Capítulo: 044

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Choveu por uma hora e meia. Já estava acostumada com as chuvas no fim das tardes.

Fiquei sentada na calçada, tomando chuva e observando algumas crianças se jogarem em poças de água no meio da rua.

Era uma chuva perfeita pra um banho de chuva. Minha mãe sempre proibia eu e o Thi de sairmos de casa debaixo de chuva. Ela dizia que podíamos morrer.

Depois busquei as crianças na creche.

Dessa vez eu entrei e busquei os dois lá dentro. Todos os pais me olhando, olhando pra louca toda molhada no meio de um monte de crianças.

Voltamos pra casa a pé, sentindo algumas gotículas de água na pele.

Os dois adoraram, ficaram pulando e gritando por todo o caminho até em casa.

Depois, quando chegamos, perguntei se eles queriam ficar sentados na calçada comigo.

A resposta foi um sonoro "sim, mamãe!"

Fiquei sentada enquanto os dois se enturmavam com as crianças dos vizinhos.

Foi uma noite calma e quente. Meu cabelo ainda estava encharcado, minha taça de vinho equilibrada em uma pedra na calçada.

Às vezes eu me esqueço de contar à vocês sobre nossos vizinhos.

Tinha uma mulher que tinha sete filhos homens. SETE!

Quase toda noite eles jogavam bola na rua. Era muito engraçado ver ela tomar conta de sete meninos sedentos por atenção.

De vez em quando ela conversava comigo. Me disse uma vez que o pai dos meninos largou a família depois do último bebê nascer.

Detalhe: Ela teve os quatro primeiros de uma vez só. Sim, foram quadrigemeos idênticos.

Eu fiquei chocada quando vi os quatro meninos juntos. Me lembro de falar ao Austin:

- Puta que pariu, você tem noção de que isso é raríssimo, Austin? Olha, olha, têm a mesma cara!

E ele responder:

- Cara, imagina você conhecer três pessoas que são a sua cara. Deve confundir muito.

Depois ela adotou outro e os dois últimos foram gerados artificialmente.

Eu perguntei à ela porquê tanto filho, e ela me respondeu que sempre quis ter uma família grande.

E naquela noite eles estavam jogando futebol. Ou melhor, chutando a bola pro alto.

Tinha hora que eu me confundia enquanto assistir de camarote eles jogarem.

Eu ficava: ", mas aquele ali já não chutou?"

Aí eu me lembrava.

- James, Jonh, Jesper, Jonathan, Jean, Jeffrey e o Michael. -Essa era eu tentando lembrar o nome de todos.

O Michael era o adotado, só pra constar.

Tinha também a Sra. Ramirez, uma senhorinha de uns 70 anos que adorava as crianças.

Ela fazia cada bolo delicioso, meu Deus! Às vezes ia lá em casa só pra dar um pedaço de bolo pro Math e pra Mel.

Ela dizia que toda criança do mundo tem que comer bolo toda semana.

Depois de um tempo ela passou à dar bolo pra mim e pro Austin também.

- Noite bonita, né?

- Muito.

O Casal Encrenca: 2ª Temp.Onde histórias criam vida. Descubra agora