Capítulo 7

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            Christopher

- Volte aqui Christopher! - Grita meu pai enquanto bato a porta. Pego meu carro e acelero em disparada para uma direção qualquer, igualando a velocidade do carro com as batidas do meu coração pela milésima discussão com meu pai.

Ele é extremamente difícil às vezes e nossa relação é meio turbulenta, como já falei antes, estava querendo, outra vez me controlar me chamando de moleque, pra criar responsabilidades, mas dou o melhor de mim naquela empresa e até estou ajudando ele com aquela garota, só que nada está bom pra ele, até parece que meus esforços são em vão, está sempre tudo errado. Bufo só de lembrar.

Recordo que estou dirigindo e começo prestar atenção na estrada, nem sei direito onde estou, então reduzo a velocidade, apesar de ser tarde da noite e a rua estar calma. Vejo o Queen e acho estranho estar por aqui, logo vejo Joe, o dono do restaurante, saindo. Alivio o carro, quase parando. Lembro-me de Kiara e quase sorrio, existe algo nela que chama a minha atenção, ela é diferente de todas as garotas que já conheci. E olha que já conheci muitas mesmo.

Não só porque tive que insistir muito para que ela finalmente saísse comigo, mas existe algo mais profundo. Quando ela me olha parece, real. Diferente das garotas fúteis que costumo conviver.

A pequena simpatia que sinto pela garota se dissipa no momento em que recordo-me do meu pai e dela se tratar de mais um motivo para ele puxar minha orelha e reviro os olhos instintivamente.

Num instante de distração olho para o lado e vejo Kiara entrando em uma rua, acho que vou oferecer uma carona, não parece muito seguro uma mulher andar sozinha uma hora dessas.

De qualquer forma, se algo acontecer com ela não teremos dinheiro, ai sim não tem quem vai suportar o meu pai, bem capaz de ele me culpar.

Engato a macha e dou seta para virar porque estou parado no meio da rua. No momento que faço a conversão percebo dois homens seguirem rapidamente pelo caminho que Kiara acabou de ir. Sinto uma sensação estranha e acelero o carro.

Quando entro na rua estreita, vejo um homem daqueles agarrando Kiara, sinto uma fúria enorme, saio do carro e grito seu nome no mesmo instante em que a vejo cair, sinto uma raiva explodir dentro das minhas veias e perco o resto de controle que existe em mim, corro em direção á eles.

Dou um soco no maior, que esta segurando ela, ele cambaleia pra trás, porém não a solta o outro vem pra cima de mim e com um golpe certeiro acerto sua garganta, ele cai sem quase conseguir respirar, pelo visto a academia e as aulas de auto defesa adiantaram pra algo.

Enquanto o maior deixa Kiara no chão pra socorrer seu amigo pego ela no colo e corro para meu carro.

Ela está tremendo muito, tão pequena e indefesa que sinto uma necessidade enorme de protegê-la, algo toma conta de mim quando a coloco no banco de trás do meu carro e não resisto, passo as mãos em seu rosto e ela parece se tranquilizar por um segundo. Fecho a porta, entro no carro e dou a partida quase atropelando os caras que estão agora de pé, o cara que bati, o menor tatuado, está escorado na parede de um dos prédios e o mais alto me olha com raiva antes de sair da frente do carro. Vou em direção ao hospital mais próximo.

Ao chegar ao hospital com ela nos braços logo somos atendidos, tiram ela de perto de mim, com muita relutância da minha parte, a levam para um quarto e depois do que parece uma eternidade aparece uma mulher para falar comigo.

- Olá sou a Dra. Malena, o senhor é algo da paciente?- A mulher alta, de cabelos castanhos e olhos verdes me pergunta, ela parece ter seus 40 anos. Me cumprimenta com uma fisionomia preocupada, o que me deixa nervoso.

- Sou.... sou.... - Gaguejo sem saber direito o que falar, ela me analisa enquanto tento formar uma resposta - Namorado.... ou.... quase isso- Minto descaradamente.

- Certo, nós a sedamos, pois ela estava tento um ataque extremo de pânico que causou o desmaio, mas logo que ela acordar ficará bem- Me sinto aliviado por um momento e então vejo a expressão da doutora.

- O que foi? - Pergunto preocupado.

- Bem.....- Ela me olha seria- O senhor poderia me acompanhar?- Aceno em aprovação e a sigo por alguns corredores até que paramos em frente a uma porta e ela volta a falar.

- Como já falei, nós a sedamos, e nesse processo vimos... como dizer... umas marcas... deixe eu te mostrar.- Ela abre a porta e vejo que Kiara está dormindo tranquilamente, ela se aproxima e tira o lençol que está por cima de Kiara levantando a manga de sua blusa, vejo seu pulso marcado com pequenas manchas como se fossem cicatrizes, parece que esteve presa por cordas muito apertadas, fico aterrorizado- O senhor não sabe nada a respeito?

- Não!- respondo perplexo enquanto a doutora levanta a blusa da Kiara até quase a altura dos seios e vejo uma bela barriga definida salpicada de cicatrizes e as costas também, algumas quase invisíveis já outras bem fáceis de ver, grandes e pequenas, e até com formatos retangulares- Como isso...?

- Há algumas bem antigas e outras um pouco atuais, arrisco a dizer alguns meses. Creio que essa menina apanhou por um longo período- Ela me diz séria e fico furioso só de pensar em alguém tão frágil sendo espancada por um covarde.

Algo estranho surge dentro de mim, não sei ao certo o que é mas tenho certeza de uma coisa, vou proteger essa garota tão forte porém frágil custe o que custar, sinto uma determinação e um outro sentimento que não sei descrever. 

Um Novo Amanhecer ( Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora