21 - Gratidão e nada mais |Dezembro, 2014

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É preciso amar as pessoas e usar as coisas e não, amar as coisas e usar as pessoas. - Cecília Meireles.



Pousara em Nova Iorque as pressas e seu peito ofegava enqunto os saltos chocavam-se no chão do aeroporto frenéticos. Era meio dia e vespera de ano novo.

Deixar Havana as pressas com uma passagem de vôo antecipada havia sido de fato uma completa loucura. Mas ela precisava fugir da presença de Lauren, e principalmente arrancar de vez aquela culpa ardente que queimava em seu peito.

Caminhou para fora do aeroporto, onde um carro preto com um motorista a esperava.

Por que sempre tão atencioso Pepe? - Praguejou mentalmente, observando o motorista abrir a porta traseira do carro luxuoso.

- Boa noite. Srta. Cabello. - O homem alto desejou e Camila sorriu simpática, por mais que seus olhos castanhos estivessem opacos.

Ela presava por educação, que tratassem as pessoas bem, e isso não havia mudado. Esse era um único mísero rastro da antiga Camila.

Um rastro que também sumia aos poucos.

Os flocos de neve pousavam gentilmente na calçada enquanto o carro percorria pelo asfalto esbranquiçado. O anel simples e bonito de noivado em seu dedo brilhava em conjunto com as pequenas pedras preciosas, mas ela não conseguia sentir calor algum em seus olhos ao encara-los.

Ela não sentia nada.

E não era justo casar-se com o homem apenas porque sua companhia era legal, o sexo era ótimo e o principal: a tratava com carinho, atenção. Mesmo sendo um homem focado e ocupado com seus probelmas em gerenciar um negócio próprio. Giuseppe era perfeito, talvez tão perfeito quanto Lauren, mas ainda sim, aquilo não era o suficiente. Ninguém nunca seria tão suficiente quanto a mulher de olhos verdes. Porque Camila precisava de alguém que a fizessem transbordar. E esse alguém não era um CEO engravatado e sorridente, que sujava seu pijama com pasta de dentes e que possuía dentro de si um humor invejável junto a uma paciência irritantemente singular.

Conhecê-lo foi uma das maiores dádivas que ja recebera em sua vida. Era impossível ignorar o bem que o mesmo fazia em sua vida. Sem ele, nada do que conquistou nos últimos anos com tanta rapidez poderia ser cogitado. E ela reconhecia aquela verdade. Uma verdade que a chantageava dia e noite, obrigando-a engolir garganta abaixo um relacionamento onde apenas um amava.

E esse alguém de fato não era ela.

Camila bem lá no fundo sabia que estava com ele apenas por gratidão e por se sentir no dever de não quebra-lo por completo. Mas aquilo precisava acabar. Ela não podia continuar com alguém apenas por gratidão e pela segurança que o mesma a fazia sentir.

De fato, Giuseppe a protegia de todo o seu caos interno, mesmo em meio a papeladas e a rigidez que uma vida pública exigia, ele sempre a protegeu de seus demônios, ele sempre esteve lá para acolhe-la.

- Não posso seguir. Eu não consigo seguir sem ele - Soluçou deitada no chão frio.

- Você precisa. - O homem sussurrou baixo enquanto abraçava o corpo menor, pegando-a no colo de forma delicada. - É necessário seguir em frente.

Naquele dia em específico chovia, e era o exato dia em que a morte de Alejandro completava um ano.

Ter Giuseppe perto de si era de fato uma das justificativas que não a deixavam desmonorar por completo.

- Você é uma mulher forte Camila. - Escutou o mesmo dizer enquanto a colocava na cama. - Ele não quer presenciar sua tristeza e tão menos eu.

Havana •Camren•Onde histórias criam vida. Descubra agora