Março - 2017.
"Por mais que você queira, não pode mudar o outro, ou fazer alguma mágica. Coisas, desastres e turbulências acontecem.
Pesadelos assombram, peitos são dilacerados, páginas são amassadas e jogadas no lixo. E nós, estamos aqui de passagem, como um barquinho de papel esperando que a água que o sustenta hoje, seja amanhã, o motivo de sua ruína. E por mais que você queira, não pode livrar o outro da decadência, da queda.
A morte é a nossa maior derrota, e todos nós estamos prometidos a ela."
O dia arrastou-se num andar lento, com o peso das palavras de Lauren queimando em seu peito.
Agora presa no trânsito caótico da grande Nova Iorque. Tinha um cigarro nos lábios e no retrovisor do grandioso carro de luxo, era refletido toda a tediosidade presente em sua expressão. Sentia-se sozinha, consumida por uma avalanche de sentimentos supérfluos, que eram preenchidos todos os dias por sorrisos falsos mascarados com arrogância e um olhar cansado delineado por uma maquiagem forte. Os maços de cigarro fumados por dia já não eram mais um peso na consciência. Eram um falso alívio, uma calmaria instantânea que sumia minutos depois, deixando para trás novamente o vazio covarde que agredia seu peito todo santo dia.
Pensou estar em uma crise existencial gigantesca, mas no fundo sabia que estava muito próxima de afogar-se numa depressão profunda, faltava pouco.
Ou talvez nada.
Parou o carro no acostamento e deu um trago generoso na nicotina, retirou-se do automóvel e subiu na calçada, onde encostou-se na grade que separava a pista da vista grandiosa a sua frente, que eram compostas por uma pista abaixo do viaduto, prédios, e um céu alaranjado pelo por do sol.
Engoliu em seco e apanhou o papel amassado cheio de remendas do bolso. A carta que havia feito em pedaços, estava agora "intacta" onde no auge de seu arrependimento, resgatou as palavras do lixo.
De uma forma louca e irracional, conseguia sentir a força de cada frase, a letra não havia mudado tanto, estava mais caprichosa. Sem pensar muito, soltou um singelo e rápido sorriso que logo fez questão de mascarar com o cigarro nos lábios. A milésima e incontável tragada daquele dia.
Ao longe encontrou uma senhora vendendo flores e a nostalgia daquele dia chuvoso em Havana veio a tona, por alguns segundos imaginou-se num universo pararelo, onde via duas garotas adolescentes andando pela chuva.
Ela e Lauren.
- Myosotis?
- Sim. - Concordou Camila levando a pequena flor até o nariz. - Ou.. Não-Me-Esqueças. - Esticou a flor para Lauren, que parou o andar. Surpresa pelo ato.
Camila automaticamente encerrou a caminhada, parando frente a frente com a garota de olhos esmeraldas.
- Não me esqueças, Lauren Jauregui. - Tragou o cigarro enquanto dizia em baixo som o que fora dito a anos atrás. - Porque eu jamais esquecerei de você, em hipótese alguma. Mesmo que eu esteja fodida e implorando de joelhos para curar-me de você, eu jamais irei esquece-la.
Soprou a fumaça pelos lábios, sentindo a vontade imensa de chorar atingir seu íntimo. A dor voltava a ser insuportável, junto da vontade imensa em ter pra si uma garrafa do whisky mais forte.
As lágrimas deixaram seu rastro pela pele avermelhada, junto de um gosto qual não sabia mais definir. Chorava pelo pai, chorava pelo fracasso, chorava por Lauren.
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Havana •Camren•
Fanfic"Ah o destino.. Aquele que te abre portas, Aquele convida-te para um chá, Aquele que conquista sua confiança E de forma cruel apunhala-te pelas costas. Sorri com seu sofrimento. Saboreia das tuas lágrimas. Ah, meu caro Destino. Por que tão cruel...