Curiosidade:
A fertilização in vitro (FIV) é uma técnica de reprodução medicamente assistida que consiste na colocação, em ambiente laboratorial, (in vitro), de um número significativo de espermatozóides, 50 a 100 mil, ao redor de cada ovócito II, procurando obter pré-embriões de boa qualidade que serão transferidos, posteriormente, para a cavidade uterina.
________________Meu ventre no seu, minha alma na sua - Camila Cabello.
O dia nublado e silencioso combinavam com a dor presente no peito de todos presente naquela cerimônia tão cruel e traumática.
Escutava ao lado Sinuhe chorar de forma silenciosa, enquanto dedilhava de forma lenta e nostálgica a madeira escura do caixão qual sua filha mais velha se encontrava.
Era doloroso escutar o homem religioso ao fundo proclamando palavras religiosas recheadas de sentimentos e salvação. Era pertubador usufruir de uma dor tão intensa qual sabia que jamais se veria livre.
E de fato, assistindo a toda aquela cena, percebeu que o cemitério assim como o funeral não eram feitos para os mortos, e sim para os vivos. Eram feitos para o arrependimento, para a dor, para proferir palavras qual não pode ou por covardia não fora proferida em vida.
As flores, a pedra em forma de lápide, a grama verde e bem cuidada, e até o choro. Tudo aquilo cheirava a um egoísmo sutil e inocente, onde o objetivo mais uma vez era sustentar a vaidade não dos mortos, mas sim dos vivos.
Flash-back on - Alguns meses atrás.
As paredes brancas inundavam a clínica e com o papel em mãos, sentia o nervosismo e a loucura tomarem posse de seu corpo bronzeado.
O sentimento de estar fazendo algo tão imprudente era avassalador, mas nada daquilo superava ou derrotava o nervosismo de estar literalmente se doando de corpo e alma a alguém.
De estar doando uma mínima parte de si para o ventre de outro alguém.
- Lauren - Uma loira parou ao lado da cubana de cabelos negros. Tinha os olhos escuros avermelhados pela tristeza, enquanto segurava em mãos um envelope.
A Jauregui tirou os olhos do padre qual recitava suas palavras de conforto a todos presente naquele dia tão doloroso e cruel, para fitar a mulher desconhecida.
- Não tivemos chances de nos conhecermos, me chamo Dinah, eu sou- ou melhor,eu era a melhor amiga de Camila.
A Jauregui continuou a fita-la, mas seus olhos verdes não eram capazes de expressar sentimento algum. Era como se uma quantidade enorme de anestésico estivesse presente em suas veias, destruindo qualquer capacidade de sentir ou reagiar a algo.
- Camila parou em casa algumas horas antes do ocorrido. - Esticou o envelope - Pediu para que eu lhe entregasse isso.
A compositora engoliu o bolo na garganta e encarou o papel com intensidade, enquanto em sua mente, tentava inutilmente adivinhar o que lhe fora escrito.
- Ela me disse que era muito importante. Eu pensei em abrir, mas não seria justo e eu sou fiel a palavra dela. - Continuou Dinah com cautela, levando um tom doce no timbre de sua voz.
A Jauregui apanhou o pedaço de papel e se afastou da advogada sem agredecer, silenciosa, seguiu seu próprio caminho entre as árvores presentes no cemitério, enquanto as palavras escritas no papel lhe baqueavam pela milesiva vez naquele dia.
- Camila Cabello - Escutou a voz máscula ecoar pelo corredor, mirou os olhos castanhos no homem de jaleco e tratou de seguir a figura desconhecida até sua sala.
O aquecedor ligado a fez suspirar ao sentar na cadeira, enquanto os pingos da chuva escorregavam pela grande janela de vidro do escritório particular.
- Trouxe os exames? - O homem de cabelos brancos perguntou enquanto colocava os óculos de grau no rosto enrugado pela velhice e experiência.
A artista plástica tratou de entrega-los ao especialista, que logo passou os olhos pelo papel cheio de letras miúdas.
- Muito bem. Os exames estão incríveis. Seu sistema reprodutor está ótimo. Parabéns - sorriu.
Camila retribuiu o sorriso por cordialidade, mesmo que em seu interior soubesse da falsidade presente em tal ato.
- Poderemos fazer a doação com segurança. Fará muitas famílias felizes - Completou o homem de forma sincera.
Camila engoliu em seco e coçou a garganta, incomodada.
- Não pretendo doa-los, quero congelar e deixa-los no nome de uma única pessoa para quando ela sentir vontade de ser mãe. - Disparou de uma vez só.
O médico especialista em fertilização assistida tirou os óculos, enquanto pendia sua expressão para a surpresa e confusão
- É um processo burocrático, precisará de advogados, documentos.
- Eu compreendo, sei de todos os empecilhos, estou ciente de minha escolha Doutor. Quero deixa-los de forma legal sobre a responsabilidade de uma única pessoa.
Os olhos esverdeados sentiam o marejar cada vez mais intensos, enquanto a insanidade lhe atacava pelas costas por uma segunda vez, sem avisos, após ler a última frase.
- Porra Camila. Não - Negou energética enquanto sentia o peito sufocar pelo nervoso.
Dinah observado a recente agitação da mucisista, aproximou-se por uma segunda vez. Com cuidado, apalpou o ombro da mulher coberto por um casaco negro.
- O que está escrito? - Perguntou com cautela.
A Jauregui se afastou do aperto e virou de frente para a Californiana, enquanto os olhos verdes eram aos poucos tomados por uma chama de ira e revolta.
- Quero que cuida e crie o melhor de mim. - Começou a ler a carta em tom de deboche, enquanto as lagrimas agressivas rasgavam seu rosto avermelhado com fervor. - Sei que nunca entenderá meus motivos, e que provavelmente nunca me perdoará por tal decisão. Mas sempre tive vontade de ser mãe, e eles seriam incríveis com os seus olhos e sob os seus cuidados. Pensavamos numa família quando ainda jovens. Cachorros, crianças, tintas pelas paredes. - Gaguejou, deixando que a voz rouca perdesse o controle - V-você será a melhor mãe do mundo. Meu ventre no seu, minha alma na sua. Assinado, Camila Cabello.
Dinah, ainda sem entender, tomou a série de papeis das mãos da Jauregui e constatou de forma clara o motivo do desespero da mulher pálida.
- Ela... Ela.. - A loira guaguejou enquanto observava os papéis recheados de exames e arquivo de procedimentos numa clinica de fertilização.
- Sim Dinah. Camila quer que eu seja mãe de um filho dela. - A Jauregui completou agressiva, cuspindo as palavras que estavam naquele momento recheadas de dor e ódio.
Ah.. O destino.
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N/a: Camila e suas caixinhas de surpresa. Vejo vocês no último capítulo. Ansiosos?
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Havana •Camren•
Fanfiction"Ah o destino.. Aquele que te abre portas, Aquele convida-te para um chá, Aquele que conquista sua confiança E de forma cruel apunhala-te pelas costas. Sorri com seu sofrimento. Saboreia das tuas lágrimas. Ah, meu caro Destino. Por que tão cruel...