Capítulo 24

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Christopher

Minha cabeça volta sempre para o mesmo lindo sorriso, a mesma pele maravilhosa, a meiguice e timidez de Kiara. Mesmo no trabalho, precisando me concentrar nos problemas que temos aqui, minha mente vaga sem permissão até ela. Agora que me dei conta da profundidade dos meus sentimentos por essa menina, graças a Dona Luci, tenho ouvido meu coração gritar por ela, é algo louco eu sei, deveria estar totalmente concentrado nessa empresa e na nossa situação, mas é inevitável. Só consigo pensar em como fazer para tê-la comigo para o resto da vida, como enfrentar meu pai. Talvez se eu achar o responsável pela extorsão em nossa empresa eu não precisarei mais "devolvê-la" e poderei ajuda-la.

Me recordo de seu sorriso, sinceramente é o sorriso mais lindo que já vi, e só de lembrar dela naquela festa sinto coisas impossíveis de nomear, ela me leva ao estado de amor e excitação sem ter a menor ideia disso.

Hoje é segunda, passamos o dia de ontem juntos, em casa, depois do baile de sábado e de toda aquela situação com Luci, Kiara ficou um pouco abalada então ficamos assistindo, tocando e conversando. Mesmo com as noticias que Luci me mandou depois sobre seu estado. Ela estava realente bem.

Incrível que nunca passei um dia assim com uma mulher e gostei, estar ao lado dela, acariciando sua pele perfeita me leva a um grau extremo de satisfação, algo muito além do físico, que é o que eu sempre tive com a mulheres, com ela é emocional. E ao mesmo tempo nunca é o suficiente, preciso de mais dela, mais tempo, mais caricias, mais... sentimento. Acho que eu estou apaixonado. Não, essa palavra é fraca de mais para essa alegria em meu peito, essa sensação de felicidade que me envolve ao vê-la, isso é... Amor.

Sim, amor! Eu amo essa mulher. E meu pai vai me matar.

Passo as mãos no cabelo frustrado, um peso enorme recaí sobre os meus ombros. Preciso conversar com o meu pai sobre os meus sentimentos pela Kiara, o que irá gerar uma grande guerra. Preciso falar também sobre minhas descobertas e sei que isso o deixará sem chão. Vou ter que contar tudo a Kiara, sobre mim e minha "generosidade" em acolhê-la, sobre meus sentimentos, tudo. Não posso perde-la.

Mesmo com a cabeça rodeada de problemas e preocupações decido tentar me concentrar no trabalho. Sei que não gosto do que faço, mas essa empresa é a vida do meu pai, e patrimônio da família. Acabo me concentrando de mais e o tempo passa. Quando me dou conta já é noite e a maioria dos meus colegas já foram, nem percebi a hora passar, Kiara deve estar preocupada me esperando para o jantar.

Resolvo ir para casa, o escritório está em silêncio, o que é muito estranho, pois estou acostumado com o barulho do dia a dia, da movimentação das pessoas, mesmo que agora esteja diminuindo por conta das nossas perdas.

Passo pelo corredor que leva a maioria dos escritórios e vejo uma luz acesa em um deles. Me aproximo devagar, tomando cuidado para não fazer barulho ao ouvir uma voz. A luz é baixa, provavelmente somente o abajur está aceso, leio a placa de identificação que tem na porta com certa dificuldade: Dr. Everaldo M. Ross.

A voz vai ficando mais forte e audível conforme chego mais perto. O Everaldo, ou tio, como costumo chamar começou a trabalhar aqui dois anos depois que a empresa foi fundada. Ele é meu pai são colegas e amigos desde que ele foi contratado. Eu vinha com meu pai passar o dia aqui e ele brincava comigo. Eram tempos bons.

O que ele esta fazendo aqui tão tarde? Será que ele é o nosso traidor?

Passo a mão no cabelo frustrado, minha desconfiança vai me matar. Ele é da família. Mas ele ainda pode ser o traidor como qualquer um aqui. Perto da porta e em silêncio posso ouvir sua conversa, mesmo me sentindo mal continuo prestando atenção no que ele fala. Depois de alguns minutos não vejo nada de mais em sua conversa, um silencio se segue e resolvo sair quase me xingando, porém seu telefone toca novamente e ouço-o atender, seu tom é diferente e fico curioso.

- Alô!- silêncio- Claro, tudo conforme planejado, as retiradas continuam acontecendo, pare de se preocupar a toa, Richard não passa de um otário, que se acha muito esperto, mas é enganado a anos por nós. - Ouço uma risada sínica e silencio novamente, provavelmente a outra pessoa no telefone deve estar falando- Não se preocupe eles não desconfiam de nada, nunca desconfiaram de mim. Até a próxima.

Tio Everaldo então desliga o telefone, meu coração parece explodir, sinto-me tonto e enjoado. Ele é o traidor?

Saio dali as pressas para que ele não me descubra. Vou no modo automático para o carro.

Como assim? Tio Everaldo está nos traindo? Por quê?

Ele estudou com meu pai, frequenta nossa casa. É como da família. Meu pai pode ter todos os erros, porém para a empresa e seus funcionários ele da tudo de si. Trata a todos como parte da família e auxilia em tudo que é necessário.

Me sinto tão traído quanto meu pai e essa empresa pois o tio Everaldo sempre me ajudou, me entende quando se trata do trabalho e me ajuda nas questões difíceis para mim.

Chego em casa sem saber como, não lembro de nada do caminho e nem da subida. Estou em frente a minha porta e minha cabeça está para explodir, me sinto desnorteado como se alguém tivesse tirado algo de mim. Todos naquela empresa são da minha família, são tios que em algum momento me ajudaram. Sinto um aperto no peito e meus olhos começam a queimar. Entro dentro de casa e vejo Kiara olhando para mim assustada, mesa pronta, um cheiro delicioso, mas não tenho fome. Desmorono em sua frente, caio de joelhos no chão e ela vem até mim e me abraça, isso é tudo que preciso para desabar e choro em seus braços tentando tirar todo esse peso que sinto em cima de mim.

Um Novo Amanhecer ( Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora