Leiam com calma, boa leitura!
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O balançar do carro na estrada dava enjoo em Jimin, e não só pela experiência de ter morrido por alguns minutos, mas, pela ansiedade do que vinha a seguir. Mark, o homem contratado para se infiltrar na equipe de segurança da DADDY.COM, dirigia em uma velocidade absurda, sem se importar com todas as possíveis multas.
A ordem era chegar o mais rápido possível na casa de veraneio.
As mãos antes amarradas, já não formigavam mais, na verdade soavam frio e tremiam. Era quase impossível controlar a reação do corpo ao extremo sentimentalismo da angústia amarga emaranhada ao doce da esperança, ambas descendo garganta abaixo.
O silêncio foi tomando distância à medida em que adentravam na cidade. Tudo o que corria depressa em Los Angeles parecia que poderia esperar naquele momento, e essa diferente percepção de tempo deixava Jimin ainda mais ansioso, olhando incessantemente o telefone enquanto trocava com dificuldade a roupa molhada de outrora.
Não tinha nenhuma notificação ali.
Mas mesmo após passar pela turbulência mecânica dos motores a todo fervor, as borboletas de seu estômago se mantinham bagunçadas entre si. As lembranças eram como cordas de shibari, prendendo-as ainda mais na memória, porém, de um jeito doloroso de conviver.
Lidar com tudo o que viu era tão tenebroso quanto lidar com o que não viu. Todas aquelas pessoas, suas histórias, dores, vícios, necessidades. Tudo estava banhado em medo e abandono, recolhido em um falso sopro de vida e liberdade. O quanto vale a inocência das crianças pelo dinheiro cuspido em gozo e pecado?
O quanto valia a dor de um homem machucado pela vida e julgado pela sociedade? Jimin tinha medo de tudo o que Jungkook passou, de tudo o que lhe doeu, e do tanto que precisou passar para chegar até ali. Até o momento em que a dor era latente demais, que nem mesmo a submissão social foi capaz de segurar o incômodo do seu peito, que implorava por amor.
E respeito.
Quando falamos de uma indústria de conteúdos adultos, a luxúria do prazer e da liberdade tendem a preencher nossos olhos como um belo véu de seda. Assim, talvez as pessoas não vejam que enquanto o lindo espetáculo acontece, tem alguém por trás da cortina sofrendo com a violência e opressão de ser quem é, da necessidade da carne e do espírito.
Não estamos falando de quantos likes você recebe, ou de quanto dinheiro você tem. Estamos falando de uma sociedade que fecha os olhos para o machismo, racismo, homofobia, violências sociais e intangíveis. Que alimenta o ódio e rivalidade, destrói o que mais há de belo, e debocha daqueles que tentam sair da bolha da sua camada social reprimida.
Todo esse turbilhão de percepções fazia Jimin ter ainda mais arrependimentos. Dói perceber que aqueles que constroem a realidade dos que podem pagar, não usufruem do que construiu, porque o poder das altas classes mantém debaixo dos seus pés o proletariado com falsa garantia de trabalho. A disparidade disfarçada de governo.
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GAROTO DA VITRINE • jikook
Fanfic「CONCLUÍDA」🎬 Livro físico em breve! Park Jimin estava no auge de sua faculdade, iniciando uma carreira de sucesso na empresa de seu pai, o Grupo Hwalyeo. Apesar de sempre se manter focado em fazer o negócio da família movimentar gerações, acaba cai...