Capítulo 13

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Christopher

Fico um tempo olhando para a porta que ela saiu, sentindo a sensação de seus pequenos braços e sorrio como um bobo. Sinceramente não estou me reconhecendo, mas essa garota é diferente, tem um olhar triste, vejo a dor em seus olhos castanhos, dor que é incapaz de encobrir o brilho que existe ali, isso me fascina. E aquele sorriso? Acho que foi a primeira vez que a vejo sorrir verdadeiramente e cara, que sorrio lindo, acho que perdi o fôlego por uns instantes, além do mais, quanta alegria por causa de uns livros, se bem que gosto não se discute.

Você deve pensar seu pai é um advogado tradicional, você também, menos a parte do tradiconal, e também deve gostar de ler, engano seu, eu não gosto e gosto menos ainda de estar enfurnado naquele escritório, mas fazer o que, eu não tenho muita escolha.

Depois de certo tempo faço um café e vou para o meu quarto, olho para minha sala de música à prova de som, meu refúgio, onde passo a maior parte do meu tempo e me escondo do mundo e do caos que se tornou minha família. Tenho o costume de ficar ali até cansar, tocando meus instrumentos e me esquecendo das dificuldades. Ao invés de ir pra lá como normalmente faço, sento na minha cama e bebo o resto do meu café pensando em uma certa pessoa e sua alegria misturada com uma tristeza, uma dor. De repente ouço gritos, meu coração vai a mil, pulo da cama e corro pelo corredor, os gritos estão vindo do quarto da Kiara e me desespero.

Corro até lá e abro a porta com toda minha força, pronto para qualquer coisa que pudesse estar acontecendo e fazendo-a gritar assim, menos o que vi. Ela estava em cima da cama encolhida como um feto, mas chorava tão alto e desesperadoramente que fiquei paralisado por alguns segundos. Me aproximei da cama lentamente, deitei ao seu lado meio atordoado e com medo de sua reação.

-Kiara!- A abraço e chamo manso em seu ouvido para não assusta-la - Minha doce Kiara, acorde... Olhe para mim... Estou aqui- Falo meio incerto e a vejo abrir os olhos e meu coração aperta, estão vermelhos e cheios de medo.

- Christopher... Chris...- volta a chorar.

- Shiii... Eu estou aqui...- A abraço forte e ela encosta sua cabeça em meu peito e chora, sinto algo estranho dentro de mim, mas gostei de tê-la em meus braços.

-Foi ele Chris- Ela soluça- Estava me machucando de novo.

- Quem Ki?- pergunto um pouco curioso, devo admitir. Ela levanta sua cabeça e olha dentro dos meus olhos.

- Meu pai- e chora se escondendo em meus braços novamente. Sinto dor e raiva por ela, como alguém pode machucar uma pessoa como ela? Ainda mais o próprio pai? Quem mais confiamos. Sei que tenho uma relação muito ruim com meu pai, porém ele nunca levantou a mão para mim, sempre cuidou para que tivéssemos a melhor educação, isso é um absurdo!

Ele deve ser o culpado das cicatrizes, isso é a única coisa que explica todo o medo que vi em seu belo rosto.

Ali, com ela se acalmando e adormecendo em meus braços a raiva vai diminuindo e só consigo pensar em como essa garota é linda, não havia reparado antes. ela tem cabelos bem pretos, que em contraste com sua pele branca chamam atenção, dona de lindos olhos âmbar e um sorrio magnífico, um corpo proporcional. Vendo assim tão calma e serena em seu sono fico encantado e a abraço mais forte ainda. A observo dormir até cansar, vou fechando lentamente meus olhos me rendendo ao sono ao lado dessa frágil e machucada, porém linda mulher, e me sinto vivo como nunca antes.

Um Novo Amanhecer ( Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora