16 - Memórias Venenosas e Um Destino Caótico.|Dezembro, 2014

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N/a:Nesse capítulo existe o que chamamos de plot twist ou ponto de virada. Onde uma reviravolta acontece. Uma nova fase da fanfic irá ser inciada e esse capítulo é a ponte de tudo.
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Dezembro - 2014

"Uma série de ações do tempo compactuam para que uma boa alma se torne a mais obscura delas".

A neve acertava o topo de sua cabeça, e mesmo com o sobretudo agora cobrindo parte de seu corpo, o frio agredia a cubana de olhos castanhos, mas nada importava, ou melhor, ela estava cegada pelas lembranças, pelos flashes.

A melodia, a leveza presente nos toques do piano, o rosto pálido antes tão juvenil e agora tão maduro. Tudo parecia tão estupidamente famíliar, mesmo após anos e anos passados.

Parou o andar vacilante em cima dos saltos e apoiou-se no poste mais próximo, finalmente deixando que o soluço entalado em sua garganta saísse, forte. As lágrimas borravam sua maquiagem bem feita, mas nada importava, nada doía tanto quando a dor em ter sido a culpada, aquilo chicoteava seu corpo em um castigo cruel, qual ela não era capaz de suportar.

Colocou a mão na boca, abafando o choro, vendo as pessoas a sua volta lhe dirigirem um olhar curioso, penoso. Era humilhante chorar em frente as pessoas, era humilhante receber os olhares de pena. Mas em seu caso, era ainda mais vergonhoso saber que havia deixado uma pessoa maravilhosa e tão pura escapar por seus dedos, por culpa de um egoísmo estúpido.

- Camila! - Escutou Dinah gritar ao longe, olhou para trás, vendo a loira correr afoita em sua direção acompanhada por Normani, os olhos negros transmitiam confusão e preocupação perante o recente ato.

Voltou seu olhar novamente para frente e viu ao longe um taxi se aproximar, acenou freneticamente com a visão embassada e o peito ofegante, sendo envenado pelas lembranças.

Malditas lembranças.

A viagem dentro do carro se arrastou, e o olhar curioso do taxista a todo momento pelo retrovisor estava tirando sua paciência.

Seu estado devia estar deplorável.

E ela teve certeza disso, quando olhou-se no espelho do banheiro, os olhos estavam manchados pelo rímel, o rosto avermelhado pelo frio, e seus olhos, opacos, frios, ela sentia a Camila amargurada de seis anos anos atrás voltar com força. Ela sentia como se tivesse voltado novamente a dois mil e dez, porque a dor era semelhante, ou até pior.

Abriu o vestido com certa dificuldade perante as mãos trêmulas pelo nervosismo. Seu coração estava disparado, e ela sabia que era por ter visto Lauren, mesmo após seis anos, a pianista conseguira mexer com seu psicológico, fazendo-a duvidar-se de si mesma.

Havia de fato enterrado o amor intenso que sentia pela cubana de olhos verdes?

Assim que sentiu a água acertar seu corpo frio pelo ar gelado presente nas ruas Suíças, encostou a cabeça na parede, pensativa, dopada.

Todos os seus músculos e hormônios foram afetados quando viu Lauren entrar no palco. E o andar estava confiante, ela via nos olhos verdes que a garota tímida e com baixa autoestima havia magicamente se tornado uma mulher atraente, confiante e muito talentosa.

Magicamente - Pensou com sarcasmo.

Ela não havia mudado magicamente, o problema era que Camila não esteva lá para presenciar essas mudanças, assim como não esteve lá, para ver a pianista conseguindo dar seus primeiros passos no mundo da música clássica, assim como Lauren não esteve lá, quando abriu sua galeria, quando vendeu os primeiros quadros.

Havana •Camren•Onde histórias criam vida. Descubra agora