Capítulo 2

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          Christopher

- Alô? Conheci ela hoje, parece meio atrapalhada e perdida, também meio esquiva vai precisar de um pouco mais de esforço que eu imaginei, mas conseguirei o que me pediu ok?

- Ótimos, estamos dependendo de você- reviro os olhos ao ouvir isso e desligo o telefone na cara do meu pai sem me importar. Fui obrigado a atuar com aquela moça não preciso ser educado e nem fingir com ele.

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Kiara

Estou na minha cama, sinto uma mão no meu ombro, deslizando vagarosamente até meu braço, em seguida pulso e me agarra segurando com força, machucando. Arregalo os olhos desesperada para entender o que está acontecendo, porém tudo é um breu total.

Me desespero e tento gritar, mas sua mão cobra a minha boca enquanto a outra desce pela lateral do meu corpo explorando tudo que deseja com liberdade.Tento me desvencilhar do aperto esmagador de todas as formas possíveis, porém não tenho forçar suficiente para me livrar. Ouço sua risada ecoando em meus ouvidos, ele gargalha com minha agonia, como fez muitas vezes antes.

Já é tarde, não tenho mais o que fazer. Uma sensação esmagadora de nojo, raiva e desespero tomam meu ser. Eu sei exatamente o que vem agora.

- Aaahhhhh!- Acordo num pulo, assustada, chorando, como todas às vezes e ainda encharcada de suor.

Me acalmo, então levanto e vou até a cozinha tomar algo. Meu apartamento é pequeno, tem apenas três cômodos: quarto, banheiro e cozinha. Na cozinha tem apenas meu fogão, geladeira velha, um balcão azul no canto pra guardar minhas comidas e algumas poucas louças que tenho, possui também uma pequena bancada que serve como mesa, localizada no outro canto da cozinha.

Assim que tomo água, volto pro meu quarto, aqui tenho minha cama, meu guarda-roupa, um som ao lado da minha pequena TV e uma penteadeira velha com um espelho médio que já foi muito bonita por ser de madeira pura e toda trabalhada, mas agora está amarelada pelo tempo, ganhei ela da vizinha há algum tempo atrás.

Decido tomar um banho. Meu banheiro é o menor cômodo da casa e sua mobília está gasta pelo tempo. Todos os cômodos tem as paredes rachadas em certos pontos e tinta descascada, fora alguns lugares mofados, apesar disso, é aconchegante e barato, não é um lugar ruim de viver só é preciso se acostumar.

Abro o chuveiro para relaxar e de certa forma tentar mandar os resquícios do pesadelo ralo a baixo juntamente com o suor. Isso já é uma rotina, pesadelo, me acalmar e tomar banho por sempre acordar suada.

Saio do chuveiro e me seco. Ligo meu som, os primeiros acordes da música Amianto do Super Combo chegam aos meus ouvidos, é meio melancólico, ainda assim gosto muito. Em seguida vou até meu guarda roupas e pego uma roupa bem confortável, um shorts cinza soltinho e uma blusa preta mais compridinha.

Vou até a cozinha e preparo um café da manhã, que na verdade é almoço, já que acordo muito tarde. Faço um sanduíche com queijo e presunto enquanto a letra da música ataca minhas feridas e me arrasa, ao mesmo tempo em que me reconstrói.

E a morte é como pai que bate na mãe
e rouba os filhos do prazer de brincar
Como se não houvesse amanhã

Muito apropriado.

Faço tudo ouvindo música, ela me faz viajar um pouco, me esquecendo de mim e de como vivo com medo do meu passado, me perco em cada nota. A música é capaz de chegar tão fundo na alma das pessoas onde ninguém e nem nada mais pode, ela tem poder pra reerguer alguém e ao mesmo tempo destruí-la levando ela ao fundo do poço sendo isso que a torna mais bela para mim.

Essa música mesmo, me remete dias dolorosos, ao mesmo tempo que trás a tona o desejo de continuar, de resistir a dureza da vida e reconstruir os cacos que outras pessoas quebraram dentro de mim.

Deixo os pensamentos ruins de lado e termino meu café/almoço, prendo meu cabelo em um rabo de cavalo alto e coloco uma música mais agitada para limpar a casa, que apesar de pequena dá um trabalho danado.

Um Novo Amanhecer ( Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora