu gosto, mas... São para você.

- Obrigada- Pego encantada, estava louca para ler essa coleção.

O observo, admirada enquanto ele sorri e num instinto o abraço. Todas as partes do meu corpo se chocam com ele todo, sinto uma corrente elétrica passar pelo meu corpo e logo me afasto envergonhada- Obrigada, acho... qque vou dormir, bboa noite- Digo toda atrapalhada e saio quase correndo em direção ao meu quarto.

O que deu em mim para abraça-lo assim? E cara, não fiquei com medo nem nada, não me reconheci dessa vez. Escovo os dentes, coloco um pijaminha e me deito, lembrando-me dos braços e sorrisos de um certo rapaz.

Um Novo Amanhecer ( Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora